Itamar Schulle fez do Botafogo-PB a sua segunda casa. O agora ex-comandante nunca escondeu o afeto pelo clube desde a sua primeira passagem, em 2010. Conhecido por fazer trabalhos duradouros por onde passou, em sua segunda missão no Belo não fez diferente. Teve respaldo da diretoria, tempo para modelar a equipe e boas respostas dentro das quatro linhas.
Após deixar escapar o sonho do acesso à Série B nos acréscimos do mata-mata diante do Boa Esporte-MG, em 2016, o catarinense de 50 anos renovou o seu contrato com o time da estrela vermelha com o aval de toda a diretoria e quase unânime preferência da torcida. O título estadual alcançado no primeiro semestre de 2017 deu fôlego ao treinador, depois de outro fracasso na Copa do Nordeste e a vexatória eliminação na Copa do Brasil para o São Francisco-PA.
Mas as cinco derrotas consecutivas no Campeonato Brasileiro da Série C culminaram na queda gradativa do time na tabela de classificação. A consequência não foi muito diferente do que os treinadores brasileiros vivenciam no Brasil.
Visivelmente abalado, Itamar Schulle concedeu uma entrevista coletiva na tarde de ontem no CT da Maravilha do Contorno ao lado do presidente Zezinho do Botafogo, formalizando a sua saída do clube.
– É um momento difícil e triste. Nós chegamos aqui no dia 9 de dezembro de 2015 e hoje estamos de partida. Tínhamos seis atletas. Romarinho, Edson, Djavan, Warley, Lukinhas e o Gustavo. Começamos uma reformulação em todos os sentidos. Não tínhamos academia. Gastávamos muito dinheiro com academia. Não tínhamos piscina. Não tínhamos nem concentração. O clube, de lá para cá, cresceu muito. Junto da torcida, colaboradores e diretoria, foi construída uma academia muito boa e uma piscina. Hoje temos um centro de recuperação de atletas. Pedimos muito e fomos atendidos. O Botafogo-PB cresceu muito. Por onde se passa, o Botafogo-PB é respeitado. Isso é fruto de um trabalho de uma diretoria competente, de uma comissão técnica, de funcionários e dos atletas que passaram e que estão aqui – disse.
Itamar destacou a boa temporada realizada em 2016 à frente da equipe.
– Fizemos, em 85 anos, a melhor Copa do Brasil de toda a história do clube. Fomos eliminados pelo Palmeiras. Estou aqui falando de uma saída numa série C. Poderia estar falando de uma saída numa série B. Tomamos um gol aos 50 minutos do segundo tempo, em um jogo em que fomos melhores. O futebol é assim. De lá para cá, o clube evoluiu. Eu vesti a camisa do Botafogo-PB. Me tornei um torcedor nesse período que estive aqui – explicou.
O treinador justificou a queda de rendimento do Belo na série C, e admitiu ter a sua parcela de culpa diante do cenário que a equipe vem passando na competição.
– Em 2017, conseguimos o título de Campeão Paraibano. Para mim, foi uma honra e uma alegria muito grande. Há três rodadas estávamos entre os quatro melhores da Série C. Éramos a melhor defesa da competição. Tivemos um jogo que não foi bom contra o Fortaleza. Nos outros jogos, criamos inúmeras oportunidades e a bola insistia em não entrar. Tomamos gols que não se pode tomar em cima de tanto trabalho que é feito. São coisas do futebol. Eu tenho um pouco de culpa. Esse crescimento do clube gera sonhos. E o mesmo sonho que o torcedor tem, é o meu sonho. Meu sonho era subir o Botafogo-PB – finalizou.
O técnico deixa o cargo com o Belo na sétima colocação do Grupo A da terceira divisão com 14 pontos conquistados, restando seis rodadas para o fim da primeira fase. O próximo desafio será no sábado (05), às 20h, quando enfrentará o Salgueiro-PE fora de casa.
Fonte: Voz da Torcida