Um novo passo para o tratamento de pessoas que sofrem com enxaqueca foi dado nessa quinta-feira (17), com a aprovação nos Estados Unidos do primeiro medicamento destinado a prevenir a forma mais grave dessas dores de cabeça. A confirmação é da própria agência regulatória FDA (Food and Drug Administration). Fabricada pela Amgen e pela Novartis, a Aimovig (erenumab-aooe) é aplicada em uma injeção mensal com um dispositivo semelhante a uma caneta de insulina.
Nos EUA, o preço aprovado é de US$ 6.900 por ano (cerca de R$ 25,5 mil). De acordo com a Amgem, o medicamento estará disponível para os pacientes dentro de uma semana. No entanto, não há ainda previsão de aprovação no Brasil.
A droga, que deve ser usada apenas por pacientes adultos, bloqueia um fragmento de proteína, CGRP, que está relacionada ao gene da calcitonina, uma molécula que está envolvida nos ataques e na permanência da enxaqueca no paciente. Três outras empresas —Lilly, Teva e Alder— têm medicamentos semelhantes nos estágios finais de estudo ou aguardam aprovação da FDA.
Para o vice-diretor da Divisão de Produtos de Neurologia do Centro de Avaliação e Pesquisa de Drogas da FDA, Eric Bastings, o Aimovig é uma nova e promissora opção para reduzir o número de dias com enxaqueca. “Precisamos de novos tratamentos para essa condição dolorosa e muitas vezes debilitante”, afirmou.
Ensaios comprovaram eficácia
Três ensaios clínicos avaliaram a eficácia do Aimovig. O primeiro estudo incluiu 955 participantes com histórico de enxaqueca. Parte consumiu o remédio e a outra, um placebo, tipo de fármaco sem qualquer efeito. Por seis meses, os pacientes que foram tratados com o Aimovig apresentaram, em média, um a dois dias a menos de enxaqueca por mês, em relação aos tratados com placebo.
No segundo estudo, feito com 577 pessoas com episódios frequentes do mal, os pesquisadores também compararam o remédio ao placebo. Ao longo de três meses, os doentes tratados com Aimovig tiveram, em média, menos um dia de enxaqueca por mês do que os que receberam placebo.
O terceiro estudo avaliou 667 pacientes, nas mesmas condições e usando o mesmo método de comparação. Nesse estudo, ao longo de três meses, os doentes tratados com Aimovig sofreram, em média, 2 meses e meio a menos de dias de enxaqueca do que os que receberam placebo.
Os efeitos colaterais mais comuns relatados foram reações no local onde foi aplicada a injeção e constipação.
Dor que vem mal acompanhada
A enxaqueca é três vezes mais comum em mulheres do que em homens e afeta mais de 10% das pessoas em todo o mundo. A dor de cabeça deste tipo é descrita pelos pacientes como uma intensa dor latejante em uma área da cabeça. Alguns sintomas podem ser incluídos no processo, como náusea, vômito, sensibilidade à luz e ao som, entre outros.
De acordo com a FDA, aproximadamente um terço dos afetados conseguem prever o início da enxaqueca, já que ela é precedida por uma ‘aura’, que são distúrbios sensoriais ou visuais transitórios. Os modos mais comuns são luzes piscando, linhas em zigue-zague ou até a perda temporária da visão.
Quem sofre de enxaqueca tende a ter ataques recorrentes, que podem ser desencadeados por fatores externos, como o estresse, alterações hormonais, presença no ambiente de luzes brilhantes ou intermitentes, má alimentação, falta de sono, dietas, entre outros.
Fonte: Correio Braziliense
Créditos: Correio Braziliense