Começou, neste domingo (7), a votação no Equador que decidirá qual dos 16 candidatos será o próximo presidente do país.
As pesquisas de intenção de voto dão vantagem a Andrés Arauz, um economista de 35 anos apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa. Guillermo Lasso, ex-banqueiro de direita, está em segundo. É a terceira vez que ele concorre.
Um pouco mais longe, na terceira posição nas pesquisas, aparece Yaku Pérez, do partido indígena Pachakutik (leia mais sobre os candidatos abaixo).
A votação acontece durante a pandemia de Covid-19, e as autoridades eleitorais têm feito campanha para que as pessoas compareçam aos locais de votação mesmo com o risco de infecção.
Os mesários e fiscais estão com máscaras e recipientes com álcool em gel para tentar minimizar os riscos de transmissão.
Em grandes cidades, como Quito e Guayaquil, equipes de reportagem foram proibidas de entrar nos locais de votação.
No Equador, é tradicional que ambulantes vendam comida perto dos locais de votação. Isso foi proibido neste domingo.
Espera-se que mais de 13 milhões de pessoas votem.
Matemática eleitoral
A eleição presidencial tem dois turnos, mas a disputa pode se encerrar já neste domingo, caso um dos candidatos tenha mais de metade dos votos ou o primeiro colocado tenha pelo menos 40% e dez pontos percentuais de vantagem em relação ao segundo.
O vencedor vai substituir o presidente Lenín Moreno em 24 de maio.
Moreno foi um aliado de Rafael Correa, que comandou o país entre 2007 e 2017. Os dois romperam posteriormente. Correa vive na Bélgica. Há processos criminais contra ele na Justiça do país.
Andrés Arauz
Partido: União Pela Esperança (UNES)
Idade: 35 anos
Profissão: economista
Andrés Arauz tentará dar um rosto mais jovem e acadêmico à linha política de Rafael Correa: retomada dos gastos públicos para reaquecer a economia equatoriana tão abatida pela crise política e pelo coronavírus.
Embora tenham perdido força, os “correístas” ainda formam a maior força política do Equador. Ao ser nomeado pela coalizão União Pela Esperança, Arauz aposta em uma comunicação mais atraente à população mais jovem e descrente das forças políticas.
Também conta a favor de Arauz o fato de ele ter uma bagagem acadêmica internacional: ele é doutorando em economia financeira pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). Antes, ele se graduou em ciências econômicas e matemáticas pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
A dificuldade é que o apoio de Correa, uma personalidade muito divisora no país, pode pesar tanto para uma rejeição à candidatura de Arauz quanto para uma dificuldade para governar, se ele vencer. O ex-presidente continua popular em uma parcela significativa do Equador, mas ao mesmo tempo parte grande do eleitorado o rejeita.
Guillermo Lasso
Partido: Criando Oportunidades (CREO)
Idade: 64 anos
Profissão: ex-banqueiro
Derrotado no segundo turno por Lenín Moreno em 2017, Lasso é um tradicional candidato da direita católica e conservadora do Equador, com discurso de austeridade no campo econômico.
No entanto, diante da economia parada por causa da pandemia, o ex-banqueiro admite aumentar o salário mínimo e se distanciar da sombra do governo de Jamil Mahuad, de quem foi ministro da Economia num contexto de forte crise econômica, no fim da década de 1990.
Naquela época, o Equador viu a moeda local derreter, e o governo passou a adotar a dolarização como parâmetro monetário do país. A medida, até hoje adotada, divide opiniões dos equatorianos.
Assim, Lasso se equilibra entre críticas ao candidato do correísmo — ele alega que as propostas de Arauz para retirar a dolarização quebrariam o Equador — e a promessa de conceder estímulos reativar as atividades paradas com a crise de 2019 e a pandemia do coronavírus.
Yaku Pérez
Partido: Pachakutik
Idade: 51 anos
Profissão: advogado e ativista político
Integrante da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador, Pérez pode estar distante do segundo turno, mas poderá influenciar o desempate entre Arauz e Lasso: o candidato do Pachakutik deve angariar votos de eleitores engajados na causa indígena, grupos étnicos que representam 7,4% da população, e com um discurso fortemente voltado à causa ambiental.
Lideranças indígenas, como Pérez, ganharam força com os protestos contra o governo de Moreno que impulsionaram em 2019. Assim, os dois lados mais cotados para irem ao segundo turno terão, de alguma forma, de fazer concessões aos diferentes povos originários do Equador.
Fonte: G1
Créditos: G1