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De "Pretty Boy" a "Money": como Mayweather chegou a US$ 1 bilhão

Só na luta deste sábado (26), estima-se que o ex-campeão de boxe leve entre 250 e 300 milhões de dólares

 

 

Não seria utopia dizer que o boxe salvou Floyd Mayweather Jr. Nascido em 1977, em Grand Rapids, Michigan, nos Estados Unidos, “Money” cresceu pobre em Nova Jersey, em uma casa que por vezes ficava às escuras por falta de pagamento da conta de luz e que quase sempre tinha seu quintal cercado por viciados em heroína da região. O pai, Sr. Floyd Mayweather, foi boxeador, e o tio, Roger Mayweather, chegou a ser campeão do mundo. A veia pugilística da família contaminou o menino. Desde criança, ele circulava pelas ruas com suas luvas surradas, mas não imaginava que a escolha, quase natural, o tornaria décadas depois o boxeador mais bem pago da história, ultrapassando a surreal marca de US$ 1 bilhão (R$ 3,2 bilhões) em receitas e bolsas de luta após o duelo contra Conor McGregor, agendado para o próximo dia 26 de agosto, na T-Mobile Arena, em Las Vegas.

O valor, impressionante, fica mais incrível quando entende-se a origem do montante. Na história do esporte, pouquíssimos atletas romperam a barreira do bilhão. A revista Forbes, especializada em finanças, cita que apenas Michael Jordan, lenda da NBA, e Tiger Woods, astro do golfe, conseguiram tal feito. Ambos, porém, percorreram toda a carreira com volumes gigantes de patrocínio, principalmente da multinacional Nike. Floyd Mayweather, acredite, nunca teve um grande patrocinador. Ou seja, o grosso do seu patrimônio foi construído em cima do cartel de 49 lutas e 49 vitórias, através de bolsas de luta, vendas de PPV, da Mayweather Promotions, empresa criada por ele para gerir a carreira de outros lutadores de boxe e a “The best Ever”, marca de roupas criada por ele mesmo.

RELAÇÃO CONTURBADA COM O PAI

Sr. Floyd Mayweather é um dos braços direitos do filho. É inegável a sua participação na formação pugilística de “Money”. Mas nem sempre foi assim. Na infância, o boxeador garante que era chicoteado pelo pai. Sempre que questionado, ele nega as agressões, mas confessa que vendeu drogas no quintal de casa para sustentar o filho. A atividade ilícita viciou a mãe de Floyd e levou seu pai para a prisão quando ele tinha 16 anos, sendo liberado apenas com Mayweather chegando aos 21 anos, um homem formado.

Eu precisava lutar, precisava ser forte. Quando meu pai foi preso, doeu, mas ele voltou depois. Quando retornou, eu já tinha minha casa, meu carro. Tudo com o meu suor. Não esqueço o que vivi, mas ele teve o meu perdão – disse Mayweather em entrevista ao radialista Howard Stern ainda em 2013.

No dia 26 de agosto, Sr Floyd Mayweather estará no corner de Mayweather, assim como esteve em todas as outras lutas. Na turnê mundial da luta contra McGregor, inclusive, seu pai se envolveu em uma confusão com o irlandês após vê-lo ofender o boxeador. Na época, ele disse que seu filho não precisaria bater no astro do UFC, já que ele, mesmo velho, daria conta do recado.

COMO O “PRETTY BOY” VIROU O “MONEY”

Enquanto amador, Floyd Mayweather também teve carreira de destaque. Ostenta um cartel de 84 vitórias e apenas seis derrotas. Com uma defesa perfeita, recebia poucos golpes e terminava as luta com o rosto intacto. Com o tempo, ganhou o apelido de “Pretty Boy”, ou garoto bonito em português, por conta da face sem marcas dos combates. Ao se profissionalizar, em 1996, após um controverso bronze nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, Floyd percorreu o mesmo caminho que hoje fazem os brasileiros Esquiva Falcão e Robson Conceição, medalhistas olímpicos em Londres 2012 e Rio 2016.

Sem grandes patrocinadores, subiu a escada comum no boxe profissional. Nas 15 primeiras lutas, nocauteou em 13, e chamou a atenção do mundo do boxe. Em 1998, o americano ganhou sua primeira chance por um título mundial. Derrubou Genaro Hernandez e recebeu um cheque de US$ 150 mil. Na época, um bom dinheiro, mas distante dos milhões que viriam no futuro.

Seu primeiro pay per view, por exemplo, só veio em 2005, quando venceu Arturo Gatti. Levou US$ 3,2 milhões pelo duelo. O salto aconteceu dois anos depois. Em 2007, na então maior luta da sua vida, Mayweather venceu o “Garoto de Ouro” Oscar De La Hoya na decisão dividida. O triunfo lhe rendeu US$ 25 milhões. De La Hoya, mesmo derrota, levou US$ 52 milhões. A citação é importante porque foi a última vez em que um rival levou mais dinheiro que Mayweather.

Antes da vitória, o americano fez um movimento importante e que impulsionou sua carreira. Ele rompeu com a Top Rank, empresa promotora de boxeadores, e passou a gerir a própria vida. Pagou a multa de US$ 750 mil e daí em diante ganhou muito dinheiro. Nas lutas seguintes, levou entre US$ 25 milhões e US$ 40 milhões. Na luta contra Canelo Alvarez, em 2013, embolsou US$ 70 milhões, além de parte do lucro do PPV, na casa dos US$ 153 milhões no total. Em 2015, contra Manny Pacquiao, na “Luta do Século”, teve como lucro o astronômico valor de US$ 250 milhões, fora os patrocínios fechados com Burger King, Hublot e FanDuel. Diante de Andre Berto, fez outros US$ 35 milhões, chegando a soma de US$ 700 milhões na carreira. Agora, contra McGregor, a bolsa de luta e o PPV devem chegar a US$ 300 milhões, alcançando a marca de US$ 1 bilhão.

OS GANHOS DE MAYWEATHER APENAS EM BOLSAS DE LUTA

Arturo Gatti (2005) – US$ 3,2 milhões
Carlos Baldomir (2006) – US$ 8 milhões
Oscar De La Hoya (2007) – US$ 25 milhões
Ricky Hatton (2007) – US$ 25 milhões
Juan Manuel Márquez (2009) – $25 milhões
Sugar Shane Mosley (2010) – US$ 25 milhões
Vicor Ortiz (2011) – US$ 40 milhões
Miguel Cotto (2012) – US$ 40 milhões
Robert Guerrero (2013) – US$ 50 milhões
Saul Canelo Alvarez (2013) – US$ 75 milhões
Marcos Maidana (2014) – US$ 40 milhões
Marcos Maidana (2014) – US$ 40 milhões
Manny Pacquiao (2015) – US$ 250 milhões
Andre Berto (2015) – US$ 35 milhões
Conor McGregor (2017) – Entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões

* Nas primeiras 15 lutas da carreira, Floyd ganhou cerca de US$ 2 milhões. A lista mostra apenas os maiores pagamento da carreira, já que Mayweather tem 49 combates. Os outros ganhos foram de revendas de PPV, onde o americano é recordista com quase 20 milhões de assinaturas, e dos poucos contratos de patrocínio que fez, que não chegam a US$ 20 milhões na carreira.
Créditos: Globo Esporte