Para avaliar de maneira mais profunda a quantidade de dislike no comercial do Boticário com uma família inteiramente negra é preciso pensarmos na relação preço x valor x público alvo da marca x renda média do brasileiro levando-se em consideração a raça. Concomitantemente a isso, pensarmos também na média de brasileiros com acesso à Internet fazendo um recorte racial e não apenas de classe; para além de questões mais técnicas, como por exemplo, se os dislikes vêm de contas válidas, pessoas físicas, por assim dizer, ou de robôs – e, ainda, quantos dislikes por número de computador.
No mais, a quantidade de infelizes (termo mais correto) com o comercial expõe algumas coisas sobre o Brasil: 1) O Brasil é racista; 2) O Brasil é igualmente ou tão racista quanto os EUA ou a Europa; 3) O mito da democracia racial é válido apenas para sociólogos/antropólogos brancos racistas; 4) Os negros somam mais de 54% da população; 5) Uma única propaganda não define público alvo final de uma marca; 6) Parte do público do Boticário são brancos racistas; 7) Mesmo o Brasil sendo um país composto por uma maioria negra, os brancos, na sua maioria, não imaginam que os negros têm famílias, consomem e que não estão vivos para servi-los; 8 ) Mesmo com uma maioria negra, o Brasil é controlado por uma minoria branca, o que, por si só, já não representa uma democracia; 9) Negros felizes incomodam brancos racistas; 10) Racismo não é doença. Não humanizem o agressor.
Por fim, se brancos racistas estão incomodados, seja com o comercial, seja com “lugar de fala”, seja com exposição de racismo online etc, é porque nós, negros, estamos no caminho certo. Agora, além de igualdade, nós também queremos e exigimos justiça e paridade, em todos os sentidos – e é bom os incomodados saírem do caminho.
https://www.youtube.com/watch?v=Aa-wZefbriM
Fonte: Saulo Oliveira
Créditos: Saulo Oliveira