Em um confronto semifinal de Copa do Mundo com 30 dos 46 jogadores convocados por França e Bélgica com nascimento ou ascendência de outros países, chama a atenção a quantidade de atletas ligados de alguma maneira à República Democrática do Congo, antigo Zaire. Sete, três franceses e quatro belgas, estão conectados ao país de 86 milhões de habitantes, na parte central da África.
O goleiro francês Steve Mandanda, 33, nasceu em Kinshasa, capital congolesa. Se naturalizou francês porque emigrou cedo para a França, onde começou a carreira no Le Havre, hoje na segunda divisão local. O arqueiro se destacou cedo a ponto de frequentar convocações para as seleções de base, e passou boa parte da carreira no Olympique de Marselha, onde trabalhou com o atual técnico da seleção, Didier Deschamps.
Os franceses Kipembe e N’Zonzi e os belgas Kompany, Tielemans, Batshuayi e o artilheiro da Bélgica na Copa da Rússia, Lukaku, tem ascendência congolesa. Roger, o pai de Lukaku, nasceu no antigo Zaire e nos anos 1990 foi para a Bélgica para jogar futebol. Ele passou por clubes pequenos, não havia muito dinheiro, mas Romelu Lukaku nasceu em Antuérpia, e começou a carreira já no Anderlecht, um dos grandes do país.
“Quando as coisas iam bem, eu lia os jornais belgas, e eles me chamavam de Romelu Lukaku, o atacante belga. Quando as coisas não iam bem, eles me chamavam de Romelu Lukaku, o atacante belga de descendência congolesa”, disse Lukaku ao Player’s Tribune, site que publica relato de histórias dos jogadores contatadas em primeira pessoa.
Michy Batshuaiy, 24, do Chelsea, mas que na última temporada jogou emprestado ao Borussia Dortmund, chegou a cogitar atuar pelo Congo, mas em março de 2015 acabou convocado para a seleção belga, e fez sua opção. Já Kompany, 32, foi, em 2010, pela primeira vez a terra de seu pai, Pierre, e decidiu que participaria de entidades que ajudassem principalmente crianças a sair da miséria.
Em Copas
A República Democrática do Congo jogou uma Copa do Mundo, em 1974, como Zaire. Na Alemanha caiu no grupo do Brasil, do qual perdeu por 3 a 0 — foi derrotado também pela Escócia, 2 a 0, e levou 9 a 0 da Iugoslávia. Com 14 gols sofridos, e nenhum feito, se despediu sem pontos no último lugar.O time atual não é ruim (é 38º no ranking Fifa, terceiro entre os africanos à frente de Marrocos, Egito e Nigéria, que estiveram na Copa da Rússia). Bateu na trave na classificação para o Mundial 2018, ficando um ponto atrás da Tunísia na fase final das eliminatórias — o sistema de classificação na África é cruel, com apenas uma vaga em grupo de cinco equipes, e não dá chance de uma repescagem por exemplo, como para sul-americanos e membros da Concacaf (Confederação das Américas do Norte e Central).
Dois jogadores, o zagueiro Luyindama e o meia M’Poku atuam na Bélgica, no Standard Liége. Este último, principalmente, poderia ter tentado uma naturalização, já que fez toda a carreira na Europa, mas preferiu defender o Congo.
Fonte: UOL
Créditos: UOL