O Vasco completa 121 anos nesta quarta (21), mas não há muitos motivos para comemorar. Apesar do trabalho de austeridade que a diretoria tem tentado executar, o clube enfrenta problemas com salários atrasados de jogadores e funcionários e deverá ter um boicote de parte dos conselheiros de oposição nas solenidades de aniversário que acontecem ao longo desta quarta.
Até o fechamento desta reportagem, o Cruz-maltino tinha o seguinte déficit de atrasos: funcionários que ganham até R$ 1.500 (junho e julho atrasados); funcionários que ganham acima de R$ 1.500 (maio, junho e julho); jogadores: (CLT de junho e julho, direitos de imagem de abril, maio junho e julho).
Tal situação motivou uma greve no início deste mês dos professores do Colégio Vasco da Gama, instituição de ensino que atende em São Januário atletas do clube menores de idade.
Diante do quadro, um grupo de torcedores se mobilizou, organizou uma “vaquinha online” para pagar os atrasados dos profissionais e conseguiu arrecadar em três dias mais de R$ 90 mil. Posteriormente, os organizadores se reuniram com a diretoria e aceitaram um acordo de utilizar a verba na reforma do colégio, que já está projetada e orçada em R$ 300 mil. Os professores, portanto, seguem com seus vencimentos em atraso.
Enquanto isso, o Vasco segue em busca de pagar ao menos uma folha até o fim desta semana. O clube ainda não conseguiu obter os R$ 20 milhões de empréstimos aprovado pelo Conselho Deliberativo, no dia 28 de junho, em função de penhoras, mas está otimista de que isto poderá acontecer em breve.
Grupos políticos de oposição que formam a base do possível candidato a eleição de 2020 Julio Brant provavelmente farão um “boicote” de seus conselheiros nas solenidades que estão previstas ao longo de toda esta quarta-feira nas sedes do clube.
Em nota oficial conjunta, eles condicionaram suas participações a cada um dos convidados custear do próprio bolso as despesas dos eventos. Argumentam que a comemoração institucional convocada pelo Conselho Deliberativo “perde o sentido dada as condições em que os funcionários do clube se encontram”.
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, o discurso da diretoria é otimista no que tange as finanças do clube. Segundo o presidente do clube, Alexandre Campello, o Vasco tem conseguido implementar uma política de austeridade mesmo diante dos obstáculos.
A confiança do dirigente se baseia nos números apresentados pelo balanço financeiro de 2018, o primeiro de seu mandato, que acena com um superávit de R$ 65 milhões, o que teria significado um aumento de receita de 30% e uma diminuição do endividamento de cerca de R$ 93 milhões.
Na avaliação de Campello, caso o Vasco mantenha essa linha, já terá um poder de investimento maior a partir de 2020. “Isso não se faz da noite para o dia. Não se pega um transatlântico e o simples fato de girar todo o timão para a esquerda faz com que ele reaja imediatamente. Isso leva um tempo. A gestão está num caminho certo, estamos caminhando a passos largos para resolver os problemas financeiros, mas isso leva um tempo. Mantendo essa trajetória de firmeza e austeridade em relação às despesas, acredito que em dois anos o clube já esteja saudável, com superávit e podendo investir no futebol ou patrimônio. Passará a ter um poder de investimento a partir de 2020”, disse à Rádio Globo.
A diretoria vascaína coloca como maior desafio sanar as dívidas a curto prazo motivadas pelas penhoras. Para isso, o clube tem buscado acordos que aliviem o fluxo de caixa, o que ainda não conseguiu atingir com total êxito, como mostram os salários atrasados.
“O Vasco tem algo em torno de R$ 300 milhões a 350 milhões de dívidas fiscais que estão equacionadas a longo prazo, então esse não é o problema. O grande problema são os R$ 250 milhões de curto prazo, muitos deles com penhoras imediatas. Para se ter uma ideia: daquilo que a gente recebe dos direitos de TV, desde de janeiro até hoje, não recebemos um centavo, porque tudo aquilo que estava disponível a ser pago ao Vasco já estava comprometido com endividamento, quer seja com o banco, quer seja com a penhora. Essa é a grande dificuldade”, declarou à Rádio Globo.
Um dos fatores que influenciaram bastante nas contas de 2018 do Vasco foi a venda do jovem atacante Paulinho para o Bayer Leverkusen (ALE) por R$ 76,7 milhões (deste montante, R$ 11,8 milhões foram repassados ao empresário Carlos Leite por conta de dívidas com o agente).
Este ano, porém, o clube ainda não conseguiu emplacar uma venda de grande magnitude, algo previsto em orçamento. As perspectivas para tal, aliás, são baixas, embora o atacante Talles Magno, de 17 anos, esteja despontando e já desperte o monitoramento de clubes europeus. Em outubro ele disputará o Mundial de sua categoria com a seleção brasileira, algo que poderá gerar ainda mais vitrine ao jovem.
Fonte: Noticias ao minuto
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