A situação da jogadora motivou protestos nos EUA, especialmente em Phoenix, onde o consumo recreativo de maconha é regulamentando desde meados de 2020. A maconha é ilegal na Rússia para fins medicinais e recreativos.
O caso também se tornou uma questão diplomática. Os EUA pediram à Rússia que liberte a jogadora de basquete e o ex-fuzileiro naval americano Paul Whelan, oferecendo em troca a libertação do traficante de armas condenado Viktor Bout.
Ex-integrante da Força Aérea da Rússia, Bout, hoje com 53 anos e conhecido como o “Mercador da Morte”, foi condenado pelos EUA por traficar armas desde 1990 para ditadores e áreas de conflito na África, América do Sul e Oriente Médio.
Após o anúncio, a equipe de defesa da atleta chamou o veredicto de “absolutamente irracional” e disse que entrará com um recurso. Segundo os advogados responsáveis pelo caso, o tribunal “ignorou completamente todas as evidências da defesa e, mais importante, a confissão de culpa”.
“A Rússia está prendendo Brittney por um erro. Isso é inaceitável, e peço à Rússia que a libere imediatamente para que possa estar com sua mulher, seus parentes queridos, amigos e companheiras de equipe”, afirmou Biden em comunicado.
Durante uma das audiências iniciais, Griner se declarou culpada, mas insistiu que não pretendia infringir a lei russa. Nesta quinta-feira, a jogadora falou sobre sua criação em Houston, e os valores que seus pais lhe incutiram, incluindo “arcar com suas responsabilidades”.
“É por isso que me declarei culpada de minhas acusações, entendo tudo o que foi dito contra mim nas acusações, mas não tentei violar a lei russa”, insistiu.
“Quero que o tribunal entenda que foi um erro honesto que cometi enquanto estava estressada tentando me recuperar pós-Covid e apenas tentando voltar ao meu time”.
Griner chegou a um aeroporto de Moscou em 17 de fevereiro, a caminho da cidade russa de Yekaterinburg, perto dos Montes Urais, onde jogava por um time local durante a entressafra. Funcionários da alfândega verificaram sua bagagem, e encontraram dois cartuchos de vape contendo menos de um grama de óleo de haxixe.
As negociações entre EUA e Rússia estão paradas desde junho, e Moscou parece relutante em concordar com um acordo que considera desigual, de acordo com fontes que pediram para não serem identificadas. Tim Kaine, senador do estado da Virginia, acusou o presidente russo Vladimir Putin de usar a jogadora como “moeda de troca” em meio a crise entre Moscou e Washington, agravada pela guerra na Ucrânia.
No final de junho, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, reiterou que Griner estava “detida injustamente, e deixamos isso claro como uma determinação oficial do governo dos EUA”. O presidente americano, Joe Biden, está sob pressão doméstica para garantir em particular a soltura de Griner, mas também não pode ser visto como cedendo terreno a Moscou.
Autoridades russas insistem que as disputas diplomáticas sobre Griner deveriam permanecer a portas fechadas. Dmitri S. Peskov, porta-voz do Kremlin, disse na terça-feira que as negociações sobre uma possível troca de prisioneiros “devem ser discretas”.
“A diplomacia do megafone e a troca pública de opiniões não levarão a nenhum resultado”, afirmou.
A natureza delicada das negociações mostra como o nível de desconfiança entre as partes só aumentou desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro. Os EUA apoiaram fortemente o governo em Kiev com armas e ajuda financeira e Biden chamou o presidente russo Vladimir Putin de “criminoso de guerra” e “ditador assassino”.