A seleção brasileira masculina de vôlei tem um novo comandante, mas permanece nas mãos de alguém que fez história dentro da modalidade no país e construiu sua carreira de maneira bem semelhante à de seu antecessor. Assim como Bernardinho, que deixou a seleção nesta quarta-feira, Renan Dal Zotto fez parte da chamada “Geração de prata” de 1984, dirigiu clubes italianos no início de sua trajetória como treinador e tem um perfil exigente na gestão de seus projetos. Fora das quadras, os dois ícones do voleibol brasileiro são amigos, fato que gera troca de informações e parceria no trabalho para o próximo ciclo olímpico.
– A influência é sempre positiva. Nossa relação é muito boa. Como eu fazia também com ele, tenho certeza que ele vai me ajudar nos momentos de dificuldade. Acho que qualquer treinador gostaria de ter alguém como ele dando sugestões. Vaidade é a última coisa que nos move ali dentro. Vai ser muito bom tê-lo ao meu lado – disse Renan, em sua apresentação como treinador da seleção nesta quarta.
Nascido na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, no dia 19 de julho de 1960, Renan tem 56 anos, começou a praticar vôlei na escola com 12 anos e chegou à seleção juvenil em 1978. Como atleta, atuou pelo Brasil em três Olimpíadas, três Mundiais, três Pan-Americanos e dois Mundialitos. Foi um dos destaques da conquista da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles, na equipe que também contava com Bernadinho, e ainda disputou Moscou 1980 e Seul 1988.
Depois da Olimpíada de 1988, Renan foi contratado pelo Maxicomo-Parma e virou o “Rei da Itália”, ao conquistar títulos do Italiano, da Copa da Itália e do Campeonato Europeu. Em 1993, após uma breve passagem pelo Messaggero/Ravenna, encerrou sua carreira como jogador.
Como treinador, Renan começou em 1993 dirigindo o Palmeiras, foi vice da Superliga Masculina e vice do Paulista. Depois, passou por outros clubes brasileiros em Chapecó, Rio de Janeiro e Florianópolis, conquistou títulos estaduais, da Superliga e ganhou seu último troféu como técnico em 2007, a Copa da Itália, quando estava no Treviso. Como gestor esportivo, aumentou ainda mais o seu currículo de conquistas.
Em 2015, Renan Dal Zotto entrou para o Hall da Fama do Vôlei Internacional. Além dele, o Brasil é representado por outros grandes nomes da modalidade, como Carlos Arthur Nuzman, Nalbert, Adriana Behar, Shelda, Sandra Pires, Jackie Silva, Emanuel, Bebeto de Freitas, Mauricio, Ana Moser e Bernard Rajzman.
E foi na área administrativa que Renan voltou à seleção brasileira. No último ciclo olímpico, para a Olimpíada Rio 2016, ele foi diretor de seleções da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), contribuiu no momento do escândalo de corrupção que causou a renúncia do ex-presidente Ary Graça, hoje presidente da Federação Internacional (FIVB), e teve o trabalho coroado com o ouro nos Jogos do Rio, o último dos muitos títulos de Bernardinho no comando da seleção.
Fora das quadras, Renan é amigo pessoal de Bernardinho, sendo inclusive padrinho do levantador do Sesi-SP e da seleção Bruninho, filho do ex-técnico do Brasil. As semelhanças continuam no fato de ambos os técnicos darem palestras focadas em liderança, espírito de equipe, superação e gestão. Planejamento e exigência fazem parte da filosofia de ambos. Com tanta coisa parecida, resta agora a Renan Dal Zotto a missão de manter a seleção masculina de vôlei na rota de conquistas pelo mundo.
Fonte: Globo Esporte