O ano de 2018 não foi nada bom para o futebol paraibano, que se viu revirado de cima a baixo por uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público, que investigam um suposto esquema de corrupção, envolvendo a manipulação de vários resultados do campeonato estadual. E um dos principais alvos das investigações é a arbitragem. Dirigentes da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol da Paraíba (Ceaf-PB) e vários árbitros foram afastados dos seus cargos, gerando uma fissura considerável na credibilidade do setor e uma missão complicada a ser resolvida pela nova presidenta da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Michelle Ramalho. A dirigente já prevê algumas reformulações e uma delas chega a ser surpreendente: ela quer implatar o Árbitro Assistente de Vídeo (VAR) nas decisões do Campeonato Paraibano de 2019, e a pauta já está em discussão no novo comando da entidade.
De acordo com a presidenta da FPF, um ofício já foi enviado para a CBF com o objetivo de conseguir um tempo hábil para a implantação do árbitro de vídeo.
– Esse foi o meu primeiro ofício para a CBF para que na final do Campeonato Paraibano de 2019 tivesse um VAR – disse Michelle.
A experiência desejada por Michelle Ramalho já foi utilizada pela Federação Pernambucana de Futebol, por exemplo. No ano passado, também apenas nas finais do estadual, entre Sport e Salgueiro, o futebol de Pernambuco conta com o árbitro de vídeo. No entanto, a demora para a definição de lances polêmicos foi muito criticada e, para esta temporada, o Campeonato Pernambucano não repetiu a dose.
No futebol nacional, o VAR tem sido utilizado desde a fase de quartas de final da Copa do Brasil. Por enquanto, a experiência tem sido satisfatória. A CBF, inclusive, cogita implantar o sistema na reta final do Campeonato Brasileiro deste ano.
Já na Copa Libertadores da América, o árbitro de vídeo já rendeu muita discussão, como na partida entre Boca Juniors e Cruzeiro, na qual o zagueiro da Raposa, Dedé, foi expulso injustamente após um choque com o goleiro da equipe argentina.
Resta saber se, caso o árbitro de vídeo seja mesmo implantado no futebol paraibano, em 2019, vai ser suficiente para recuperar pelo menos um pouco da credibilidade perdida nesta temporada.
Esfacelamento da arbitragem paraibana
A arbitragem paraibana foi posta em xeque nesta temporada 2018. Desde que o ex-presidente da Ceaf-PB, José Renato Soares, foi afastado do cargo, sob a acusação de ser um dos principais responsáveis pelo sistema corrupto do futebol do Estado, o órgão perdeu a credibilidade. Tanto é que, durante as competições nacionais, a CBF chegou a evitar utilizar os árbitros da Paraíba.
Vale ressaltar que, além do afastado José Renato, a Comissão de Arbitragem teve mais dois presidentes. O primeiro foi o Coronel Sobreira – que na época foi apresentado pelo então presidente do Conselho Fiscal da FPF, Marcílio Braz (atualmente vice-presidente da entidade) -, mas que comandou a Ceaf-PB por pouco menos de um mês. Isso porque o primeiro interventor na FPF, o auditor Flávio Boson Gambogi, dissolveu o comando do órgão em sua primeira semana como mandatário.
Essa primeira intervenção chegou ao fim, e a FPF teve mais três presidentes na sequência: Amadeu Rodrigues, que ainda reassumiu a entidade antes de ser afastado pela Justiça; Nosman Barreiro, que tomou posse, mas terminou afastado pelo STJD por questionar a neutralidade da CBF no caso da Operação Cartola; e João Bosco Luz, que foi o segundo interventor e comandou a Federação Paraibana até a eleição que terminou com o triunfo de Michelle Ramalho.
E, com a saída do Coronel Sobreira do comando da Ceaf-PB, coube a João Bosco Luz nomear um profissional para o setor. O escolhido foi José Clizaldo, ex-árbitro paraibano, que permaneceu até o fim da intervenção. Com a nova administração desde a eleição de Michelle Ramalho, quem está à frente da Comissão de Arbitragem interinamente é o representante da CBF, Arthur Alves Júnior. Porém, a FPF deve anunciar um novo representante nos próximos dias.
Para reformular o órgão, a presidenta da FPF já declarou que necessita de um apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Segundo Michelle, a entidade paraibana ainda carece de muitas melhorias e apenas a CBF pode auxiliá-la nesse processo.
Fonte: Globo Esporte Paraíba
Créditos: Globo Esporte Paraíba