Não existe a menor possibilidade de mudança de treinador.
“O trabalho vem evoluindo.
(Duilio Monteiro Alves, ontem após a eliminação do Corinthians no Paulista, depois de empatar com o Ituano, em pleno estádio de Itaquera lotado, e perder nos pênaltis por 7 a 6.)
“A gente acredita muito no trabalho do Sylvinho, apesar dele ser jovem, está iniciando a carreira de treinador, sendo o principal treinador. Ele já teve muita experiência, dentro do campo como jogador, jogou em grandes clubes, também como auxiliar técnico de grandes treinadores, como de Tite e Mancini, da Seleção Italiana.
“O Sylvinho se preparou muito para chegar nessa posição. Nós acompanhamos o trabalho dele diariamente, os treinamentos, e ele vai muito bem. Nós estamos muito satisfeitos.”
(Duilio Moneiro Alves, dia 13 de janeiro de 2022)Sylvinho foi demitido, dia 3 de fevereiro, menos de um mês depois.
Promessas de um dirigente muitas vezes são feitas no calor de uma eliminação, querendo tranquilizar o ambiente, após um grande vexame, como aconteceu ontem, depois da queda do Corinthians, no Campeonato Paulista, ainda nas quartas-de-final contra o humilde time de Itu.
E diante de mais de 43 mil torcedores, na arena de Itaquera lotada.
E não soube fazer com que seu time, muito mais técnico, talentoso, parasse em previsível esquema 4-5-1, montado por Gilmar dal Pozzo.
Aos jogadores corintianos não faltou vontade, como leigos afirmavam, desprezando todo o trabalho tático de mais de 100 anos no futebol, mas sim estratégia ao grande favorito.
Diante de linhas tão definidas, preenchendo o espaço 52,5 metros por 34 metros, a metade da medida oficial do gramado de Itaquera, o Corinthians deveria usar as triangulações pelos lados do campo, troca de bola rápida, ou ainda investir em dribles. Assumir com atitude o controle do jogo. Ainda mais que não contava com o talento de Renato Augusto, seu único jogador diferenciado, contundido.
O Corinthians foi de uma pobreza tática lastimável, que parou no sistema de marcação interiorana. Sem outro recurso, passou a levantar bolas na área de qualquer maneira e não conseguiu escapar do 1 a 1. E nos pênaltis, os veteranos falharam. Fábio Santos, Fágner e Gil.
Fernando Lázaro não cobiçou o cargo de técnico do Corinthians. Foi uma aposta sugerida pelo treinador dos sonhos de Duilio e, principalmente, do diretor de futebol e ex-presidente, Roberto de Andrade: Tite. Ambos tentaram amarrar o técnico da Seleção Brasileira, para que depois da Copa do Catar, assumisse o clube do Parque São Jorge. Ele não quis. E indicou o analista de desempenho, Fernando Lázaro.
Tite disse que via muito potencial no funcionário do clube e filho do ex-lateral Zé Maria. Os dirigentes acreditaram e ficou subentendido que haveria a chance, no futuro, de Tite assumir o cargo. Com Lázaro voltando passando a ser auxiliar.
Os jogadores e a direção do clube gostam da maneira democrática com que Lázaro trabalha, aceitando trocar ideias com os atletas, principalmente, os mais vividos, como Fábio Santos, Renato Augusto, Fagner, Paulinho, Giuliano.
Mas ele é muito inexperiente. Com as partidas como interino e as 13 disputadas no Paulista, Lázaro chegou apenas a 20 jogos no Corinthians, na carreira.
Sem nenhuma passagem anterior, o treinador é absolutamente imaturo. E o resultado veio à tona ontem.
Duilio é apenas o representante de uma ala política que domina o Corinthians desde 2007, quando o falecido presidente Alberto Dualib teve de pedir sua renúncia. São 16 anos de poder, desta ala comandada por Andrés Sanchez.
O Corinthians projeta para 2023 um ano lucrativo. Pelo planejamento, o clube deveria, ao menos, disputar o título paulista. Há a ainda a Copa do Brasil, a Libertadores e o Brasileiro. Competições que o clube aspira pelo menos duas semifinais e estar entre os quatro melhores do nacional. No mínimo.
O Corinthians atingiu R$ 150 milhões só de patrocínio na camisa. Quanto mais perto dos títulos, maior a premiação do clube. Há muito dinheiro envolvido em 2023. O sonho é arrecadar mais de R$ 1 bilhão, daí a necessidade ótimas campanhas.
Lázaro, apesar do apoio de Duilio, já tinha a sombra de Tite. Se o treinador decidir voltar a trabalhar amanhã, o Corinthians o deseja. Aliás, os dirigentes conseguiram dele a prioridade ‘não oficial’, se decidir treinar um clube brasileiro. Ele sonha com uma grande equipe europeia, situação que está longe de acontecer, pela péssima campanha na Rússia e no Catar.
Se o milionário Tite decidir mesmo cumprir a promessa de tirar um ano sabático, para que a pressão dos fracassos nas duas Copas seja amenizada, outro treinador passa a ser visto com bons olhos no Parque São Jorge.
Dorival Junior.
O mesmo que foi dispensado do Flamengo para que Vítor Pereira assumisse.
Uma ala imporante do grupo de Andrés já defende um técnico mais experiente, com Lázaro como auxiliar.
Com a eliminação de ontem, o Corinthians terá quase um mês de treinos. A Libertadores, a Copa do Brasil e o Brasileiro começarão, para o clube, em abril.
Até lá muita coisa pode acontecer no clube.
Ao contrário do que Duilio garantiu, Lázaro pode sim, voltar a ser auxiliar.
A eliminação do Paulista mostrou toda sua imaturidade.
O Corinthians ficar à disposição para um treinador iniciar sua carreira é algo incompreensível.
Por mais que a indicação tenha sido de Tite, o técnico mais amado pela ala política de Andrés Sanches…
Fonte: R7
Créditos: R7