De todos os jogadores que estiveram em campo na derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1 na Copa do Mundo de 2014 talvez ninguém tenha tido de lidar com mais piadas e tenha ficado tão marcado entre os alemães quanto Dante.
À época zagueiro do Bayern de Munique, foi alvo de brincadeiras sobre o placar no clube, principalmente por parte de Thomas Müller, e também nas ruas. Situação que prosseguiu ainda em 2015 e 2016, quando defendeu o Wolfsburg.
“Eu jogava lá com todo mundo que estava na seleção, e as pessoas, e até mesmo o país se aproveitaram disso. Mas faz parte do trabalho. Eu quis ser grande, chegar no topo. Tem que aguentar pressão deste porte. Depois deste momento difícil consegui me reerguer e seguir em alto nível. Tenho 34 anos e estou bem, obrigado”, disse o zagueiro à reportagem.
Quatro anos após o vexame no Mineirão, Dante defende o Nice, clube no qual desembarcou no início da temporada 2016-17. É o capitão do time francês e um dos líderes dentro de campo ao lado do atacante Mario Balotelli. Neste ano, disputou com a equipe a primeira fase da Liga dos Campeões e os 16 avos de final da Liga Europa, fase na qual acabou eliminado pelo Lokomotiv Moscou.
“Eu me sinto bem jogando na França. Foi um desafio que coloquei na carreira, pois já tinha muitos anos na Alemanha [atuou lá entre 2009 e 2016] e queria algo diferente. Estou vivendo um bom momento, e estou muito feliz. Trabalho sério e de forma intensa a cada dia para poder ajudar o time”, disse.
A escolha pelo Nice após tantos anos na Alemanha Dante diz não ter relação com as consequências do 7 a 1.
“Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Mesmo porque depois da Copa fiquei no Bayern, ganhei outros títulos, e fui bem no Wolfsburg. É que sou aberto a tudo e adoro desafios”, afirmou.
Apesar de viver boa fase no Nice e estar jogando as principais competições do planeta, Dante nunca mais voltou a ter uma chance pela seleção após o Mundial. Desde lá, passaram pelo comando do time nacional Dunga e Tite.
Dos zagueiros que integravam o time nacional da Copa de 2014, David Luiz e Thiago Silva tiveram novas oportunidades e este último é nome certo no Mundial da Rússia. Henrique, o outro zagueiro e atualmente no Corinthians, também não foi mais convocado. Neste período, ganharam espaço atletas como Marquinhos, Miranda, Jemerson, Gil, Rodrigo Caio e Geromel.
“Eu sou um cara realista e lúcido. Neste tempo, chegaram jogadores jovens, jogando em alto nível. Infelizmente não pude voltar, mas vejo também coerência sobre tudo isso. Depois de uma decepção na Copa do Mundo, a seleção tem que passar por reformulação”, disse o zagueiro.
“Mas, por outro lado, sou competitivo e logo que perco quero jogar novamente, ter revanche. Isso está dentro de mim. Sou um cara que procuro sempre mostrar para mim mesmo que derrotas foram acidentes.”
Nesta terça-feira (27), sem Dante em campo, Brasil e Alemanha se enfrentarão pela primeira vez após o Mundial. O amistoso em Berlim servirá como preparação para as duas equipes para a Copa da Rússia.
E para o zagueiro, não deve passar mesmo de uma preparação. Para ele, uma vitória brasileira de nenhuma maneira servirá para vingar o 7 a 1 ou colocar a seleção brasileira na frente da alemã como favorita para ficar com a taça em 2018.
“Vejo este como um jogo amistoso e só. É um jogo no qual não podemos colocar um peso que não existe. O Brasil vai para ganhar, está crescendo, com um esquema bom e dinâmica boa. Mas ganhando ou perdendo não passa de mais um teste”, disse.
NEYMAR FEZ BEM AO FRANCÊS
Dante também teceu muitos elogios a Neymar, seu ex-companheiro de seleção, e disse que a presença do brasileiro teve um impacto muito bom para o Campeonato Francês.
Não apenas em termos de mídia, mas para fazer com que as outras equipes se movimentassem atrás de reforços para poder fazer frente ao PSG. Mas até agora isso está se provando difícil. O time da capital lidera o torneio com 17 pontos de vantagem para o Monaco.
“Foi muito boa a chegada dele. O Neymar é um jogador de classe mundial. Sabemos que está entre os três melhores do mundo. Ele aumentou o nível do torneio e fez os outros clubes se espelharem em trazer grandes jogadores. Espero que ele fique por muito tempo na França.”
Fonte: Folhapress
Créditos: Folhapress