lentidão

TV aberta tem gol até 20 segundos antes que telas rivais no Mundial

 

A regra é clara: de graça é melhor. No caso das transmissões de TV, especialmente em época de Copa do Mundo, isso significa preciosos segundos de diferença entre o grito de gol do seu vizinho e o seu.

Para entender o atraso entre os diferentes tipos de tecnologia empregados, a Folha realizou uma experiência na casa de uma torcedora infeliz. “Aqui na sala de casa está impossível de assistir. A vizinhança grita antes de tudo acontecer”, diz a fotógrafa Lucia Mindlin Loeb, comentando um aparente paradoxo temporal.

Além da transmissão pela Globo por meio de serviço de TV paga que a torcedora já possuía, a reportagem conectou uma segunda televisão em uma antena externa —reproduzindo o que muitas pessoas possuem em apartamentos com antenas coletivas. Esse segundo aparelho foi sintonizado na Globo aberta.

Além disso, um iPad e um computador foram conectados, via wi-fi, na Globoplay, serviço de streaming da mesma empresa. Todas as telas passavam o mesmo jogo, França x Dinamarca, mas as imagens que se viam eram muito diferentes.

A TV aberta é a que traz a transmissão mais rápida. Entre quatro e cinco segundos depois, chegam as mesmas imagens na TV paga. E, pela internet, o tablet e o computador se alternavam, entre 15 e 20 segundos atrás da TV aberta.

“Nenhuma surpresa aí”, atesta o diretor de tecnologia da Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão (Abert), Luiz Carlos Abrahão. “A TV é transmitida para a antena da avenida Paulista, por exemplo, ao mesmo tempo em que o sinal fica disponível para as empresas de TV paga. Então, as empresas irão levar esse sinal para suas sedes, cada um por uma forma, e depois encaminhá-las para os assinantes, seja por fibra ótica ou satélite. Daí o delay de alguns segundos.”

Além do trajeto maior, diz Abrahão, o atraso ocorre porque o sinal é codificado e decodificado em cada uma dessas pontas. O fato de a Copa estar ocorrendo na Rússia não muda nada. Tudo chega por fibra óptica —através do continente europeu e por cabos submarinos no Atlântico— na sede da Globo no Rio e só então a distribuição nacional começa.

Sem entrar em tantos detalhes, o departamento de comunicação da Globo respondeu à questão “Por que o gol chega mais rápido na TV aberta do que na TV paga?” da seguinte forma: “O tempo de transmissão da imagem que chega para o público depende de inúmeros fatores, como as etapas de processamento do sinal. A distribuição do sinal é influenciada, ainda, pela localidade, pela operadora de TV utilizada, pela plataforma em que se está assistindo, pela velocidade da internet —no caso do —streaming, apenas para citar algumas dessas variáveis. Na Globo, investimos constantemente para que a experiência do público seja a melhor possível, em todas as nossas janelas de exibição.”

Moradora da Vila Buarque, na região central de São Paulo, a designer Andrea Kulpas disse que se sentiu obrigada a ir para a casa de amigos no último jogo do Brasil, na tarde de quarta-feira (27). “Me sinto traída. Estou pagando e parece que estou vendo um VT. Aqui tem um bar em frente e é uma depressão assistir ao jogo assim.”

Ficando em casa, quando é gol, ela sabe antes que o centroavante receba a bola. Quando é lance perigoso, ela ouve um “uhhh” e já descobre que não será gol. “A gente ia cancelar o serviço antes da Copa. Resolvemos esperar justamente para assistir aos jogos”, reclama.

A situação movimentou o mercado de antenas na mais tradicional rua de comércio eletrônico de São Paulo, a Santa Efigênia. A loja Ponto das Antenas filiais parece ser a meca do momento.

“A procura dobrou”, conta o vendedor Gilson Santos, que oferece kits de conversor digital com antena a partir de R$ 98. São vendidos cerca de 70 kits por dia, diz ele. “E, quando o Brasil ganha, a procura aumenta”, comemora.

Fonte: UOL
Créditos: UOL