Memória

Mulher com síndrome raríssima diz ter lembrança de como era ser bebê

Ela tem uma síndrome raríssima conhecida como Memória Autobiográfica Altamente Superior, que afeta menos de 100 pessoas no mundo

Imagine como seria a vida se você não esquecesse nada desde a infância. Ter vivas todas as memórias de quando era apenas um bebê. É isso o que acontece com a australiana Rebecca Sharrock, de 27 anos.

Ela tem uma síndrome raríssima conhecida como Memória Autobiográfica Altamente Superior (HSAM, na sigla em inglês) — estima-se que ela afeta menos de 100 pessoas no mundo todo –, que permite lembrar de coisas que aconteceram desde os primeiros dias de sua vida.

A síndrome ficou conhecida no início dos anos 2000, através de uma jovem chamada Jill Price. Ela escreveu ao neurocientista Jim McGaugh contando que podia se lembrar de todos os dias de sua vida desde que tinha 12 anos. Intrigado, o médico realizou uma série de testes. Ele citava uma data qualquer e ela tinha que contar o que aconteceu no mundo naquele dia. Acertava praticamente todas as vezes.
Voltando para a história de Rebecca, a jovem foi testada por pesquisadores da Universidade da California (EUA) que confirmaram sua condição. Em entrevista à revista Crescer, ela dá pistas, através de suas lembranças, de como o mundo é da perspectiva dos bebês.

De acordo com Rebecca, ela lembra de tudo desde sempre. Mas quando era criança achava que era uma condição normal a todos. E então ficava confusa quando alguém afirmava que não se recordava de certos eventos.

A primeira memória da jovem é de quando tinha apenas dias de nascida. “Na lembrança mais antiga que tenho, eu estou em um berço enrolada em cobertores brancos de algodão e olho para o ventilador no teto, imaginando o que poderia ser. Não sei exatamente qual era a data ou a minha idade (era muito jovem para saber sobre essas coisas). Mas sei que foi antes de completar 12 dias de vida, porque lembro de ter sido fotografada nessa data. E sei que a memória do berço foi antes disso”, conta.

Rebecca conta o que seria uma das coisas mais assustadoras de quando era bebe. De acordo com ela, dormir é uma atividade muito difícil para o recém-nascido, que ainda não consegue entender se foi abandonado ou se os sonhos são reais.

Se um bebê acorda chorando muitas vezes durante a noite, provavelmente é porque está sonhando. Os sonhos são assustadores para crianças muito novas, porque elas geralmente acreditam que eles são reais e que elas estão saindo da segurança de casa todas as noites. É importante que o bebê saiba que sua mãe/pai está na casa. Uma coisa que me ajudou foi ter boneca de pano colocada perto na minha cama. Quando estava escuro eu acreditava que ela era minha mãe e me sentia mais tranquila. Outra coisa que ajudava quando eu estava com medo de adormecer era sentar com meus pais na sala e fazer algo divertido e cansativo. Eu logo percebia que estava cansada e precisava dormir.”

A australiana diz que uma das coisas mais frustrantes para ela quando era bebê foi não conseguir se comunicar com palavras. Segundo Rebecca, alguns meses depois de nascida ela já teve consciência de que pessoas conseguiam se comunicar entre si. Porém, como ela não havia aprendido a falar ainda, usava o choro como meio de se fazer perceber. “Eu queria desesperadamente poder dizer às pessoas quando sentia fome, calor ou frio, mas não conseguia. Naquela idade percebi logo que o choro aproximava as pessoas de mim”, comenta.

Rebecca conta, ainda, como foi o primeiro sonho que teve. Ela afirma ter cerca de 18 meses quando começou a sonhar. “Eu estava em uma sala cheia de frutas e fiquei particularmente fascinada por uma máquina que colocava laranjas em uma caixa de madeira. Acordei muito confusa”, revela.

Leia o relato completo no site da revista Crescer.

Conheça o blog de Rebecca Sharrock.

Fonte: Metrópoles