Médicos em Miami, nos Estados Unidos, passaram por um conflito ético após a entrada de um paciente inconsciente. Um homem de 70 anos, diabético e com histórico de doenças no coração e no pulmão, chegou ao hospital com uma tatuagem no peito que dizia “não ressuscite”.
E agora? Os médicos entraram em dúvida sobre acatar o provável desejo do homem ou salvar uma vida, principal juramento da profissão. O caso foi publicado no periódico científico “The New England Journal of Medicine” nesta quinta-feira (30).
Os médicos do Jackson Memorial Hospital decidiram, inicialmente, não escolher o caminho irreversível – a morte – diante da incerteza do que deveriam fazer. O homem foi tratado com antibióticos, recebeu ressuscitação por via intravenosa e foi mantido respirando.
Eles sabiam da história de um outro paciente, com artigo publicado no “Journal of General Internal Medicine”, que foi recebido com uma tatuagem “DRN”(“Do not ressuscitate”) em 2012. O homem foi tratado e, quando acordou, contou que realmente preferia ter sido salvo. Ao ser perguntado sobre o motivo da tatuagem, disse que era resultado de uma partida de poker que havia perdido, segundo a publicação.
O novo caso, em Miami, foi encaminhado para um conselho de ética.
Em entrevista ao jornal “The Washington Post”, o médico e principal autor do artigo desta quinta, Gregory Holt, disse que o homem morava em uma casa de repouso, mas foi encontrado bêbado na rua. Ele não tinha identificação, família ou amigos que poderiam dar mais informações.
“Tínhamos um homem com quem eu não conseguia falar”, disse Holt. “Eu queria conversar com ele para saber se a tatuagem realmente refletia seus desejos para o final da vida”.
Depois de revisar a história, os consultores sugeriram aos médicos que o pedido da tatuagem fosse acatado. Um documento foi estruturado com as informações para o Departamento de Saúde da Flórida. Na mesma noite, o estado de saúde do paciente piorou e ele morreu sem interferência dos médicos.
Fonte: G1
Créditos: G1