A Operação Cartola vem expondo o lado negro do futebol paraibano fazendo uma devassa nos contatos dos clubes paraibanos para verificar participação de dirigentes e equipes esportivas em esquema de fraude em resultados de jogos do campeonato paraibano.
A novidade desta manhã de quarta-feira, 16, é a gravação de uma conversa entre o presidente da Federação Paraíbana de Futebol, Amadeu Rodrigues, e o vice-presidente do Botafogo da Paraíba, Breno Morais, aonde eles falam abertamente sobre pagar os árbitros que atuariam em partida da semifinal do Campeonato Paraibano de Futebol, em que o Botafogo jogou contra o Treze. Nitidamente chateado, Breno Morais questiona a autoridade de Amadeu diante dos demais clubes e acusa o presidente da FPF de descumprir acordo firmado com o Botafogo.
“O que eu combinei com você, mais uma vez, não foi feito, tem que fazer de um lado e do outro”, disse Breno, chateado. Amadeu responde que “o jogo do Botafogo está resolvido, o outro jogo a gente vai usar da forma que a gente quiser nem que eu pague, a gente vai usar a ata e eu vou para a briga”.
Breno reclama que a postura de Amadeu não foi o que combinaram anteriormente. “o cara faz o que quer com você e você não faz nada, você é a autoridade, resolva”, diz Breno. Ele seguiu dizendo que “a gente tenta, tenta, tenta e não cumpre”.
Breno pressionou mais uma vez, “a gente está sendo seu parceiro em todas as circunstâncias, mas você não está sendo e eu sei o que podemos fazer”, e avisou “acabaram nossos acordos, não se considere decepcionado”.
Amadeu admite ainda na ligação a questão com os arbitros de outros estados será resolvida e tenta confortar Breno Morais afirmando que “se forem árbitros daqui, por sorteio, é você quem escolhe, já avisei a Zé Renato (presidente da Comissão de Arbitragem da Paraíba)”.
Ouça a conversa:
O Portal Correio divulgou nova matéria dando conta da interferência da FPF nas definições do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba acerca do mesmo jogo tratado na ligação com Breno Morais.
Leia o texto na íntegra:
FPF PODERIA TER INFLUÊNCIA NAS DECISÕES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA
Uma possível interferência da Federação Paraibana de Futebol (FPF) no trabalho do Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Paraíba (TJDF-PB) e da Comissão Estadual de Arbitragem (Ceaf) sempre esteve no imaginário do torcedor. Como é que decisões de processos e a escalação de árbitros que não tinham a mínima condição de trabalhar nos jogos aconteciam?
A resposta para uma das perguntas pode ter sido revelada em uma escuta telefônica que o Correio teve acesso a gravação, envolvendo o presidente do TJDF-PB, Lionaldo Santos e o da FPF, Amadeu Rodrigues. O assunto em questão é o julgamento envolvendo o Treze Futebol Clube, na época da polêmica sobre o regulamento do Estadual.
Botafogo e Treze se enfrentaram na semifinal, com o primeiro jogo acontecendo em João Pessoa e o segundo em Campina Grande. Porém, o Belo acionou a justiça, alegando que por ter feito mais pontos na primeira fase deveria ter a vantagem de decidir em casa. Contudo, o entendimento do regulamento era que este privilégio seria dos times que terminaram em primeiro lugar nos seus respectivos grupo – no caso, Campinense e Treze.
Na transcrição, Amadeu Rodrigues telefona para Lionaldo e diz que “estão (o Treze) querendo agitar de todo jeito, porque o Botafogo solicitou arbitragem do intercâmbio e eles (diretoria do Treze) da Fifa”. O presidente do TJDF-PB revela que o advogado do Galo havia “entrado com uma ação para o vice-presidente do Tribunal, para que fosse adiado (o julgamento)”.
Aparentemente irritado pela resposta do jurista, Amadeu rebate dizendo que “não vai adiar nada. Isso é medo de jogar”. Depois, Lionaldo faz uma pergunta, no sentido de buscar uma orientação sobre o posicionamento que deve ser adotado no julgamento em questão. O presidente da FPF é enfático e defende a sua tese.
A versão dos citados
Na coletiva realizada na última segunda-feira (14), o Correio questionou o presidente Amadeu Rodrigues e os advogados Hilton Souto Maior e Eduardo Araújo sobre o caso em questão. Eduardo foi o encarregado de responder, já que Amadeu apenas leu uma carta e não atendeu a imprensa no momento das perguntas.
Na resposta, Eduardo justificou que Amadeu estava apenas expressando para Lionaldo o posicionamento da diretoria jurídica da FPF, que já estava divulgada em um documento. O advogado ainda negou a suposta interferência de uma entidade sobre a outra e ratificou a independência dos poderes.
Já o presidente do TJDF-PB, Lionaldo Santos, disse à reportagem que quando Amadeu fala em sugestão, está se referindo ao advogado do Treze (George Ramalho). Sobre a interferência da FPF no Tribunal, ele descartou e disse que existe apenas uma relação de respeito.
“Somos instituições e trabalhamos pelo futebol. A minha intimidade com o presidente da FPF é tão grande, que funcionamos no mesmo prédio e nem meu carro eu posso estacionar na garagem. Quando ele falou comigo, eu pedi uma sugestão sobre a postura do advogado nesta situação. Posso garantir que não tinha nada a ver com interferência”, disse Lionaldo.
Nosman fala sobre anulação
Denunciante do maior escândalo do futebol paraibano (a manipulação de resultados, por parte de dirigentes de clubes e árbitros, em jogos do Estadual investigada pela Operação Cartola), o vice-presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Nosman Barreiro, afirmou nessa terça-feira (15) – em entrevista ao programa Correio Debate da 98 FM – que, caso ele assuma a Federação após intervenção da Confederação Brasileira de Futebol (FPF) na entidade, o Campeonato Paraibano deste ano pode ser anulado.
Para Nosman, a operação investiga uma pequena parte de “todo o procedimento criminoso que tem na Federação”. Os crimes estariam sendo cometidos por dirigentes, árbitros e o presidente da FPF, Amadeu Rodrigues.
“Essa Operação Cartola é uma pequena parte de todo o procedimento criminoso que tem na Federação. O torcedor é a maior vítima de tudo isso. Se tiver realmente uma participação [de dirigentes] que influenciou os resultados como (a Operação Cartola) está mostrando, acredito que não tem outra possibilidade a não ser de anular (o Campeonato Paraibano)”, afirmou Nosman.
Ainda durante a entrevista, Nosman contou que aguarda o término da intervenção da CBF na FPF para analisar a possibilidade de ele assumir o comando da entidade. Além disso, ele citou que outras federações de futebol podem estar envolvidas no esquema de manipulação de resultados.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba