Um aventureiro inglês detentor de um recorde do “Guiness” — por ter caminhado ao longo de todo o Rio Amazonas —, revelou que viver nas ruas do Reino Unido pode ser mais lucrativo do que se imagina. O ex-capitão do Exército Ed Stafford passou dois meses com um sem-teto nas cidades de Glasgow, Manchester e Londres e descobriu que, além de ganhar 11 libras (R$ 55) — porque as pessoas que passavam lhe davam comida —, ele também podia faturar 200 libras por noite (o equivalente a mil reais).
Após viver sem teto por 60 dias — história que será contada na série de TV britânica “Sessenta dias nas ruas”, a ser exibida na semana que vem —, ele disse que a experiência, em certos aspectos, foi mais fácil do que ele esperava.
“Fiquei chocado pela quantidade de comida disponível”, contou o ex-capitão ao “Daily Mail”.
Segundo ele, a solidariedade das pessoas foi algo que chamou sua atenção nas três cidades por onde passou:
“Eu achei que ia perder muito peso e que seria difícil sobreviver, mas, na verdade, havia uma infinidade de pessoas querendo ajudar. Em Glasgow, eu vi 26 voluntários distribuindo comida, e havia apenas dois mendigos dormindo no lugar. Eu ainda encontrei um sem-teto reclamando que as pessoas o superalimentavam”.
Ainda de acordo com Stafford, a vida nas ruas lhe pareceu mais do lucrativa do que ele jamais imaginou:
“É comum, em Londres, as pessoas ganharem de 100 a 200 libras por noite, valor maior do que um cidadão médio pode ganhar com seu trabalho”.
Um homem que ele acompanhou em Manchester levantou 20 libras em 30 minutos, após pedir às pessoas que lhe dessem um trocado para pagar um hostel, quando, na realidade, o dinheiro era para manter seu vício em crack.
Comparando as cidades, o ex-capitão disse que, em Manchester, havia mendigos em todos os principais quarteirões da cidade, “congelados com zumbis”. Em Londres, a situação era menos chocante. Ele fez mais amizades, vivendo na região onde ficam os teatros da cidade, mas ainda assim observou um grande contraste entre ricos e pobres.
“Eu me impressionei de ouvir a trivialidade das conversas das pessoas”, disse.
Stafford também se disse chocado de ver como aqueles que vivem nas ruas são resignados com a situação.
“É claro que ninguém viveria sem um teto se tivesse escolha, mas, na verdade, essas pessoas preferem viver do seu jeito a morar num abrigo temporário às custas do sistema”.
Depois da experiência, o ex-capitão disse ter percebido que os sem-teto precisam de suporte para que escapem dessa situação. Segundo ele, boa parte foi levada às ruas por tragédias que ocorreram em suas vidas: na infância, com uma mãe ou um pai viciado ou após sofrer abusos de um parceiro.
Entre quatro mil e cinco mil pessoas dormem ao relento todas as noites em Londres, de acordo com o jornal “Big Issue”, que tenta ajudar essa parcela da população, pedindo a eles que vendam a publicação. Estima-se, ainda, que 78.930 estejam em abrigos temporários.
Segundo uma entidade de caridade que tenta ajudar moradores de rua, uma em cada 200 pessoas do Reino Unido não tem casa, ou seja, um universo de 320 mil cidadãos.
Fonte: Extra
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