Um quiroprata chamado Daniel Dopps, morador do estado de Kansas (EUA), acredita ter criado a melhor solução para o gerenciamento do sangue menstrual: colar os pequenos lábios com uma pequena cola em bastão, semelhante ao tubo de batom para a boca.
Ele criou a empresa Mensez e já patenteou o “batom feminino”, e agora procura parceiros para desenvolver o produto. Segundo ele, esta cola seria composta por uma “combinação natural de aminoácidos e óleos”, que derreteriam quando a usuária urinasse, liberando o conteúdo de sangue e restos de mucosa uterina diretamente no vaso sanitário.
Um dos problemas mais sérios deste produto hipotético é que ele foi baseado em ideias um tanto incorretas de que o corpo feminino teria sido capaz de produzir esta cola de forma natural há alguns séculos. “Eu realmente acredito que os corpos das mulheres funcionavam assim no passado”, afirma ele. Quando pressionado para fornecer evidência desta ideia, ele respondeu que ainda não há pesquisas científicas que provem isso.
Outro problema relacionada à esta ideia é que Dopp não é um ginecologista, e nem ao menos é formado em medicina. Apesar de o curso de quiropraxia ser longo e rigoroso nos EUA, as duas profissões são bastante diferentes.
A ginecologista Jen Gunter, de São Francisco, alerta que reaplicar um tipo de cola repetidamente nos sensíveis pequenos lábios causaria ferimentos, e que isso poderia colar as mucosas de forma permanente, sendo necessária uma cirurgia para separação. Além disso, esta cola provavelmente seria muito mais desconfortável que o absorvente interno.
A ginecologista também acredita ser muito improvável conseguir selar completamente esta região do corpo, já que cada mulher tem os pequenos lábios de um tamanho diferente, sendo que a assimetria é bastante comum. “A ideia de selar completamente a passagem do sangue com um tipo de aplicação doméstica é ridícula. Talvez ele nunca tenha visto os lábios de perto?”, questionou ela em seu blog.
O inventor da ideia da cola para a vulva também não conseguiu explicar como, exatamente, apenas a urina derreteria esta cola, mas o sangue ou o suor, não.
Confrontado pelo público, sua resposta malcriada também não ajudou muito o seu caso. “Você como mulher já deveria ter criado uma solução melhor do que fraldas e plugs, mas você não fez isso. O motivo é que as mulheres estão focadas e distraídas pela menstruação 25% do tempo, as tornando menos produtivas do que poderiam ser”.
Em uma entrevista por telefone com a Forbes, Dopps disse que acredita que a reação negativa foi causada pela comunidade LGBTT, especialmente as lésbicas. “Elas estão furiosas comigo porque sou branco e heterossexual”, disse ele.
Na verdade, há grandes evidências de que as mulheres de tempos passados lidavam com a menstruação exatamente da mesma forma que as mulheres modernas: com absorventes externos e internos. Mulheres de um vilarejo isolado de uma região desértica da China, por exemplo, usavam folhas para coletar o sangue menstrual; na Idade Média, usava-se tecidos; na Roma Antiga, absorventes internos embebidos em ópio para amenizar as cólicas. A única grande novidade de lá para cá foi o surgimento dos coletores menstruais de silicone e anticoncepcionais que suspendem temporariamente o sangramento, como pílulas contínuas e DIU Mirena.