A divulgação do calendário do futebol brasileiro para 2019 não mudou a posição dos clubes em relação à Série C de 2019. Há um consenso entre eles – especialmente os do Norte-Nordeste – que a fórmula em vigor desde 2013 precisa mudar. Alguns clubes chegaram a encampar um movimento para a adoção dos pontos corridos, como já acontece nas séries A e B.
Mas no fim, nada feito. Com o calendário divulgado nesta quarta-feira, a CBF deixa claro que pretende manter o atual regulamento, com dois grupos de dez times, e mais as fases de quartas de final, semifinal e final. Prevaleceu o fator econômico. Serão 24 rodadas, contra 38 caso o sistema de pontos corridos vingasse.
Os times, no entanto, não desistiram. Liderados pelo Náutico, o bloco nordestino vai se reunir nesta quinta-feira em Natal para discutir melhor o assunto. Além de Edno Melo, presidente do Timbu, estarão presentes os dirigentes de Santa Cruz, ABC, Confiança e Botafogo-PB.
– Nada está definido, até porque ainda não houve um conselho arbitral da Série C. E a gente entende que são os clubes que decidem a fórmula de disputa. (Edno Melo, presidente do Náutico)
– O calendário divulgado pela CBF é apenas um esboço e ainda pode mudar. Já houve um avanço, já que agora a Série C só termina em outubro. Mas é preciso discutir ainda mais a fórmula para atender todos os clubes – completou Edno.
Ele se refere, entre outras coisas, ao fato da primeira fase acabar no dia 18 de agosto, encerrando a atividade de 12 times no modelo atual. Para Edno, uma solução seria clubes e CBF dividirem o ônus de um calendário maior.
– A CBF pretende fazer o campeonato com 24 datas. Se formos ampliar isso para 30 ou 32, os clubes poderiam dar uma contrapartida. O que não pode, de maneira alguma, é ter mil atletas sem ter o que fazer no mês de agosto.
Pontos corridos não serão adotados
A ideia do Náutico agrada a outros clubes do Nordeste. O presidente do Confiança, Hyago França, é um deles. Para ele, a adoção dos pontos corridos já em 2019 só seria possível com um aporte financeiro para os clubes, o que a CBF parece não estar disposta a dar.
– A nossa proposta seria de esticar a Série C, terminar um pouco mais tarde. O Confiança, por exemplo, encerrou as atividades deste ano em agosto. Ficamos quatro meses sem futebol. É muita coisa para um clube que tem como principal receita a renda dos jogos. Por outro lado, adotar os pontos corridos seria muito difícil sem uma cota que viabilizasse a logística – explicou.
Mesmo reconhecendo ser praticamente inevitável uma mudança, há quem adote uma postura mais conservadora. Futuro presidente do Botafogo-PB, Sérgio Meira leva em consideração a questão econômica para defender a manutenção da fórmula atual.
– Pessoalmente prefiro o modelo atual. Isso levando em consideração a parte econômica. Mas pretendo discutir o assunto internamente no Botafogo-PB e também com outros dirigentes do Nordeste. Vamos aproveitar esse encontro aqui em Natal para debatermos mais – disse o botafoguense.
Regionalização é inviável para 2019
O ponto de partida para a mudança de regulamento parece ser mesmo a questão da composição dos grupos. Náutico, Santa Cruz e Botafogo-PB chegaram até o mata-mata da Série C deste ano, mas não conseguiram o acesso. Para complicar, três times nordestinos subiram da Série D – Ferroviário, Treze e Imperatriz. Também estão garantidos na Série C de 2019 mais cinco times do Norte-Nordeste: Atlético-AC, Remo, ABC, Globo FC e Confiança.
Com 11 times da região Norte-Nordeste já garantidos na Série C de 2019, há um consenso de que a fórmula de disputa precisaria mudar. Até porque esse número pode subir ainda mais – Sampaio Corrêa, CRB e Paysandu estão neste momento na zona de rebaixamento da Série B. Neste ano, a solução encontrada foi “rebaixar” Cuiabá e Luverdense, times do Mato Grosso, para o Grupo B, formado originalmente por representantes do Sul e do Sudeste.
– Uma saída talvez fosse colocar os times do Norte no Grupo B, até porque a logística de deslocamentos para o Nordeste ou Sudeste é muito parecida. Mas um grupo formado só por nordestinos seria muito difícil. É algo que precisamos conversar mais para não prejudicar ninguém – emendou Hyago França, presidente do Confiança.
Com 11 times da região Norte-Nordeste já garantidos na Série C de 2019, há um consenso de que a fórmula de disputa precisaria mudar. Até porque esse número pode subir ainda mais – Sampaio Corrêa, CRB e Paysandu estão neste momento na zona de rebaixamento da Série B. Neste ano, a solução encontrada foi “rebaixar” Cuiabá e Luverdense, times do Mato Grosso, para o Grupo B, formado originalmente por representantes do Sul e do Sudeste.
– Uma saída talvez fosse colocar os times do Norte no Grupo B, até porque a logística de deslocamentos para o Nordeste ou Sudeste é muito parecida. Mas um grupo formado só por nordestinos seria muito difícil. É algo que precisamos conversar mais para não prejudicar ninguém – emendou Hyago França, presidente do Confiança.
No calendário divulgado nesta quarta-feira, os eliminados na primeira fase da Série C de 2019 estarão em atividade até o dia 18 de agosto. Na Série D, boa parte dos clubes estarão sem calendário no dia 9 de junho, quando vai se encerrar a primeira fase.
E aí, o que fazer?
Há uma possibilidade de manter o formato atual, com dois grupos de dez times, mas sem a regionalização. Esse modelo agradaria um grande número de clubes, mas ainda há resistência.O fato dos nordestinos não terem sucesso nos últimos anos no cruzamento com o Grupo B causa uma certa inquietação. Para alguns, a disputa em pontos corridos facilitaria o objetivo final, que é o acesso.
O presidente do Náutico, Edno Melo, tem uma ideia para a mudança no regulamento do torneio, que será levada para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apreciar. Seria um “meio termo” entre os pontos corridos e a fórmula atual.
– A definição do acesso poderia se dar através de um quadrangular, e não no mata-mata. Seriam seis jogos antes das semifinais. Vamos levar essa proposta para os times do Nordeste e depois entregá-la na CBF. É preciso a união dos clubes e vamos iniciar essa conversa por aqui – disse Edno, aproveitando o sorteio da Copa do Nordeste, em Natal, para discutir o assunto com os clubes da região.
O fato é que a mudança do regulamento parece ser uma questão de tempo. A própria CBF deixou claro que mudanças mais radicais serão adotadas no calendário de 2020, e isso poderia contemplar a Série C. Se isso acontecer, a terceira divisão pode dar um salto de qualidade e garantir para clubes e jogadores um calendário mais racional, reduzindo os meses de desemprego.
Fonte: Globo Esporte Paraíba
Créditos: Globo Esporte Paraíba