Essas mensagens foram enviadas pelo goleiro do São Paulo, Jean Paulo Fernandes, a sua esposa, Milena Bemfica, depois de ela acusá-lo de agressão em vídeos publicados no Instagram. Desde a manhã de quarta (18), o jogador está preso na Flórida, Estados Unidos, por violência doméstica.
Não à toa, relacionamentos abusivos são acompanhados por frases usadas pelo agressor para pressionar, amedrontar e coagir a mulher a ficar quieta ou a manter o relacionamento amoroso.
Uma das táticas é, justamente, incluir os filhos e o emprego no meio da discussão. Especialistas e mulheres listam outras frases como as de Jean que devem despertar um alerta sobre um relacionamento abusivo.
“Fui demitido por sua culpa”
É comum que um agressor culpe a parceira por frustrações profissionais ou use o clima tenso do relacionamento por uma demissão. A psicóloga Eliza Guerra, especialista em autoestima feminina, explica que o agressor costuma transferir o “fator trabalho” para gerar culpa na parceira.
“Você vai ficar sem nossos filhos”
Incluir os filhos em meio às discussões desperta na mulher o medo de tomar uma decisão definitiva, como denunciar uma agressão ou pedir o divórcio. A frase ataca o laço afetivo mais sensível do relacionamento, que é apontado como um dos motivos para que relacionamentos tóxicos e abusivos mantenham-se por anos e continuem girando a roda do chamado “ciclo da violência”. A separação dos filhos após um processo é considerada crime de Alienação Parental.
“Sem mim, você não tem mais ninguém no mundo”
Essa frase serve para que o homem se coloque no controle do bem-estar da mulher. Assim, mesmo infeliz, ele a pressiona a acreditar que não há felicidade se não for com ele. “A mulher fica em um lugar de inferioridade diante do parceiro e como incapaz de estabelecer outras relações em que possa ser amada”, explica Guerra.
“Você só é o que é hoje por minha causa”
“Outra frase de abuso psicológico, que coloca o parceiro ou a parceira em uma condição de endividamento emocional”, explica Simone Januário, psicóloga especializada em relacionamentos e sexualidade. Em um relacionamento saudável, as duas partes se ajudam mutuamente.
Além de física, violência psicológica também é crime
A Lei Maria da Penha classifica violência psicológica como qualquer conduta que cause dano emocional e à autoestima da mulher, que prejudique o seu pleno desenvolvimento, que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. Isso inclui ameaça, manipulação, chantagem, insultos, xingamentos e frases agressivas.
Como denunciar violência doméstica
Em casos de emergência de violência doméstica, como agressões físicas, a vítima deve ligar para a Polícia Militar no número 190.
Todas as delegacias no Brasil podem registrar um boletim de ocorrência por violência doméstica, crime amparado pela Lei Maria da Penha.
Caso se sinta mais confortável, busque uma Delegacia da Mulher. O atendimento especializado funciona em todos os estados brasileiros. É possível pedir uma medida protetiva de urgência em qualquer delegacia.
As demais denúncias podem ser feitas pelo Disque 180, serviço que envia o caso ao Ministério Público e dá orientações jurídicas e de saúde. O número funciona todos os dias da semana, inclusive em feriados.
Fonte: UNIVERSA
Créditos: UNIVERSA