Polêmica

Cirurgia faz Neymar ter confiança abalada pela primeira vez na carreira

O desafio na seleção brasileira atual é justamente recuperar esse Neymar que parece não ver limites pela frente. Mas tal missão está apenas no início.

Em oito dias de treinamento na seleção brasileira, Neymar não teve descanso. Mesmo voltando de grave lesão, trabalhou sem parar em todas as sessões e ainda fez hora extra nas atividades físicas de academia. Clinicamente, o pé direito já não preocupa tanto a comissão técnica e departamento médico, que elogiam a recuperação do craque. O principal ponto de debate agora é a cabeça do atacante do Paris Saint-Germain às vésperas da Copa do Mundo. Pela primeira vez na carreira, sua confiança está abalada.

E nem o próprio Neymar nega isso. Em recentes entrevistas, falou abertamente sobre o receio após o problema no pé. Em duas das principais coletivas desde que a seleção está reunida, o coordenador Edu Gaspar e o zagueiro Thiago Silva pontuaram a necessidade de conversar com o camisa 10 e passar tranquilidade diante do cenário atual. O atleta, sempre elogiado pela confiança em momentos adversos, se vê em situação inédita.

A pressão pré-Mundial não chega a ser novidade – em 2014 já foi assim. As cobranças por um rendimento que o leve a ser o melhor do mundo também não. Mas o discurso carregado de confiança mudou.

“Sempre tem aquele medo de voltar. Preciso perder esse medo o mais rápido possível para chegar na Copa voando. No começo, a gente fica com receio de fazer o movimento todo e vai meio que compensando”, disse Neymar, em entrevista ao canal do ex-jogador Zico no YouTube, em um dos poucos contatos com a imprensa antes da apresentação à seleção.

Em 2014, o jogador também sofreu com uma lesão às vésperas da Copa – um edema no quarto metatarso do pé esquerdo o deixou um mês longe dos gramados.

A diferença para o atual cenário se deu pela necessidade de cirurgia, a primeira da carreira. A intervenção que o deixou fora do gramado por três meses em 2018 mudou o panorama.

“Eu converso com ele. Nada é permanente. Essa fase da cirurgia não dura para sempre”, explicou Thiago Silva, mostrando como tem ajudado o companheiro de PSG. O zagueiro está acostumado com o entusiasmo de Neymar no dia a dia.

Confiança em momentos adversos

A tranquilidade para lidar com a pressão já foi observada em outras situações. Em 2017, ainda no Barcelona, comandou a virada histórica do clube catalão sobre o PSG por 6 a 1 na Liga dos Campeões. O confiante Neymar chegou a escutar um “vai você” de Lionel Messi antes da cobrança de um pênalti na partida.

Mais recentemente, já em Paris, ignorou uma vantagem do Real Madrid em jogo eliminatório e avisou aos companheiros no vestiário que faria dois gols e garantiria a virada no Santiago Bernabeu. A promessa não se cumpriu, mas o cenário era positivo na cabeça de Neymar.

Nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, assumiu a cobrança derradeira de pênalti para garantir o ouro sem maiores problemas. Até mesmo quando não teve Messi ao lado, no Barcelona, não se intimidou.

O desafio na seleção brasileira atual é justamente recuperar esse Neymar que parece não ver limites pela frente. Mas tal missão está apenas no início.

“Vamos criar uma base para que ele possa ganhar de novo a confiança e vá subindo sem pressão exagerada quanto ao seu desempenho. Ele precisa entender que, após três meses parado, não será aquele excepcional ainda”, avaliou o coordenador Edu Gaspar.

Fonte: UOL
Créditos: UOL