VEJA VÍDEO: Casal pernambucano começa história de amor em ônibus e noiva chega de coletivo na festa de casamento

 

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O ônibus como princípio de tudo. Começo e meio de uma história de amor que vem dando certo até agora. Elisabeth Pontes, funcionária pública, hoje com 30 anos, e Eduardo Luna, analista de projetos, também com 30, se viram pela primeira vez na extinta linha Alto da Bondade-Joana Bezerra, da Empresa Caxangá. Eram universitários e, embora vizinhos de bairros da Zona Norte do Recife, foi no coletivo que se perceberam. Começaram a paquerar e namorar. Sete anos depois, casaram-se e, mais uma vez, lá estava o transporte público presente. O ensaio fotográfico do casal foi no coletivo que os uniu e o carro da noiva, utilizado no dia do casamento foi … advinhem? um ônibus, que levou não só a noiva, mas também os padrinhos até a igreja, no Espinheiro.

Por isso tudo, o ônibus não podia estar de fora de um momento tão simbólico na vida de um casal como o casamento. Inicialmente, a ideia era fazer apenas o ensaio fotográfico no coletivo. Depois, surgiu a proposta de utilizá-lo como carro da noiva. Beth e Dudu, como os dois são chamados, não queriam ser convencionais. Desde o começo queriam que o casamento tivesse o jeito, a cara deles. “E o ônibus não poderia ter ficado de fora. Faz parte da nossa história. Foi num ônibus que nos vimos pela primeira vez e onde namoramos por meses. Era no coletivo que nos encontrávamos para aproveitar o namoro nos dias de semana, sempre muito corridos para conciliar estudo e trabalho”, diz Elisabeth Pontes.

Recontar a história desse casal, tendo o ônibus como pano de fundo, é puro divertimento. E revelação. Mostra que, no caso do amor, as coisas só acontecem quando, de fato, têm que acontecer. Tanto Dudu como Beth tinham mais de cinco opções de linhas diferentes para pegar a partir da Avenida Agamenon Magalhães, que os levaria à Avenida Beberibe, na Zona Norte da capital. Ele morava em Água Fria e ela no Porto da Madeira. Mas naquela noite, pegaram a mesma linha, o mesmo ônibus e ficaram um ao lado do outro. O engraçado é ouvir a versão de cada um. “Na hora que a vi, pensei: essa eu pegava. Estava sentado e pedi a bolsa dela para segurar. Conversava com um amigo e ficava observando-a. Como ela desce antes de mim, entreguei a bolsa e aproveitei para dar uma piscada. Não sabia se a veria de novo”, conta Dudu.

“Eu nem percebi ele. Nem mesmo quando pediu minha bolsa. Só na hora em que ia descer, ao pegar a bolsa de volta, notei que ele deu uma piscadinha. Só naquele momento o vi de verdade e me diverti com a brincadeira”, admite Beth. Naquela mesma noite, Dudu confessa que foi para o Orkut (na época era a rede social dominante; no Brasil nem se falava em Facebook) à procura da gata do ônibus. “Consegui localizá-la graças à relação de amigos de uma colega do bairro. Eu fiquei com a impressão de que já a tinha visto antes e fui à procura até encontrá-la”, admite o analista de projetos.

Dois dias depois, Beth e Dudu voltavam a se encontrar no ônibus, dessa vez em uma outra linha. “Quando a via subindo me animei. Ela ficou distante, mas a chamei para perto e me ofereci para segurar a bolsa de novo. Por sorte, meu amigo desceu logo em seguida e ela sentou ao meu lado. Aí começamos a conversar e tudo começou”, diz Dudu. “Assim que subi no ônibus naquela noite o vi, sentado com o amigo. Mas disfarcei, achei que estaria dando muito mole se fosse para perto e, por isso, mantive distância. Mas ele me chamou e eu fui”, conta.

A decisão de fazer o ensaio no coletivo sempre esteve na mente do casal, principalmente de Elisabeth. Mas transformar um ônibus no carro da noiva foi algo que surgiu depois e que só virou realidade porque um amigo da faculdade, empresário de ônibus, ofereceu o veículo. “Quem nos conhece sabe da nossa história. Enfrentamos um pouco de dificuldade para fazer o ensaio e, por isso, nem pensamos em pedir o ônibus para ir até a igreja. Mas quando esse meu amigo viu o ensaio fotográfico perguntou se eu não queria. Disponibilizou não só o ônibus, mas também o motorista”, conta Elisabeth.

Imaginem a cena: uma noiva indo para a igreja de ônibus, junto com os padrinhos, numa cidade que prioriza o automóvel. “Foi uma sensação. No percurso para a igreja as pessoas ficavam encantadas quando percebiam que havia uma noiva dentro do ônibus. Muita gente me abordou ainda na subida. Foi muita alegria. Um sonho realizado”, resume a funcionária pública.

Jornal do Comércio