Os moradores da cidade semiautônoma chinesa de Hong Kong votam neste domingo (10) em uma eleição legislativa suplementar para ocupar quatro assentos do Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento local, que foram perdidos depois que Pequim forçou a desqualificação de eleitos em 2016.
Alguns dos legisladores desqualificados eram ex-líderes de protestos, outros defendiam abertamente a independência de Hong Kong em relação ao controle político de Pequim. Todos foram expulsos de seus postos por inserir protestos em seus juramentos de posse.
A votação, que começou na manhã deste domingo (horário local, noite de sábado no Brasil), é considerada crucial para o campo pró-democracia, que tentará recuperar os assentos perdidos.
Dos 70 assentos no LegCo, o campo da democracia atualmente ocupa 24, estando próximo ao mínimo necessário de um terço para vetar leis importantes.
O analista político Dixon Sing diz à agência AFP que se os pró-democratas perderem qualquer um dos quatro assentos nas eleições suplementares seria um golpe adicional. “Isso só aumentaria o desapontamento e a perda de fé”, disse.
Linha dura
Os seis legisladores foram expulsos dos cargos pelo tribunal superior de Hong Kong depois que Pequim emitiu uma “interpretação” especial da constituição da cidade, estipulando que os legisladores tinham que prestar seu juramento “solenemente e sinceramente” ou enfrentar o banimento.
A eleição suplementar chega em um momento em que a China sinaliza uma linha mais dura contra qualquer desafio à sua soberania.
Pequim ficou cada vez mais enfurecido com o surgimento de ativistas que defendem a independência, e vê os pedidos de autodeterminação como parte de um empenho de divisão.
Hong Kong, uma ex-colônia britânica, foi devolvida à China em 1997 no esquema “um país, dois sistemas”, que prometia manter as liberdades locais e leis separadas por pelo menos 50 anos, mas dava o controle final a Pequim.
Eleições de 2016
Nas legislativas de 2016, o índice de participação dos eleitores bateu recorde. No total, 2,2 milhões de pessoas – quase 60% do universo eleitoral – foram às urnas, que ficaram abertas até o dia seguinte devido à intensa participação.
O movimento pró-democracia se intensificou após as grandes mobilizações de 2014, quando o chamado “Movimento dos Guarda-Chuvas” bloqueou durante dois meses bairros inteiros da antiga colônia britânica, mas não conseguiu obter nenhuma concessão da China em matéria de reformas políticas.
Os milhares de manifestantes pediam sufrágio universal sem condições e o fim do controle de Pequim sobre os candidatos para comandar o governo local.
Fonte: G1
Créditos: G1