A seleção brasileira masculina de vôlei terá um novo técnico após 16 anos. No comando da equipe desde 2001, período em que conquistou quatro medalhas olímpicas (duas de ouro e duas de prata), Bernardinho decidiu não renovar seu contrato para o próximo ciclo olímpico. Renan Dal Zotto, que era diretor de seleções de quadra da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), assumirá a função.
Integrante da “Geração de Prata” do vôlei brasileiro, como ficou conhecida a equipe que foi vice-campeã dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, Renan agora assume a seleção com a missão de buscar um novo ouro olímpico nos Jogos de Tóquio, em 2020.
“É um motivo de muito orgulho, especialmente pela confiança depositada. É importante para mim. Estou há mais de 40 anos no voleibol, e algumas vezes fui convocado pela CBV. Primeiro como jogador, depois em 2001, quando trabalhei na transição do Bernardo da seleção feminina para a masculina. Cada vez que vem esse convite me entusiasma muito”, disse o novo treinador do Brasil.
“Tive a oportunidade nos dois últimos anos de vivenciar o dia a dia de dois dos maiores treinadores do mundo, o Zé Roberto e o Bernardo Rezende. Hoje me sinto muito à vontade. Quando veio o convite do presidente Toroca (Walter Pitombo Laranjeiras), na hora me veio essa expectativa. Minha mulher perguntou se eu me sentia pronto, e disse que sim.”
Distante da função de técnico, Renan garante que vai se esforçar para manter a seleção em alto patamar. “Faz sete anos que não estou na beira da quadra. Se o presidente Toroca tivesse me convocado um ano antes dos Jogos Olímpicos, eu não teria sido irresponsável de aceitar. Eu sei que preciso me readaptar. Mas agora estamos começando um novo ciclo, vou acompanhar os jogos da Superliga in loco, assistir aos jogos do Campeonato Italiano. Tenho de arregaçar as mangas e trabalhar”, completou.
Segundo Radamés Lattari, que assumiu a diretoria de vôlei de quadra, Bernardinho decidiu deixar a seleção no final do ano passado. “Ele falou que chegou uma hora em que precisava dar mais atenção à família, ao pai. Ele quer estar um pouco mais próximo das filhas. Acho que tem um pouco do desgaste natural de tantos anos. Está precisando um tempo para ele. É só esse o motivo”, afirmou.
Chegou-se a especular que Bernardinho pudesse abrir mão da seleção para ser candidato em 2018 a governador ou senador no Rio de Janeiro. Mas Lattari evita vincular a saída da seleção a pretensões políticas do treinador. “Ele ama o vôlei. Se tiver de escolher entre ser presidente da República ou treinar um time juvenil, ele prefere ficar no esporte”, avisou.
O diretor procurou afastar qualquer possibilidade de atrito de Bernardinho com a CBV. O agora ex-treinador, aliás, deverá seguir na entidade, como coordenador da seleção. “A maior prova de que não tem problema algum com a CBV é que o Toroca o convidou para fazer parte do conselho da CBV, mas o Renan o convidou para ser coordenador da seleção e ele aceitou”, disse Lattari, que sabe que Bernardinho não vai parar.
O atual campeão olímpico já manifestou interesse em cuidar das categorias de base da seleção, de olhos em novos talentos para as próximas Olimpíadas.
Fonte: Estadão