Representando humanos ou monstros, as gárgulas – feminino – eram figuras grotescas típicas da arquitetura gótica.
Gárgula vem do francês gargouille, gargalo ou garganta. Eram estruturas colocadas próximas as calhas de igrejas medievais, com a função principal de esconder os canos que escoavam a água da chuva, que escoava por suas gargantas.
A ideia parece ter surgido no Egito Antigo. Templos já tinham gárgulas no formato de cabeça de leões. Isso também foi adotado na arquitetura grega e o costume não se perdeu.
Mas nem todas as gárgulas expeliam pela boca. Há o, digamos assim, lado B das gárgulas, raramente mencionado. Grotesco, afinal, não quer dizer só monstroso, mas também ridículo e vulgar.
Sagrado purgante
As gárgulas obscenas como desta matéria sempre atiçaram a curiosidade dos historiadores. Ninguém deixou registrado exatamente por que eram feitas e o que significavam.
Pelo contrário, temos gente falando contra elas. No século 12, o monge e teólogo São Bernardo de Claraval (1090-1153), reclama em uma carta de sua presença, uma distração desnecessária. Anos depois, Pedro de Celle (1115-1183) foi além afirmou que olhar para elas ou sequer refletir sobre elas era perigoso par a alma.
Sagrado Purgante
O que não há dúvidas é que, justamente por essa resistência, podemos ter certeza que não estavam lá à toa. E as teorias para explicar são várias.
De acordo com do medievalista James Emmons, autor de Artifacts from Medieval Europe (“Artefatos da Europa Medieval”), essas figuras pornográficas haviam sido colocadas em gárgulas como uma forma de expulsar – “defecar”– o pecado para fora das igrejas.
Outra teoria, esta por James Jerman e Anthony Weir, é que as gárgulas representavam o pecado, a brutal e vulgar vida sem Deus. Eram grotescos porque eram pecadores. Sua intenção era lembrar da importância da salvação. De não ser um animal horrendo e pecaminoso como elas – ou terminar atormentado no Inferno por elas.
“Para nós hoje, essas figuras parecem apenas peças grotescas, que representam o humor irreverente, impudico, ímpio e caprichoso do escultor”, afirmam. “Não pode haver dúvidas que um dia serviram a um propósito útil, na educação moral do povo iletrado da Idade Média.”
Fonte: BOL
Créditos: BOL