O grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford que está na corrida para desenvolver uma vacina contra o coronavírus prometeu finalizar em agosto os testes clínicos da vacina, que já foi aplicada em 1,1 mil voluntários no fim de abril. Mas a Agência Europeia de Medicamentos se mostrou cética quanto à promessa de ter uma cura para a COVID-19 no mercado ainda neste ano, pois o desenvolvimento e o licenciamento desse tipo de medicamento leva mais tempo, e, no cenário mais otimista, isso aconteceria no prazo de um ano.
Em entrevista à Rádio 4 da BBC, o professor de Medicina da universidade e diretor não executivo da farmacêutica Roche, Sir John Bell, disse nesta quinta, 14, que se as etapas da pesquisa de Oxford continuarem a dar certo o governo britânico terá aprovado a vacina no começo de setembro e começado a fabricá-la para a população. Agora, o grupo precisa avaliar se as pessoas que receberam a dose contra o coronavírus foram infectadas ou não – para ver se encontraram uma vacina com potencial para acabar com a pandemia.
Em 23 de abril, os pesquisadores injetaram nos 320 primeiros voluntários a vacina ChAdOx1 nCoV-19, que é a combinação do adenovírus de chimpanzé e do material genético de uma proteína encontrada na superfície do coronavírus – usada para infectar células humanas. Outro grupo recebeu uma vacina para meningite, pois os efeitos colaterais são similares aos causados pela ChAdOx1 nCoV-19: elevação da temperatura corporal, dor de cabeça e nos braços. Assim, os pacientes não teriam como saber qual das duas vacinas receberam.
Para descobrir se a vacina funciona, é preciso olhar nas estatísticas o nível de infecção dos dois grupos. E, para isso, é necessário que um pequeno grupo desenvolva a COVID-19. E é nesta etapa que os pesquisadores se encontram. “A rapidez com que nosso time tenha os números necessários (para a avaliação) depende do nível de transmissão do vírus na população. Se a transmissão permanecer alta, poderemos ter dados suficientes em dois meses. Caso a transmissão caia, isso pode levar seis meses”, diz um post de 23 de abril da Oxford. “Até junho, devemos ter o número suficiente de pessoas com a doença. E, se eles não tiverem sido infectados, é bola para frente”, afirmou Bell à BBC.
Processo longo
Já o chefe do departamento de vacinas da Agência Europeia de Medicamentos, Marco Cavaleri, disse em conferência virtual que “são muito poucas as vacinas que chegam até o processo final de licença e, em muitos casos se requer provas adicionais para confirmar que não provocam nenhum efeito colateral grave”.
Ele ainda pontuou que não é possível descartar uma terceira etapa do processo de desenvolvimento da vacina, na qual o nível de proteção e os efeitos colaterais são investigados mediante provas em milhares de pessoas fora dos laboratórios – o que leva a determinar, entre outros fatores, se a vacina faz com que as pessoas se tornem mais suscetíveis ao contágio.
Por outro lado, a agência também tem 115 ensaios clínicos pendentes para os sintomas causados pelo coronavírus. Cavaleri afirmou que alguns desses ensaios poderiam ser aprovados na Europa ainda neste ano, mas não especificou qual método seria.
Fonte: Estadão
Créditos: Estadão