O militar uruguaio aposentado Carlos Techera foi detido nesta quarta (27) após publicar um vídeo em uma rede social no qual ameaça o presidente do país, Tabaré Vázquez, e o candidato à presidência Daniel
Martínez, ambos da coalizão de centro-esquerda Frente Ampla.
No vídeo, Techera diz que, caso os líderes da Frente Ampla “cometam algum erro de atentar contra a segurança do [candidato do Partido Nacional] Luis Lacalle Pou, as instituições da pátria ou a Constituição por atrasar as eleições, vocês não terão a mesma sorte de 1973”.
A data faz referência ao ano em que uma ditadura militar foi instituída no Uruguai por meio de um golpe.
Techera responsabiliza a Frente Ampla por um ataque a um ônibus em Montevidéu que transportava militares na madrugada de domingo (24), dia em que ocorreu o segundo turno das eleições no Uruguai. Cinco oficiais ficaram levemente feridos, de acordo com o site Montevideo Portal.
Ainda segundo o site, a partir de fontes policiais, o ataque não teria sido motivado por questões eleitorais, mas decorrido de uma confusão que começou após um jovem levar uma garrafada na cabeça durante uma festa.
Carros também tiveram vidros quebrados, assim como prédios e fachadas foram danificados na mesma ocasião.
“Se vocês da Frente Ampla querem um problema com as Forças Armadas, um militar diz a vocês desde já: o terão e de graça”, concluiu. No vídeo, ele também chama Martínez de “retardado” e Vázquez de “imbecil”.
O militar tentou no ano passado se lançar como candidato à Presidência pelo Partido Nacional —o mesmo do atual favorito a ganhar as eleições, Lacalle Pou— e se definia em entrevistas como “pior que Bolsonaro”.
O promotor do caso, Diego Pérez, que ordenou a detenção de Techera, deve resolver nesta quinta (28) se acusa formalmente o ex-militar por algum crime, segundo o jornal El País.
O caso chegou às mãos do promotor após três senadores da bancada da Frente Ampla registrarem uma queixa criminal contra o ex-militar, na terça (26).
Eles decidiram levar o vídeo à Justiça pois sustentam que um crime foi cometido: o número 4 do artigo 171 do Código Penal, que se refere a “ofensas e violência à autoridade”, teria sido violado.
Depois da queixa, Techera disse em entrevista a uma rádio que havia se equivocado e estava arrependido. Também negou que vá “levantar um fuzil”.
“Eu estava errado e estou reconhecendo isso. O que mais eles farão comigo? Uma carnificina? E eu que sou muito reacionário”, falou durante programa da rádio Universal, na noite de terça.
Fonte: Folha de S.Paulo
Créditos: Folha de S.PuloFolha de S.Paulo