O Nobel da Paz de 2021, Dmitry Muratov, foi alvo de uma agressão dentro de um trem que fazia a rota entre Moscou e Samara nesta quinta-feira (7), informou o próprio jornalista na página do Telegram do seu jornal “Novaya Gazeta”.
“Me jogaram um verniz com acetona dentro da cabine. Os meus olhos queimam terrivelmente e ficou um cheiro de petróleo por todo o vagão”, escreveu Muratov postando uma foto em que aparece com marcas de um verniz vermelho pelo corpo e outra do local da ação.
O homem ainda teria gritado para ele dizendo “Muratov, essa é pelos nossos jovens”.
Nesta sexta-feira (8), a polícia russa anunciou a prisão de um suspeito de ser o autor do ataque, segundo informou a agência estatal de notícias Interfax citando uma “fonte informada” na corporação. Uma segunda pessoa que teria participado da ação ainda é procurada.
Conforme a agência, o crime teria sido cometido porque o autor “não concorda com o comportamento” de Muratov sobre a guerra na Ucrânia.
A conta do jornal no Twitter também confirmou a detenção, citando outra agência russa, a Tass, ressaltando que o homem se chama “Ilya Markovets, de 37 anos, que disse à polícia que era contra traidores e, portanto, cometeu tal ato”.
O jornalista e editor russo administra um dos raros jornais que ainda é independente na Rússia e que faz denúncias contra o longo governo de Vladimir Putin. Desde que a invasão de Moscou começou, em 24 de fevereiro, o “Novaya Gazeta” seguiu fazendo uma cobertura sem seguir as ordens da propaganda do governo de Moscou – como chamar a guerra de “operação militar especial” ou não citar fontes ucranianas nas matérias.
Conforme as leis de Putin foram endurecendo, algumas com previsão de até 15 anos de prisão para quem criticar as ações militares “em um país no exterior”, Muratov e os demais editores da publicação anunciaram a suspensão dos trabalhos do jornal até o fim da guerra como forma de preservar os profissionais.
No entanto, algumas notícias ainda são publicadas pela chefia do “Novaya Gazeta” nas redes sociais. Além de condenar a invasão russa, Muratov também anunciou um leilão da medalha do Nobel para que todo o dinheiro arrecadado ajude instituições que apoiam os refugiados ucranianos – que passam das 4,3 milhões de pessoas.
Fonte: IG
Créditos: Polêmica Paraíba