Após a divulgação de um vídeo no qual aparece fazendo um comentário racista, o jornalista William Waack foi demitido da Rede Globo de televisão. A informação foi divulgada em um comunicado oficial da Rede Globo.
O comunicado é assinado pelo diretor de jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, e pelo ex-âncora do “Jornal da Globo”. No texto, Waack afirma que não teve a intenção de ser preconceituoso e que “repudia de forma absoluta o racismo, nunca compactuou com esse sentimento abjeto e sempre lutou por uma sociedade inclusiva e que respeite as diferenças”. O jornalista ainda pede “desculpas a quem se sentiu ofendido, pois todos merecem o seu respeito”.
O texto não informa quem será o substituto de Waack no “Jornal da Globo”.
Leia abaixo o comunicado da Rede Globo na íntegra:
“Em relação ao vídeo que circulou na internet a partir do dia 8 de novembro de 2017, William Waack reitera que nem ali nem em nenhum outro momento de sua vida teve o objetivo de protagonizar ofensas raciais. Repudia de forma absoluta o racismo, nunca compactuou com esse sentimento abjeto e sempre lutou por uma sociedade inclusiva e que respeite as diferenças. Pede desculpas a quem se sentiu ofendido, pois todos merecem o seu respeito.
A TV GLOBO e o jornalista decidiram que o melhor caminho a seguir é o encerramento consensual do contrato de prestação de serviços que mantinham. A TV GLOBO reafirma seu repúdio ao racismo em todas as suas formas e manifestações. E reitera a excelência profissional de Waack e a imensa contribuição dele ao jornalismo da TV GLOBO e ao brasileiro. E a ele agradece os anos de colaboração”.
Entenda o caso
Um vídeo com o jornalista conversando nos bastidores, pouco antes de uma entrada ao vivo de Washington (EUA), na cobertura da vitória de Donald Trump na eleição presidencial, no ano passado, mostra o jornalista xingando um motorista que passa buzinando. “Está buzinando por quê, seu merd* do cacete?”
Depois, Waack diz claramente: “Deve ser um, com certeza, não vou nem falar de quem, eu sei quem é, sabe o que é?” O entrevistado, o jornalista e diretor do Wilson Center, Paulo Sotero, faz cara de dúvida.
A seguir, o âncora cochicha, mas não é possível identificar com clareza suas palavras. Internautas, que levaram o assunto aos “trending topics” do Twitter, afirmam que ele diz: “Preto, né? É coisa de preto com certeza”.
No mesmo dia que o vídeo vazou, em 8 de novembro, Waack não apresentou o “Jornal da Globo”. Renata Lo Prete, sua substituta oficial, assumiu a bancada do telejornal. Em comunicado, a Globo informou que afastou Waack de suas funções pelos comentários “ao que tudo indica, de cunho racista”.
“Waack afirma não se lembrar do que disse, já que o áudio não tem clareza, mas pede sinceras desculpas àqueles que se sentiram ultrajados pela situação”, diz a nota da emissora.
Autor do vídeo não divulgou antes por medo
Em entrevista ao colunista do UOL Maurício Stycer, Diego Rocha Pereira, que afirma ter gravado o vídeo que levou ao afastamento de William Waack, considera que não fez nada de errado e não teme nenhum tipo de reação ao seu gesto. “Não tô receoso. Quem cometeu o crime foi ele. Uma ofensa racial gratuita. Imagina se alguém te faz uma ofensa dessas no trabalho?”, pergunta.
Pereira trabalhou na Globo, em São Paulo, entre 2012 e 2017. Conta que deixou a empresa em janeiro, num corte de pessoal. A gravação foi feita em 8 de novembro de 2016. O jovem conta o porquê não divulgou o vídeo assim que o gravou. “Ia postar no You Tube, mas fiquei com medo de ser demitido e não postei. Depois perdi o vídeo e só o recuperei há alguns meses”, conta.
Pereira foi ajudado na divulgação do material pelo designer gráfico Robson Cordeiro Ramos.
Fonte: Redação
Créditos: Uol