EM GUERRA

AUMENTO DA TARIFA DO METRÔ: Manifestantes e polícia entram em confronto no Chile - VEJA VÍDEOS

Imagens de televisão mostraram caminhões da polícia soltando jatos de água pelas ruas do centro de Santiago, enquanto oficiais jogavam gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Um fotógrafo da Associated Press encontrou pelo menos uma pessoa ferida nos confrontos.

O que começou nesta segunda-feira como uma marcha de estudantes e grupos sindicais voltou a transformar Santiago do Chile, cidade onde vivem 7 dos 18 milhões de habitantes do país, em um campo de batalha. Os policiais usaram gás lacrimogêneo para reprimir os protestos, que começaram há quatro dias e até agora deixaram 11 mortos.

Imagens de televisão mostraram caminhões da polícia soltando jatos de água pelas ruas do centro de Santiago, enquanto oficiais jogavam gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Um fotógrafo da Associated Press encontrou pelo menos uma pessoa ferida nos confrontos.

Pela manhã, pessoas faziam longas filas nos supermercados para estocar comida, com medo que voltassem a ocorrer os saques vistos no fim de semana, que paralisaram grande parte das atividades em Santiago. O transporte público funcionava com limitações.

“Pedimos aos cidadãos que comprem o que é estritamente necessário e não consumam demais”, apelou Manuel Melero, presidente da Câmara Nacional de Comércio, em uma mensagem na televisão. “Sejamos cautelosos no consumo para não causar o colapso do sistema.”

Um dia antes, o presidente Sebastián Piñera disse que o país estava “em guerra” contra um inimigo poderoso.

Enquanto isso, a ex-presidente chilena e alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pedia a todas as partes que dialogassem e que os protestos fossem pacíficos.

“Estou muito preocupada e triste por ver violência, destruição, mortos e feridos no Chile nos últimos cinco dias”, disse Bachelet, em nota. “É essencial que todos os atos que causaram ferimentos e morte, tanto pelas autoridades quanto pelos manifestantes, estejam sujeitos a investigações independentes, imparciais e transparentes.”

As manifestações começaram na semana passada, quando o governo anunciou um aumento na tarifa do metrô. Os estudantes foram os primeiros a protestar, mas as manifestações se espalharam rapidamente para outros setores e se tornaram violentas, a ponto de haver incêndios em lojas e em vagões do metrô.

Analistas, políticos e até o próprio Piñera admitem que um dos motivos da violência é a grande desigualdade social do Chile, onde a maioria dos trabalhadores tem renda mensal entre US$ 562 e US$ 703 e os aposentados recebem pensões classificadas por vários como “de fome”.

Em muitos subúrbios, o medo de saques levou centenas de moradores a se organizar, vestindo jaquetas amarelas e carregando ferros, paus e até pás para se defender.

O número de mortos nos tumultos aumentou para 11 na segunda-feira, disse o ministro do Interior, Andres Chadwick. Segundo ele, dez foram mortos em incêndios e um foi baleado por soldados.

Os protestos levaram à suspensão das operações de boa parte do metrô e o governo reforçou o sistema de transporte público com 465 ônibus.

Os ataques ao metrô danificaram 85 estações, o correspondente a 85% da rede que transporta 2,4 milhões de pessoas diariamente, e só uma das seis linhas estava parcialmente funcionando na segunda-feira. As outros cinco levarão semanas ou meses para serem restauradas.

Fonte: Valor Econômico
Créditos: Valor Econômico