O Campeonato Brasileiro de 2023 tem a marca do futebol paraibano. O atacante Tiquinho Soares é o craque do torneio, artilheiro de forma isolada com 15 gols, o paraibano ajudou o Botafogo – RJ a chegar à primeira colocação faltando menos de 15 rodadas para o fim do torneio.
O alvinegro carioca ainda tem os pontas Carlos Alberto e Luis Henrique, e o lateral Hugo, formando um quarteto de paraibanos que estão próximos de ganhar um título que não pinta em General Severiano desde 1995.
Pensando na possibilidade de termos quatro novos conterrâneos campeões nacionais, o Polêmica Paraíba apresenta quem foram os paraibanos campeões brasileiros desde a criação do torneio em 1959.
Júnior – Flamengo: Considerado por muitos o maior jogador nascido no estado, Júnior é o maior campeão do grupo, vencendo o Brasileirão em quatro oportunidades. Um dos pilares do time do Flamengo que encantou e dominou o Brasil nos anos 80, ao lado de crias da base do naipe de Leandro, Andrade, Adílio e Zico, o pessoense foi tricampeão em 1980,1982 e 1983, sendo escolhido na seleção do Bola de Prata da Revista Placar em 1980 e 1983.
Após ficar mais de 6 temporadas atuando no futebol italiano, Júnior retorna ao Flamengo em 1989, mudando de posição, virando um maestro do meio-campo, após jogar a vida inteira como lateral-esquerdo.
Com a aposentadoria de Zico no final de 89, Júnior assume o posto de capitão e cérebro da equipe conquistando a Copa do Brasil em 1990 e vencendo seu último Brasileiro no ano de 1992, já com 38 anos de idade, em um time recheado de garotos, os quais podemos citar, Paulo Nunes, Junior Baiano, Marcelinho Carioca e Djalminha, que lutando contra todos os prognósticos venceu o rival Botafogo na decisão.
Júnior foi o craque dessa final fazendo gols decisivos nos dois jogos, o que coroaram sua temporada perfeita, com a Bola de Ouro da Revista Placar, a maior honraria individual que um atleta pode alcançar no Campeonato Brasileiro.
Mazinho – Vasco e Palmeiras: O lateral nascido em Santa Rita, é o único da nossa lista que venceu o Brasileirão por duas equipes diferentes. Após jogar nas categorias de base do Santa Cruz de Santa Rita, foi para o Vasco da Gama antes de chegar nos profissionais, onde subiu ao time em 1985, junto com Romário, Lira e Mário Tilico.
A partir de 1987 se tornou titular da equipe carioca, sendo eleito para a seleção do Bola de Prata da Placar, como o melhor lateral direito da competição em três edições seguidas (1987,1988 e 1989). Suas boas atuações o levaram a seleção brasileira que foi Campeã da Copa América em solo brasileiro após 40 anos em julho de 89. Na sua volta ao Vasco, Mazinho e o time que tinha Bismarck, Acácio e Sorato se torna Campeão Brasileiro ao vencer o São Paulo no Morumbi.
Após passar por Lecce e Fiorentina na Itália, Mazinho volta ao Brasil em 1992, no começo da era Parmalat no Palmeiras. Agora jogando como volante, o paraibano era peça fundamental em um elenco recheado de craques como, Evair, Edmundo, Zinho, Roberto Carlos e Edilson, que venceu o Brasileirão de 1993 ao derrotar o Vitória da Bahia, de Dida, Vampeta e Alex Alves.
Mazinho deixou o Palmeiras no meio do ano seguinte, quando se tornou o único paraibano Campeão da Copa do Mundo sendo titular na reta final da campanha que trouxe o tetra ao Brasil.
Hulk – Atlético-MG: O caso de Hulk é algo especial pois o paraibano de Campina Grande praticamente não jogou profissionalmente no Brasil até 2021. Revelado no Vitória, Hulk foi vendido para o Japão tendo jogado apenas 2 jogos no time principal do clube baiano. Após passar por times asiáticos, foi no Porto de Portugal que Hulk estourou ganhando títulos importantes e sendo considerado um dos melhores jogadores da europa.
O campinense também passou por Zenit da Rússia, quando foi convocado para a seleção na Copa do Mundo de 2014 e pelo clube chinês Shanghai SIPG por onde atuou 4 anos. Afirmando querer voltar a atuar no futebol brasileiro, Hulk preferiu ir para o Atlético-MG no começo de 2021, preterindo propostas de Grêmio e Palmeiras.
O começo de Hulk foi bastante problemático, chagando a ficar fora do banco de reservas do time durante o Campeonato Mineiro. Mas os ânimos se acalmaram e o segundo semestre do paraibano foi perfeito, pois ele se tornou o primeiro jogador a ser campeão e artilheiro do Brasileirão e da Copa do Brasil em uma mesma temporada, um feito inédito.
Hulk foi o artilheiro do Brasil na temporada de 2021, com 36 gols em 68 jogos, além de prover 13 assistências. Seu protagonismo na conquista da tríplice coroa do Atlético o rendeu os prêmios Bola de Ouro da Placar, Craque do Brasileirão e Bola de Ouro da Copa do Brasil.
Fábio Santos – São Paulo: Fábio dos Santos Barbosa nasceu em Campina Grande e começou a carreira no Santo André-SP em 1999. Após ser Campeão Paulista com o São Caetano em 2004, Fábio foi vendido para o Nacional de Portugal.
No mesmo retornou para o Brasil, dessa vez sendo contratado pelo Cruzeiro onde viveu sua melhor fase, jogando quase 70 jogos pelo clube mineiro e sendo Campeão estadual em 2006. O volante conseguiu a transferência da sua carreira, quando foi negociado com o todo poderoso Lyon, onde conquistou o Campeonato Francês de 2007.
Em 2008 foi emprestado ao São Paulo por seis meses. No entanto o clube rescindiu o contrato em comum acordo com o jogador em junho de 2008, após uma briga envolvendo ele e o meia Carlos Alberto, que também foi dispensado após o envolvido. Fábio é considerado Campeão Brasileiro por ter disputado os três primeiros jogos daquele Campeonato, no qual o tricolor paulista se sagrou Hexacampeão Nacional.
Rinaldo – São Paulo: Antônio Rinaldo Gonçalves, mais conhecido como Rinaldo, começou a carreira no Campinense, depois passando pelo Treze. Entre 1987 e 1988, pelo Santa Cruz, marcou 5 gols em 36 jogos da Série A. Se destacando, foi comprado pelo Fluminense, em que fez 7 gols em 21 jogos.
No tricolor carioca, foi convocado pelo técnico Falcão para um amistoso contra a Seleção do Resto do Mundo, em comemoração aos cinquenta anos de Pelé, que jogou no primeiro tempo. Um lance marcante da partida, foi quando Rinaldo preferiu chutar em vez de passar para Pelé, que estava livre e que reclamou com o paraibano.
A pedido de Telê Santana, foi contratado pelo São Paulo, em 1991. Apesar de não ter sido titular, foi campeão de competições importantes: Campeão Paulista de 1991, entrando como reserva na ida da final, no lugar do também paraibano Suélio Lacerda e Campeão Brasileiro do mesmo ano atuando em 10 jogos daquela campanha.
O título credenciou a equipe para a Libertadores do ano seguinte, quando Rinaldo fez um gol decisivo, pelo jogo de ida da semifinal, contra o Barcelona de Guayaquil, que levou ao primeiro título continental do tricolor paulista.
Nenzinho – Bahia: Manoel Ferreira de Freitas, mais conhecido como Nenzinho, nasceu em Campina Grande no dia 16 de setembro de 1933.
Antes de jogar no Bahia e conquistar o título brasileiro de 1959, Nenzinho jogou nos três grandes do futebol pernambucano (Sport, Santa Cruz e Náutico). Chegou a Salvador em 1958 e, além da Taça Brasil, conquistou ainda os títulos baianos de 1958 e 1959.
Foi como zagueiro que Nenzinho entrou para a história. Numa partida perfeita, o Bahia venceu o Santos por 3 a 1 no Maracanã. Aquela decisão teve outras particularidades: Pelé, machucado, não jogou, o que nada diminui o feito do tricolor de aço, pois o Santos daquela época, mesmo sem o Rei, tinha um dos melhores elencos do mundo.
Nenzinho nunca jogou na Paraíba, além do trio de ferro de Pernambuco, e do Bahia, jogou ainda no Central de Caruaru. Morreu assassinado em Recife. De acordo com as investigações da época, vítima de um crime passional.
Gérson – Corinthians: Gérson dos Santos Cosmo, chegou ao Corinthians credenciado como um dos melhores laterais-direitos do Nordeste, depois de grandes temporadas pelo Botafogo-PB.
O paraibano chegou para ser titular, mas não conseguiu se adaptar ao clima da capital paulista, ” Eu tive uma dificuldade muito grande de adaptação. Não ao futebol, e sim ao clima. O frio me prejudicou muito. E com essa dificuldade de adaptação acabei não tendo sequência”.
Gérson jogou apenas três jogos naquela campanha, o que fizeram com o paraibano também se tornasse parte daquela conquista, que foi o primeiro título nacional da equipe do Parque São Jorge.
Além do título brasileiro de 1990 e de dois paraibanos 1986 e 1988, Gérson só encontrou sucesso no futebol alagoano. Foram mais três taças para a coleção, dividindo a idolatria dos dois maiores clubes do estado. Ganhou títulos pelo CRB (1992 e 1995) e pelo CSA (1994). Fora isso, teve passagens por clubes como Ceará, Uberlândia, Caldense, Ituano e Anapolina.
Neco – Sport: Manuel Carlos de Luna Filho, mais conhecido como Neco, nasceu em Umbuzeiro e jogou no Sport de 1982 a 1994. Foi cria das divisões de base do clube. Era um ponta-esquerda de muita habilidade e velocidade.
Uma das jóias produzidas na Ilha do Retiro ganhou confiança do então treinador rubro-negro, Émerson Leão, em 1987. Vestindo a camisa rubro-negra, Neco ganhou sete títulos: cinco estaduais, um Brasileiro da Série B (1990), além do Campeonato Brasileiro de 1987.
Após encerrar a carreira, Neco trabalhou por muitos anos como técnico das divisões de base do clube da Ilha do Retiro.
Fonte: Vitor Azevêdo/GEPB
Créditos: Polêmica Paraíba