A cantora Roberta Miranda costuma arrancar risadas de seguidores com publicações em redes sociais, como esta no Twitter: “A polêmica com meu nome é porque um cara disse que bateu umas a noite toda por causa desta foto sensual”, disse ela, ao publicar uma selfie com um vestido preto com decote e transparências.
Aos 66 anos, a “rainha do sertanejo” se afasta da imagem sisuda que ganhou em mais de três décadas de carreira e assumiu a personalidade brincalhona, divulgando bastidores do seu dia a dia e fotos mostrando muita pele.
Roberta também tem sido mais aberta em relação a sua sexualidade. No ano passado, se declarou “trissexual”. “Agora já mudei, já estou ‘quatrossexual'”, brincou. “É muito nome, muita sigla agora, né?”, completou ela, relembrando seu namoro com uma travesti quando tinha 15 anos.
Na conversa, ela negou ter recebido convite para participar do “BBB23”, reality show da TV Globo que estreia em 16 de janeiro. “Tenho certeza de que seria estouro de audiência, mas não faria isso”, diz.
Roberta fala de tudo com a sinceridade e a leveza de quem se orgulha de quem é do que viveu. Mas calma, quase tudo: ela não fala de política. “Minha contribuição já dou, politicamente falando, através da minha canção, da minha postura, do meu legado”, diz. Só não se furtou de contar o que sentiu vergonha alheia ao ver colegas do sertanejo posarem com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Planalto, às vésperas do segundo turno.
Na entrevista, deu spoiler sobre o próximo lançamento: uma regravação de uma música de Marília Mendonça. Leia abaixo:
UNIVERSA: Você já disse que é “trissexual”. O que é isso?
Roberta Miranda: Agora já mudei, estou “quatrossexual”, estou além. É cada nome agora, né? Amar pela cabeça porque tem inteligência e, se não tiver isso, a pessoa não fica a fim de transar; aí outro que não sei o quê. É muito nome.
Quando tinha 15 anos namorei uma travesti. Foi uma paixão avassaladora. Eu era muito menina. Ele era artista. E aí depois namorei o Zezinho, depois o Luizinho, todos de São Miguel Paulista [bairro da zona leste de São Paulo].
As pessoas querem que eu confesse isso, que reconfesse aquilo. Não tenho que confessar. O que tenho que dizer é que quem come de tudo não passa vontade.
Você se identifica com a sigla LGBT?
Me identifico com todas elas. Vou do A ao Z, não tenho esse problema, mas isso é meu.
Minha vida é minha. Não carrego preconceito, o que importa é caráter. Por que bater no outro por ser homossexual ou transexual? O que será que você guarda dentro de si para ter tanta raiva do outro?
Vamos aplaudir quem, o hétero? Então ele pode bater na mulher, pode maltratar seu filho, pode não ter respeito, trair porque é heterossexual? Estou totalmente fora desse tipo de análise.
Você tem postado fotos nuas e brincado com sua sensualidade nas redes. Como é sua relação com o corpo?
Faço brincadeiras, mas é seminua, claro [risos]. Não passam de brincadeiras. Quando você chega no patamar que cheguei, acho bastante válido brincar um pouco, mostrar um lado mais leve.
Sempre me senti bem com meu corpo. Sempre parti do princípio de que se você me amar, vai ser pela pessoa que sou. Vejo amigas se matando, fazendo lipo e não sei o que mais, só pela estética e em prol do outro: pelo namorado, para que outras pessoas não critiquem, para o marido. Você tem que cuidar da sua estética por uma determinação de saúde, para se sentir bem com você mesma.
É bonito ter corpo bonito desde que você não coloque sua vida em risco e desde que não faça isso pelo outro. Nunca tive problema com isso. Nunca, nunca.
Já mandou uma nude para alguém?
Não precisa porque está aí [brinca com o fato de postar fotos nas redes sociais]. Recebo muito, mas mandar não, não.
Como tem exercido sua sexualidade após os 60? Mudou alguma coisa?
Depois de uma determinada idade, tudo muda. Mas as pessoas dizem que perdem a libido por causa da menopausa. Eu não. Não tenho nenhum tipo de problema.
Você sempre foi discreta com relação à sua orientação sexual e aos seus relacionamentos, mas tem se aberto um pouco mais sobre isso. Por quê?
Na verdade, já falo disso nos meus shows. Por exemplo, um dia desses, num show num navio, perguntei: “quem está apaixonada?”, e depois disse: “tenha cuidado porque a paixão é devastadora, a Roberta se fu…”. Posso estar citando uma experiência minha de 30 anos, 15 anos ou de um mês atrás. Mas todo mundo se apaixona.
Como é a Roberta Miranda nos relacionamentos?
Comecei a namorar cedo, com 13 anos eu já estava ali dando uns beijinhos –era escondido do meu pai porque ele era bravo. O Zezinho e Luizinho de São Miguel Paulista foram minhas primeiras paixões da vida. Mas perdi a comunicação com eles.
Tenho muito medo de paixão. Sou de pouquíssimos amores e paixões. Mas tento tirar alguma lição de tudo isso. É muito bom viver comigo porque sou uma pessoa que interajo. Gosto da minha casa, não sou de loucuras, sou muito carinhosa; mas claro que tenho os meus momentos de total solidão, em que faço a minha música, cuido do meu trabalho. Sou bastante regrada.
O que me faz desistir, mesmo amando, é a falta de respeito. Se em algum momento houver falta de respeito, o amor não aguenta. Já terminei por isso. Posso estar enlouquecida por você, mas o amor não suporta.
Foi realmente convidada para o “BBB23”? Participaria de um reality show?
Não. Meu nome foi jogado na internet falando sobre isso, e eu joguei para o meu público, que ficou louco. Muitas pessoas disseram “nunca assisti ao Big Brother, mas vou por você”. Muita, muita gente mesmo.
Mas, do fundo do coração, não tenho esse perfil. Não conseguiria. Primeiro porque odeio acordar cedo. Depois, morreria de fome. Faria, no máximo, ovo. Se tento fazer um arroz, é papa, aquele que você joga na parede e fica.
Sairia logo porque, na hora que um gajo começasse a tentar falar mais alto ou desse uma de gostoso, iria botar ele no lugar. Tenho certeza de que seria estouro de audiência, mas não faria isso.
Quais seus próximos projetos?
Quando fiz meu DVD comemorativo de 30 anos de carreira [em 2017], chamei a Marília Mendonça e as meninas do mundo sertanejo. Marília estava no início da carreira e foi muito lindo o nosso encontro. A gente já tinha uma ideia de fazer músicas juntas.
O público pediu tanto que acabei de gravar uma música para homenagear minha semente. É uma regravação que fiz para homenagear ela, tenho certeza de que ela amaria em vida que eu cantasse algo dela.
Fonte: Universa
Créditos: Universa