A tatuagem que cobre as costas de Igor Magalhães, de 33 anos, deixa qualquer um impressionado. Até mesmo a pessoa que inspirou a ilustração: Lionel Messi. A imagem ganhou fama ao ser registrada pela TyC Sports, da Argentina. Messi viu a transmissão, elogiou e na única vez que se aproximou do público que se aglomera próximo a entrada do hotel que serve de concentração para seleção argentina em Brasília, autografou as costas do brasileiro, completando o desenho.
A arte foi feita em 2019 e custou R$ 10 mil. Inicialmente seria menor, mas acabou tomando praticamente todo espaço nas costas dele. E o processo de realização do trabalho não foi nada convencional.
Igor queria fazer a tatuagem, pesquisou profissionais de Brasília, achou bons trabalhos, mas agendas cheias e preços muito altos. E foi em Porto Alegre, 1.600 quilômetros longe de sua residência, na cidade-satélite de Sobradinho, que ele encontrou uma solução.
“Fiz com o tatuador chamado Tony Vilella. Eu o escolhi por causa do trabalho. Pesquisei aqui em Brasília, achei até trabalhos bons, mas com agenda lotada e preço bem elevado. Então entrei em contato, e o Tony me mandou um áudio contando que queria fazer, que gosta de futebol, que era fã do Messi também. Eu levei fé porque era uma pessoa que entendia do assunto. Fui até lá. Ele também tinha uma tatoo de um atleta, entendia da área, da responsabilidade, do sentimento da tatuagem”, contou ao UOL Esporte.
Nem passava pela cabeça de Igor chamar atenção de Messi. Ele foi para a frente do hotel apenas para ver o ídolo. “Se tirasse uma foto já estaria bom demais”, brincou. “Muita gente tem tatuagem do Messi, até mais fanáticos do que eu. A Copa América nem era para ser no Brasil, aconteceu tudo porque tinha que ser”, completou.
A história da aproximação de Messi a Igor começou no dia 18, quando a Argentina bateu o Uruguai por 1 a 0. Acompanhado por amigos, ele foi ao hotel tentar ver o ídolo, mas sem grandes esperanças e de fato não teve sucesso.
Hablas español?
No segundo dia, sábado (19), Igor novamente foi para frente do hotel tentar acompanhar o deslocamento dos jogadores para o treinamento. Foi quando um repórter do canal de televisão argentino TyC Sports resolveu juntar torcedores brasileiros para uma interação com entrevista rápida sobre a Copa América.
“Ele falou tão rápido que não entendi nada. Não tive reação, falei algumas coisas e resolvi levantar a camisa para mostrar a tatuagem”, contou Igor. “Sempre houve essa pressão em cima de mim, meus amigos falavam que eu tinha que mostrar essa tatuagem para o Messi”, completou.
A rede de televisão argentina publicou a imagem nas redes sociais, e Igor viralizou. Tanto que chegou até ao próprio Messi, que comentou que gostaria de autografar a tatuagem.
“Quando o Messi respondeu, eu nem sabia como reagir. Achei que poderia ser um fake, alguma coisa… Daí ele escreveu “terrible”, achei que ele não tinha gostado. Mas procurei as palavras e entendi que era um elogio”, contou.
A reportagem da TyC ficou com contato de Igor, marcou com ele no dia seguinte e também procurou contato com Messi. O craque acabou se convencendo a quebrar o protocolo. Desceu do hotel, se aproximou do gradil que isola a entrada da delegação e hóspedes e autografou as costas do brasileiro.
“Ele estava chegando e eu não poderia olhar, porque o repórter me virava de costas para mostrar a tatuagem. Não foi frente a frente. Mas virei para cumprimentá-lo, ele me cumprimentou, tentei falar mais, mas ele logo pegou a caneta, assinou, aí fiquei totalmente sem reação. Veio uma multidão correndo e gritando, tomei um monte de tapas [risos], mas fui processando a ideia, fiquei muito feliz. Dei entrevista em espanhol mesmo sem saber nada, só enrolando”, contou.
Sem tomar banho? Melhor uma nova tatuagem
Depois disso, junto com amigos, ele encontrou um outro tatuador, agora mais próximo, e já registrou para sempre o autógrafo. “Pensei que ficaria sem tomar banho, evitando que apagasse, mas foi rápido, fizemos domingo mesmo”, revelou.
Bombeiro militar do Distrito Federal, Igor sempre gostou de jogar futebol, mas não estava disposto a encarar uma carreira de atleta. Hoje é o camisa 10 do time dos bombeiros e já atuou em gramados nos Estados Unidos na China no “Mundial dos Bombeiros”. Agora, certamente, estará mais famoso na próxima edição do torneio. “Dei muitas entrevistas para gente de fora, fazia tempo que não falava português por tanto tempo”, brincou.
O amor ao argentino, segundo ele, nasceu da paixão pelo Barcelona, que contou com a participação de ídolos brasileiros.
“Foi um amor construído. Eu sempre gostei do Barcelona, desde o Romário, que era meu jogador favorito na infância. Gostava do time, das cores, do uniforme. Lembro que ver jogo de futebol internacional, era sempre o Barcelona. Depois veio o Rivaldo, o Ronaldinho Gaúcho que também foi um ídolo. De repente surgiu o Messi, que assumiu este lugar. Eu sempre tinha na cabeça o futebol arte, natural do brasileiro, mas ele é um jogador fora de série, que simplifica tudo, não precisa de um drible a mais, é objetivo e tudo isso joga a favor dele. Ele busca o gol, ajuda o time, e essa admiração foi crescendo cada vez mais”, finalizou.
Certamente, agora, com tatuagem e autógrafo, além de interação em rede social, o elo emocional está mais sólido do que nunca.
Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba