MUDANÇA

Joanna Maranhão comenta o atual estado do esporte brasileiro

Aos 29 anos, Joanna Maranhão foi apresentada nesta terça-feira pela Unisanta, seu novo clube, onde treinará e fará pós-graduação de natação direcionada para idosos.

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Aos 29 anos, Joanna Maranhão foi apresentada nesta terça-feira pela Unisanta, seu novo clube, onde treinará e fará pós-graduação de natação direcionada para idosos. Mas a mudança pode não ser só de clubes para a nadadora. A pernambucana, especialista em provas medley, já disputou quatro Olimpíadas em provas de piscina e agora vai treinar ao lado de Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto, que competem na maratona aquática. E com dois grandes nomes da modalidade ao lado, Joanna não descarta uma mudança na carreira.

– Por que não (disputar a maratona aquática)? Já vivi tanta coisa na natação. É um esporte diferente. Pode ser que eu tente e não me adapte de jeito nenhum. Mas pode ser que eu tente e de repente tenha uma oportunidade nova para mim. Eu não tenho medo de perder, eu não tenho medo de tentar, eu não tenho medo me reinventar, não tenho medo de fracassar. Estou aberta. Então eu tenho 29 anos, mas tenho a cabeça de 15. E a disposição de uma garota. Então o que o Márcio (treinador) falar para mim, eu vou tentar fazer. Mas não tem nada definido. Hoje eu sou uma atleta de piscina que não tentou maratona ainda. Mas tem Ana Marcela do lado, treinando todos os dias, uma pessoa talentosíssima, que dá várias dicas, que nasceu para isso. E ela dá dicas mesmo. Quando eu pergunto como, ela me fala, diz qual a melhor etapa para eu começar a fazer. Então, por que não tentar? – afirmou.

Depois de quatro Olimpíadas e aos 29 anos, Joanna garante que ainda tem fôlego para nadar em mais um ciclo olímpico. A nadadora afirma que melhora a cada ano e que quer chegar a sua melhor forma.

– Tenho bastante fôlego. Claro que quando eu estava com 17 anos, nadando a minha primeira final olímpica, eu jamais imaginaria que eu iria nadar mais três Olimpíadas e ainda teria gás para mais um ciclo olímpico. Acho que depois da segunda Olimpíada eu iria estar parando. Mas são tantas oportunidades de evolução, provas e modalidades para você explorar que a idade não é limitadora. Pelo contrário, é uma coisa que se expande. E a cada ano que passa eu vou ficando mais forte, mais rápida, vou melhorando os meus tempos. Então isso faz com que eu queira nadar mais e mais, para eu ver qual é a melhor versão de mim mesma – declarou.

Dispensada pelo Pinheiros no fim de 2016, Joanna critica a estrutura do esporte brasileiro, em que os atletas precisam estar ligados a clubes para conseguir competir. Bruno Fratus e Thiago Pereira, dois dos principais nomes da natação brasileira, ainda estão sem clube para 2017.

– É uma situação muito triste. Eu também fiquei sem clube no final do ano. Fui dispensada em cinco minutos de conversa, teoricamente porque eu estava mais limitada, um pouco mais velha, apesar do ano espetacular que eu tive. E eu fico muito triste. Enquanto a gente estiver refém desta cultura “clubística”, em que a gente depende de grandes salários de clubes para se manter, a gente vai estar refém da nossa economia, porque a gente cresce e decresce. Então isso é um problema cultural brasileiro – disse.

Para Joanna, a solução é um planejamento a longo prazo. A nadadora pede investimento na base para que, além de formar atletas melhores, eles possam ter um plano de carreira que continue independente do sucesso esportivo. A pernambucana ainda criticou como foi feita a preparação para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

– A solução é a base. A gente que já está no topo precisa de uma estrutura para se manter no topo. Mas a chave é a base para a gente não fazer os Jogos Olímpicos do jeito que foi em 2016. Mas pensar para daqui a oito, doze, dezesseis anos, não quatro. E essas crianças têm que estar treinando, mas têm que estar estudando também. Não adiante querer botar muito dinheiro para um atleta, como foi feito no último ciclo, quando pegaram os potenciais medalhistas e deram muito dinheiro para eles. Isso é uma pressão muito grande. Quando dá uma estrutura para ele conseguir treinar e estudar, tem até estudos que provam que os atletas rendem melhor estudando. Sem contar que já estão investindo na transição de carreira deles. Talvez seja um tipo de política esportiva que não vá trazer resultados para agora, que vá parecer que não está dando lucro, mas vai dar. Então se queremos mudar, tem que mudar por inteiro – concluiu.

Fonte: SporTV