Um salto de 39 mil seguidores no Instagram para quase um milhão em duas semanas. Tá passada? Esse Menino também ficou.
Criador do vídeo em que ironiza os diversos e-mails enviados pela Pfizer para o governo brasileiro, o roteirista e humorista conta que teve todas as reações possíveis ao ver que seu vídeo se tornou viral.
“Minha reação? Qual você quer? Tive todas, fiquei apavorado, fiquei com medo, fiquei feliz, me senti realizado, me senti em um certo momento foda, depois me senti, putz, uma fraude, depois me senti a gatinha, promessa do humor, depois me senti a que se acha…”, enumera Esse Menino ao G1. Sim, ele pede para ser chamado dessa forma e não revela o nome real.
“Senti tudo que eu pude sentir. Porque foi assim, apesar de ter sido um pulo, de certa forma, num número muito grande, ele veio parcelado. Primeiro bateu 100 mil, no outro dia 300 mil. Ontem bateu 800 mil. E aí, fico assim: ‘esse povo não vai parar, não, gente? Já tá bom! Não precisava de mais’.”
Mas quem é esse menino?
Nascido em Belo Horizonte, Minas Gerais, Esse Menino tem 25 anos e se considera de Teófilo Otoni, para onde se mudou com a família quando tinha sete anos.
Atualmente morando em BH novamente, ele conta que seu nome artístico surgiu da forma como sua avó o chamava.
“Minha vó me chamou assim a vida inteira. Eu achava que era um apelido, mas depois descobri que ela não sabia meu nome. Mas tudo certo, ela tem muito neto, realmente eu não vou pedir isso dela.”
“E aí, quando decidi que eu ia ter uma carreira, que ia trabalhar no meio artístico, ainda mais com comédia, queria muito trazer alguns elementos, como se fosse uma embalagem, pra eu estar no palco.”
“Achei que seria bom pra mim também, ter essa armadura, ter esse nome quase que de guerra.”
Esse Menino ingressou na faculdade de Cinema aos 19 anos, mas acabou largando o curso pela metade. Fã de Tatá Werneck (“fico besta com o tanto que ela é incrível, ligeira, desenvolta”), ele tem diversas outras inspirações no humor.
“Consigo beber de várias fontes. Tem a galera aqui do Brasil, tem [Luis] Lobianco, Pedroca Monteiro, o próprio Paulo Gustavo… Mas ao mesmo tempo consigo beber lá de fora, das drag queens de RuPaul, que tem várias que são hilárias e são comediantes antes de qualquer coisa. Tem também a galera antigaça que vem da Austrália, do Reino Unido, é muita gente.”
A armadura no nome já citada pelo humorista também serve para, de certa forma, a pessoa civil se desvincular da profissional em casos de ataques de haters, como tem acontecido bastante nos últimos dias.
“Uma das razões de eu ter escolhido essa capa é até pra isso, pra poder me distanciar um pouco também. E saber que eu não sou meu trabalho, não sou as coisas que coloco no mundo. É uma parte muito importante de mim, mas realmente sou uma pessoa inteira. Não nasci na hora que as pessoas me descobriram na internet.”
O humorista ainda explica que não é de hoje que recebe ataques em suas redes sociais.
“Como eu já trago minha opinião política nos meus textos há um tempo, falo sobre assuntos, nem sempre é só ‘uau, risadinha’. Sempre tento trazer alguma coisa a mais. Já recebia isso antes. Principalmente essa galera linda, que taí, negando a vida e tal. Então sempre tirei meio de letra.”
“Algumas pessoas não gostarem de mim também, de certa forma, é uma certa aprovação. Significa que de alguma forma meu trabalho chegou como tinha que chegar. Nem sempre é só pra rir. Também serve pra incomodar, causar uma reflexão.”
Publis pra dar e vender
Com o sucesso nas redes, o áudio do vídeo ganhou um remix feito pela DJ Las Bibas From Vizcaya. Além disso, Esse Menino assinou contrato com uma agência para filtrar as diversas propostas de trabalho que ele tem recebido.
Com tantas mudanças profissionais, sua forma mais low profile de postar na rede deve mudar. Antes, ele não exibia sua vida pessoal e postava vídeos profissionais uma vez por semana.
“Obviamente esse ritmo vai mudar porque existe uma demanda e agora tem mais publis. Então tem que saber dividir pra não deixar meu Instagram parecendo a Times Square de tanta propaganda.”
“Mas eu tô tentando ver como vou fazer, como é que vou encaixar, como vai ser esse ritmo. Deve mudar um pouco, mas também não devo virar outra pessoa, chegar amanhã com a cara toda harmonizada, falando: ‘gente, fiz uma lipo aqui, tudo de bom!’. Sabe assim? Entrar naquela onda da fama, onde tudo é produto. Realmente isso aí não vai rolar, não.”
E o que dizer do futuro?
O humorista está preparando um especial de humor, gravado por ele em maio, a ser lançado no YouTube:
“Chame de Deus, de eclipse, do que você quiser, mas o timing foi perfeito. Devo lançar ele mais para frente, é só terminar mesmo. E tentar ver as oportunidades que vêm. Eu quero fazer de um tudo em relação a comédia, em relação a roteiro, em relação a atuação. O que vier de série, filme, estou muito interessado.”
E se vier uma parceria com a empresa farmacêutica que inspirou a sátira, ele também não nega interesse. Mas afirma que, por enquanto, não recebeu nenhum contato.
“Eles estão fazendo a sonsa, não sei o que querem de mim, eles estão me ignorando. Daqui a pouco eu vou começar a mandar 10 mil e-mails”, brinca.
“E eu rachei o bico porque entrei na página da Pfizer americana e tá cheio de brasileiro lá falando ‘chama esse menino, contrata esse menino’. Falei: ‘gente, é isso, eu quero’. A hora que ela me quiser, vou querer também.”
Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba