Capturado nessa sexta-feira em um convento em Kiev, o brasileiro Rafael Marques Lusvarghi está preso pelas forças de segurança da Ucrânia. Autointitulado ex-guerrilheiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), ele também já atuou como policial militar em São Paulo, foi ativista e membro da Legião Estrangeira e esteve preso em diversas ocasiões no Brasil e no exterior.
Em 2014 e 2015, ele lutou no leste da Ucrânia defendendo as forças separatistas apoiadas pela Rússia, que chocaram o mundo ao tentar se apropriar de parte da Ucrânia.
A captura de Lusvarghi foi transmitida ao vivo no Facebook por Serhii Filimonov, um ativista nacionalista ucraniano que participou da ação orquestrada pelas forças de ultra-direita Batalhão Aznov e C14, na sexta-feira. As imprensas local e internacional também registraram o momento e publicaram no youtube cenas em que o brasileiro aparece sendo detido e levado à força para a sede da inteligência estatal.
Em nota à BBC Brasil, o Serviço de Segurança da Ucrânia diz há um pedido de prisão contra Lusvarghis válido até 5 de julho, e que o julgamento do brasileiro está marcado para 15 de maio.
No momento da captura, Lusvarghi estava abrigado em um monastério nos arredores da capital Kiev porque não podia deixar o país. Ele fora condenado a 13 anos por terrorismo e recrutamento de mercenários e ainda tinha pendências judiciais.
Após invadir o monastério e deter Lusvarghi, os membros dos movimentos de direita o levaram à cidade e o arrastaram pelas ruas até entregá-lo às forças de segurança do país. O serviço de segurança ucraniano elogiou a “postura ativa” dos captores e prometeu lidar com o caso “dentro do domínio da lei”.
Conforme apurou o serviço ucraniano da BBC, Lusvarghi deverá ter uma audiência com um juiz na próxima segunda-feira, dia 7, às 15 horas do horário local (à meia-noite deste domingo no horário de Brasília).
Em um dos vídeo da captura, é possível ver os nacionalistas exaltados, gritando com Lusvaghi, dando tapas no seu rosto e exigindo que ele se arrependesse por ter se envolvido no conflito.
Em um outro trecho, Rafael é questionado: “Diga-me quais são os seus pecados e o que você não vai mais fazer”. “Lutar é errado”, responde Lusvarghi. “O que você veio fazer aqui?” indaga o nacionalista. “Eu vim aqui para ajudar, mas de fato não ajudou. Deixou as coisas piores”, parece reconhecer o guerrilheiro latino-americano. O ucraniano então exige que o brasileiro se retrate e peça desculpas, ao que Lusvarghi responde: “me perdoem pelo meu mau comportamento contra o povo de vocês”, lamenta em russo fluente.
Apesar da violência demonstrada nas imagens, o Itamaraty informou à BBC Brasil que o ex-guerrilheiro passa bem. Ele “está em segurança”, depois de ter sido muito hostilizado durante sua captura. As autoridades brasileiras dizem que estão acompanhando os últimos desdobramentos da situação do brasileiro e “prestando toda a assistência cabível ao nacional”, informaram diplomatas próximos do caso.
Fonte: BBC
Créditos: BBC