
Não passou de um soluço a recuperação dos mercados de câmbio e ações na manhã desta terça-feira (8/4) no Brasil. Ambos voltaram a derreter no início da tarde, depois que os Estados Unidos confirmaram a cobrança de tarifas de 104% contra a China, a partir desta quarta-feira (9/4).
Com a notícia, o dólar fechou em alta de 1,46%, cotado a R$ 5,99, depois de ter atingido a mínima de R$ 5,86 e a máxima de R$ 6,00 (patamar só alcançado em janeiro). O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), terminou o dia com queda de 1,44%, aos 123.784 pontos.
O fechamento no campo positivo das Bolsas na Ásia e na Europa é prova de que os mercados esboçavam uma reação positiva nesta terça-feira. O índice Nikkei, do Japão, liderou os ganhos com valorização de 6,01%.
O avanço foi motivado pelo anúncio de que o presidente dos EUA, Donald Trump, conversou com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, que enviará uma “equipe de ponta” para os EUA para negociar as tarifas.
Europa em alta
Entre os indicadores europeus, a alta foi generalizada: Londres (+2,71%), Paris (+2,5%), Milão (+2,44%) e Frankfurt (+2,36%) subiram. O Euro Stoxx 50, composto pelos principais papéis da Zona Euro, aumentou 2,86%.
A situação virou quando a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou à Fox Business, no início da tarde, que as tarifas de 104% contra a China. A conta da pesada sobretaxa aplicada sobre produtos chineses é a seguinte: 20% anunciados por Trump em fevereiro, junto com taxas para o México e o Canadá.
Conta pesada
Na semana passada, o presidente americano impôs mais 34%, ao apresentar tarifas para cerca de 180 países. Agora, acrescentou à conta 50%, como uma penalização adicional por causa de a China ter ameaçado retaliar os produtos americanos em 34%. Para Trump, o prazo para uma negociação entre os dois gigantes globais venceu no início da tarde desta terça-feira.
Com essas adições, a carga anunciada contra os chineses ficou bem acima da fixada para os demais países sobretaxados por Trump. No anúncio feito na semana passada, as maiores taxas foram aplicadas contra Lesoto e Saint-Pierre e Miquelon (50%), Camboja (49%), Laos (48%), Madagascar (47%) e Vietnã (46%).
Aversão a risco
Para Álvaro Marangoni, gerente da corretora Warren nos EUA, o movimento de aversão a risco impactou todos os mercados, não só o real. “O processo de negociação das tarifas de importação americana abala o equilíbrio comercial global”, diz. “Em momentos de incerteza, o capital migra para portos seguros. Hoje, os EUA aumentaram a tarifa de produtos chineses pela terceira vez. O anúncio desencadeou ordens de venda dos mercados de risco como bolsa nos EUA e mercados e moedas emergentes, inclusive o real.”
“Vamos continuar tendo muita volatilidade nos próximos dias”, afirma Matheus Lima, sócio da casa de análise Top Gain. “Isso com o Ibovespa subindo ou caindo de acordo com novas falas de Trump e várias vezes no mesmo dia.”
Metrópoles