As forças ucranianas conseguiram romper a primeira linha de defesa russa na vila de Robotyne, na região de Zaporizhzhia. A operação faz parte da contraofensiva ucraniana, lançada em junho, que busca recuperar territórios ocupados pelas tropas russas desde o início da guerra, em fevereiro do ano passado.
Com a vitória, as forças ucranianas estão a 19 km de Tokmak, o 1º objetivo estratégico da ofensiva em Zaporizhzhia. A retomada de Tokmak seria um trunfo para o governo de Volodymyr Zelensky, que visa alcançar Berdiansk, um porto às margens do Mar de Azov, crucial para o translado de cereais e aço produzidos ao leste do país.
Outro objetivo da contraofensiva é tentar recapturar a cidade estratégica de Melitopol, a maior cidade da região e um centro administrativo para as forças de ocupação russas. Caso consiga ter êxito nos dois pontos, a Ucrânia divide o exército russo no meio, deixando a frente sul de Vladimir Putin sem o abastecimento de material humano e militar.
Através do Telegram, a vice-ministra da Defesa, Hanna Maliar, relatou que os soldados de Kiev já consolidaram posições em Robotyne e organizam a retirada de civis para uma área de segurança.
Uma publicação nas redes sociais do Ministério da Defesa mostra um “vídeo tocante” que exibe o resgate de moradores de Robotyne, cidadãos conversando com seus familiares por telefone após o fim da operação e uma mulher beijando o rosto de um dos militares, como forma de agradecimento.
"We waited so long that today they came unexpectedly…"
A touching video by the 47th Mechanized Brigade shows the rescue of residents of the village of Robotyne.
These people have already been saved; they are on their way "to peace."
The liberation of the occupied cities and… pic.twitter.com/ucN0wlLpQv— Defense of Ukraine (@DefenceU) August 22, 2023
“Nós tínhamos esperança de que nosso pessoal [tropas ucranianas] viria e tudo ficaria bem. Você sabe, nós esperamos por tanto tempo que hoje foi surpreendente”, desabafou uma mulher, de 52 anos, no vídeo. “Nós nem conseguíamos acreditar que eram os nossos [soldados]”.
O Instituto para o Estudo da Guerra, que faz a análise do conflito desde o início, definiu os avanços em Robotyne como “taticamente significativos”. Apesar de lenta, a contraofensiva ucraniana tem progredido a pequenos passos diante da resistência de Moscou.
Mas por que a contraofensiva está tão devagar?
O progresso está acontecendo, mas é mais demorado do que a Ucrânia e seus aliados esperavam. As forças ucranianas têm atacado em três frentes, usando equipamentos e treinamento fornecidos pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Porém, sem o fator surpresa e a demora para começar o ataque, os ucranianos viram a Rússia construir três grandes linhas defensivas até a cidade de Melitopol, por exemplo.
Camadas longas de trincheiras, bunkers, armadilhas de tanques em forma pirâmide de concreto (os chamados “dentes de dragão”) e valas — com milhares de minas terrestres — representam um enorme obstáculo a qualquer avanço ucraniano.
Os militares russos também estão aproveitando o poder aéreo — como o uso de helicópteros de ataque Ka-52 Alligator. Esses helicópteros podem ser usados para disparar foguetes contra veículos blindados ucranianos que foram forçados a desacelerar ou parar após encontrar um campo minado.
Além disso, a Ucrânia não tem superioridade aérea no campo de batalha. Ela ainda aguarda o envio dos F-16 prometidos pelos EUA.
De qualquer forma, os próximos meses serão longos e difíceis para ambos os lados. Zelensky viaja o mundo em busca de apoio ocidental, enquanto Putin tenta frear uma ofensiva que ameaça a reputação do seu exército.
Fonte: Carlos Germano
Créditos: Polêmica Paraíba