O Santos pretende entrar na próxima semana com ação na Justiça cobrando multa de cerca de R$ 10 milhões de Jorge Sampaoli por rompimento contratual. Os advogados santistas trabalham na elaboração da petição inicial.
Desde a última segunda, após desastrosa reunião entre o argentino e o presidente do clube, José Carlos Peres, o alvinegro encara a relação com sua comissão técnica como uma guerra. Os passos seguintes da direção foram cuidadosamente calculados. Praticamente toda a estratégia girou em torno da multa rescisória prevista no contrato de trabalho do treinador.
Na reunião com Peres, Sampaoli não assinou um pedido de demissão, mas deixou claro que não ficaria no clube. O dirigente disse ao Comitê de Gestão que o treinador queria a liberação de quatro integrantes de sua comissão técnica sem pagar multa. No dia seguinte, o presidente avisou ao treinador que o CG, presidido por ele, determinou que o clube cobrasse as multas de todos assistentes. Elas superam R$ 3 milhões.
No final da noite da última terça (10), o Santos anunciou em seu site que Sampaoli havia pedido demissão no dia anterior. Foi um movimento tático. A divulgação do comunicado aconteceu pouco antes de se encerrar o prazo de validade da multa rescisória prevista no contrato do argentino. Assim que a quarta-feira começasse ele estaria livre para deixar o clube sem nada ter que pagar. Então, o alvinegro registrou publicamente sua versão de que a demissão teria ocorrido ainda durante a vigência da penalidade contratual.
Na outra trincheira, Sampaoli formalizou sua saída no dia 11, quando a multa já tinha caído. Ele considera não ter que pagar para dar adeus à Vila Belmiro. O treinador também fez questão de registrar publicamente sua decisão quando a penalidade não existia mais. Divulgou uma carta de agradecimento ao Santos. Os documentos produzidos pelas duas partes provavelmente serão usados na disputa judicial.
A reunião em que o Santos alega ter ouvido o pedido demissão aconteceu na segunda de manhã. Mas o clube só publicou a nota quase no final da terça-feira. Nesse intervalo, Peres já comandava suas tropas em direção ao combate com a comissão técnica estrangeira. Entre as primeiras decisões estava a medida de ressaltar que os quatro integrantes da comissão trazidos por Sampaoli são funcionários do alvinegro sem vínculo empregatício com o técnico. A ideia era dizer que o trabalho deles continuava interessando ao clube, mesmo após a saída do comandante. Isso os obrigava a pagarem suas multas rescisórias para poderem seguir o chefe, desejado pelo Palmeiras.
Por sua vez, o batalhão argentino também avançou no campo de batalha. Foi à Justiça para tentar a liberação contratual sem ter que pagar a multa. Na manhã da última quinta (12), a Justiça do Trabalho negou pedido de liminar feito por Sampaoli para se livrar do vínculo alegando que o Santos não depositou por quatro meses valores referentes ao FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). A Justiça entendeu que não há motivo para a concessão e que o treinador deve aguardar a tramitação do processo. Os assistentes do técnico também não obtiveram sucesso. Uma audiência foi marcada para 3 de fevereiro.
Fonte: Uol
Créditos: Uol