Aninhado no abraço verdejante das montanhas filipinas, o povo Kalinga respira com o ritmo de uma cultura ancestral, protegendo ferozmente seus costumes e tradições da crescente maré da globalização.
No coração desta resiliente comunidade está Apo Whang-Od, a última e mais velha mambabatok, uma tatuadora tradicional cujas mãos firmes gravaram as histórias de seu povo no tecido de sua pele.
Com a venerável idade de 106 anos, Maria Oggay, como também é conhecida, é um testemunho vivo da arte da tatuagem, uma tradição sagrada transmitida através das gerações. O conhecimento floresceu nela aos 16 anos, nutrido pela sabedoria de seu pai, que a guiou amorosamente enquanto ela dava vida aos seus primeiros desenhos intrincados.
Uma recente matéria na Vogue Filipinas destaca esta enigmática artista, exibindo seu corpo adornado com símbolos sagrados de seus antepassados. Whang-Od dedicou sua vida a tatuar esses emblemas na pele de seus companheiros de aldeia, marcando momentos importantes, como a iniciação de um jovem na caça ou o desejo de uma mulher por fertilidade e beleza.
As tatuagens em si, feitas com delicados instrumentos de bambu, são tão complexas que Whang-Od às vezes passa dias aperfeiçoando uma única peça.
À medida que a globalização avança sobre o seu outrora isolado mundo, a clientela de Whang-Od começou a mudar, com turistas agora acorrendo à aldeia para testemunhar a arte ancestral do mambabatok.
Na ausência de filhos para herdar seu ofício, Whang-Od escolheu transmitir seu conhecimento à sua sobrinha, Grace Palicas. Aos 26 anos, Grace assume a responsabilidade de carregar a tocha acesa no coração de sua tia. Ela começou a aprender a técnica aos 10 anos e agora, com cada cuidadoso traço de seus instrumentos de bambu, tece o fio da sabedoria de seus antepassados no tecido do futuro.
Enquanto o mundo continua evoluindo, o povo Kalinga serve como um lembrete vivo da importância de preservar nosso patrimônio cultural. A arte ancestral do mambabatok, personificada pelo espírito indomável de Whang-Od e levada adiante pelas mãos firmes de sua sobrinha, permanece como um monumento ao poder duradouro da conexão humana e à sacralidade de nossa história compartilhada.
Fonte: Mistérios do Mundo
Créditos: Polêmica Paraíba