Será que o charme e a onda de esperança que tomaram conta do país com aquele jovem de então 45 anos ainda carregam votos decisivos? O partido democrata aposta que sim e por isso lançou sua arma política mais pesada contra Donald Trump na Pensilvânia. Barack Obama fez dois eventos de campanha no estado: uma roda e conversa com lideranças comunitárias e um comício estilo drive-in com buzinaço no lugar de aplausos. O objetivo número um é mobilizar os eleitores negros, que são 11% da população estadual, a participar das eleições.
Donald Trump passou quatro anos na Casa Branca como se estivesse permanentemente em campanha contra Obama. Fez um esforço enorme para reverter o pequeno avanço que o ex-presidente conseguiu na área da saúde, uma discussão que chega agora à Suprema Corte do país encarregada de decidir se o chamado Obamacare fere a Constituição porque obriga todo mundo a ter um seguro de saúde. Mas subsidia o custo para quem não ganha o suficiente para pagar. Ao invés de melhorar o programa, ele tentou acabar com ele, como tentou fazer com a figura de Obama: apagar, cancelar. Mas não deu certo.
Na conversa com os líderes comunitários, Obama destacou a necessidade de conversar com a juventude. De lembrar aos jovens que foi com muito sacrifício e luta que os afro-americanos conquistaram direitos na sociedade americana e é através da participação política que vão ampliar esses direitos. “Você tem que se sentar à mesa”, disse. No comício, centrou fogo em Donald Trump e na pandemia que o presidente se recusou a gerir como uma crise de saúde pública. “Ele não vai cuidar da gente se não conseguiu nem se proteger”, afirmou, destacando que Trump pegou a Covid e sempre se recusou a usar uma máscara.
Barack Obama ainda é considerado o político mais carismático do Partido Democrata. Deixou o governo com índice de aprovação de 59% enquanto o de Trump está na casa dos 43%. Considerando a Covid e a crise econômica que o país enfrenta por conta da pandemia, é até bastante alto. Mas as pesquisas de intenção de votos apontam que não é suficiente para conquistar um segundo mandato. A última chance que ele tem de conquistar um bom número de votos é hoje, no segundo e último debate com o adversário democrata Joe Biden.
Trump nem pisou no palco do auditório em Naschville, no Tennessee, e já está disparando para todo lado. Desqualificou a jornalista que vai fazer o papel de moderadora e terá a mão sobre o dispositivo que vai silenciar o microfone do presidente. Imagine quantos jornalistas dos EUA e do mundo gostariam de estar no lugar dela hoje! O presidente também acusou a comissão encarregada de organizar os debates de favorecer Joe Biden. Na mudança das regras do jogo e na escolha dos seis temas que serão discutidos. Segundo a campanha de Trump, havia uma promessa de tratar de política externa que não foi cumprida.
A comissão é uma organização sem fins lucrativos que organiza os debates presidenciais há 34 anos. O famoso debate entre Kennedy e Nixon, em 1960, foi o último de uma era. Nas três eleições seguintes não houve debate. Eles voltaram em 1976 e eram organizados pelos partidos, o que se tornou cada vez mais difícil. Foi assim que de 1984 em diante a comissão passou a coordenar os encontros. Ela foi criada com base em um estudo feito pelas universidades Georgetown e Harvard, que comprovaram a necessidade do enfrentamento e de uma organização independente para assumir a tarefa em nome da democracia.
Os membros da comissão fazem voto de silêncio, justamente para manter a aura de imparcialidade. Mas um deles veio a público esta semana com um artigo publicado no jornal Washington Post. John Danforth foi senador republicano pelo estado do Missouri e não se limitou a dizer que Trump está errado ao acusar a comissão de favoritismo. “Aparentemente, a estratégia do presidente é colocar em dúvida a validade da eleição, caso ele perca. Nós vimos essa estratégia inicialmente nas declarações dele de que o voto pelo correio é uma arma para fraudes massivas”, escreveu. Danforth ainda tirou um sarro do presidente dizendo que se a comissão quisesse mesmo prejudicar Trump, não teria adotado o botão silenciador já que o comportamento agressivo do republicano no primeiro debate, interrompendo e falando em cima de Joe Biden o tempo todo, é apontado como um dos grandes responsáveis pela queda de Trump nas pesquisas.
Mas Trump sendo Trump, esse tipo de ataque vai continuar até o fim. Ele também vai continuar dizendo que já chega de falar de Covid, que a pandemia está no fim e que ele fez um excelente trabalho. A resposta vem aí, no dia 3 de novembro quando termina o prazo para votar no país.
Fonte: Fórum
Créditos: Polêmica Paraíba