Mesmo sem participar de modalidades como raquetebol e da pouca representatividade nas disputas de pelota basca, esqui aquático e squash, que não são olímpicas, a delegação nacional chegou à marca de 54 ouros e 164 pódios, estabelecendo novos recordes em ambos. Caminha, assim, para o último dia de provas folgada na segunda posição do quadro de medalhas. Na edição carioca do evento, foram 52 ouros e 157 pódios. Estendendo a comparação, em Guadalajara-2011, foram 48 e 141, respectivamente. Assim como em Toronto, 42 e 141.
O sábado (10) ofereceu 22 medalhas, com oito ouros e seis modalidades diferentes subindo ao pódio. Agora, e não é que a contagem de ouros e medalhas na capital peruana poderia ter sido até maior, se alguns favoritos tivessem apresentado melhor desempenho ou contado com um pouco mais de sorte? Vejamos.
Ventos a favor
As horas gastas durante toda uma semana de regatas no litoral peruano renderam aos velejadores brasileiros sua devida recompensa. Na soma de medalhas do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), eles fizeram sua parte. Ou talvez até mais do que o esperado. No encerramento da modalidade, foram três ouros: Martine Grael e Kahena Kunze confirmaram a medalha na classe 49er FX, enquanto Bruno Lobo venceu na kite e Matheus Dellagnelo na sunfish. No fim, essa foi a melhor campanha brasileira na história pela vela, em total de medalhas.
Heróis improváveis na pista e na piscina
Depois de quatro dias praticamente perfeitos no estádio de Videna, o Brasil teve um sábado de decepções no atletismo salvo por um herói improvável. Pouco badalado ainda que tenha sido finalista olímpico no Rio, Altobeli Santos ganhou os 3.000m com obstáculos e faturou sua segunda medalha – a primeira havia sido a prata nos 5.000m.
O ouro compensou algumas frustrações. Três dos principais nomes da modalidade no país saíram sem medalhas: o campeão olímpico do salto com vara Thiago Braz, o vice-campeão mundial indoor do salto triplo Almir Jr, e o recordista sul-americano dos 110m com barreiras Gabriel Constantino, que sofreu uma queda na final e saiu de cadeira de rodas de quadra.
Já no último dia de provas da natação, o Time Brasil celebrou apenas um ouro dessa vez. Mas foi uma conquista inédita, especial nos 1.500m livre, com Guilherme Costa, o “Cachorrão”‘. A prova não é das mais competitivas para o país, mas, se depender de Guilherme, isso muda a partir de agora. “Nadei bem melhor que no Mundial e tive pouco tempo de acertar. Pude me recuperar bem. É um sonho para mim. É a competição que mais gostei de nadar. Diferente e estou muito feliz”, disse.
Um recomeço
Desacreditado depois de campanhas vexatórias na últimas edições da Copa América e do Sul-Americano, o basquete feminino brasileiro ressurgiu no Pan. A seleção vence o torneio pela primeira vez depois de 28 anos, com 79 a 73 diante dos Estados Unidos, logo em sua primeira competição sob o comando de José Neto, que fez sua estreia dirigindo mulheres no torneio de Lima.
Em toda história dos Jogos Pan-Americanos, esta foi apenas a quarta medalha de ouro do Brasil no basquete feminino. As duas primeiras foram com a geração de Norminha e Maria Helena, em 1967 e 1971, e a terceira com Paula, Hortência e Janeth em Havana, em 1991.
Artes marciais
O brasileiro Eduardo Yudy precisou de menos de meio minuto para conquistar a medalha de ouro na categoria meio médio (até 81 kg) do judô. Yudy, que nasceu na cidade japonesa de Shimotsuma, conseguiu um ippon contra o dominicano Medickson Del Orbe em apenas 18 segundos para conseguir a vitória na final. Ele é o terceiro judoca do país a ser campeão em Lima.
Filho de imigrantes brasileiros que foram morar no Japão, Yudy citou judocas como Flávio Canto e Thiago Camilo como suas inspirações no esporte. “A minha base vem do Japão. Só que eu acho que comecei a crescer mesmo no Brasil, onde comecei a ter contato com o judô internacional. Isso deu mais oportunidade de conhecer estilos de judô diferentes.”
Já o caratê entregou seu primeiro ouro hoje, com uma das referências nacionais da modalidade, Valéria Kumizaki. Ela venceu suas duas lutas do dia e se tornou bicampeã pan-americana na categoria até 55kg. Aos 34 anos, Valéria agora acumula quatro medalhas pan-americanas em sua carreira. Ela subiu ao pódio do evento em suas últimas quatro edições, começando com uma prata no Rio de Janeiro-2007. Depois, levou um bronze em Guadalajara-2011.
Derrotas dolorosas
Se o basquete ganhou o título e o polo aquático levou o bronze nos torneios masculino e feminino, duas equipes brasileiras sofreram derrotas bastante dolorosas. Destaque para um revés histórico da seleção de vôlei feminino, que perdeu de virada para a Colômbia depois de vencer os dois primeiros sets. Preparando seu adeus à modalidade, o supercampeão técnico José Roberto Guimarães definitivamente não contava com essa.
Já a equipe do tênis de mesa feminino ficou muito perto de vencer o Pan pela primeira vez. A promissora Bruna Takahashi primeiro derrotou a favorita porto-riquenha Adriana Díaz. Depois, no quinto e último confronto da série, caminhava para atropelar Melanie Díaz, vencendo as primeiras parciais por 11/3 e 11/6. Faltava apenas mais um triunfo para fechar a conta. Mas também permitiu a virada de sua rival. O resultado final foi a prata. O time masculino caiu diante dos Estados Unidos na semifinal.
Fonte: UOL
Créditos: UOL