Após muito se falar em Palmeiras e Chelsea numa final do Mundial de Clubes da FIFA e lembrar que ambos precisariam passar na semifinal – o que de fato aconteceu, a decisão é cercada de uma dúvida: quem é o favorito para o título?
Um dos temas que cerca o imaginário do torcedor é o favoritismo. Futebol é uma disputa para ver quem é melhor. O jogo foi inventado para isso entre as elites inglesas, e quando virou um espetáculo para as massas, passou a criar esse sentimento de disputa entre torcidas. Futebol é sobre identificação. É sobre se sentir pertencente a algo de valor.
Apontar um favorito é uma forma de controlar a ansiedade ou se preparar para algo. O torcedor do Chelsea sabe que seu time é favorito por ter enfrentado adversários mais difíceis, por ter um time mais caro e qualificado que o do Palmeiras e pelo histórico de europeus na competição. A torcida do Palmeiras sabe que o time tem chances por ter um técnico extraordinário, um elenco comprometido e mais experiente que o Chelsea em decisões.
Como descobrir isso? Com exercícios bem comuns antes do jogo. Os times são comparados, lado a lado, e um onze ideal é traçado. Quem é melhor? Como definir quem é melhor? Se você parar pra pensar, toda conversa de bar, mesa redonda ou papo descontraído com os amigos tem como pressuposto um jogo que não acontece exatamente no campo, mas sim em nossa mente, naquilo que vemos do jogo.
Outro fator que pesa na comparação é o dinheiro. O Chelsea gastou cerca de 650 milhões de euros para montar o elenco atual. O Palmeiras gastou pouco mais de 32 milhões de euros. Valores apenas de compra de jogadores. A equipe inglesa tem um investimento quase que 20 vezes maior que a da brasileira. É claro que o Chelsea é favorito. Mas o Palmeiras não é uma zebra se vencer.
Dentro de campo, o futebol é essencialmente uma disputa por espaço. Estão envolvidas qualidades individuais, coletivas, mentais e estratégicas. Um time quer criar espaço na defesa do outro até chegar o gol. O outro quer evitar que esse espaço seja criado. Todo o favoritismo que existia antes cai por terra se um time faz uma dessas ações de uma forma melhor que o outro, seja lá por qual motivo.
Quem deu uma boa explicação para isso foi o volante Ramires, único jogador a ter passado pelas duas equipes. Em entrevista ao ge, ele explicou o que pensa do jogo:
Muita gente aponta o Chelsea como um adversário “menor”. Mas não podemos esquecer que esse time bateu o Manchester City na final da Liga dos Campeões e liderava o Campeonato Inglês há alguns meses. Eliminou o Real Madrid de Zidane. Foi melhor que muitos adversários porque fez as coisas de uma forma melhor. Mesma história para o Palmeiras, que venceu o Flamengo numa final, superou o time que mais investiu no Brasil na semifinal (Atlético-MG) e um rival que nunca tinha vencido na Libertadores (São Paulo).
No fim, o jogo é uma disputa de espaço onde um time tenta coletivamente impor seus pontos fortes e esconder seus pontos fracos. Quem é o favorito? Uma resposta interessante pode ser quem se prepara mais para o caos do jogo. Afinal, a única coisa que uma equipe pode fazer antes é tentar se preparar para isso. Tanto Palmeiras como Chelsea estão preparados. Thomas Tuchel e Abel Ferreira acreditam em variações, imposições e times que estudam o adversário.
O favorito continua sendo o Chelsea. Mas isso, quando o jogo começar, não vai importar tanto. O melhor time do mundo será aquele que fará as coisas que o jogo pede da melhor forma. Algo que o dinheiro nem sempre compra. E o favoritismo nem sempre aponta.
Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba