REENCONTRO

REENCONTRO - Após resgate menina levada pelo pai chega hoje a Recife - VEJA VÍDEO

Após 14 dias, mãe reencontra hoje filha levada pelo pai para o Amapá
O pai percorreu mais de 3,5 mil km e se hospedou com a filha no Rio Grande Norte, Ceará, Maranhão e Pará até chegar ao Amapá

Criança foi resgatada em segurança e deve ser entregue à mãe por volta do meio-dia desta segunda-feira

Os 14 dias de angústia vividos pela servidora pública Cláudia Cavalcanti, 42, terminam de fato hoje. Apesar de saber desde a noite do sábado que a filha Júlia Cavalcanti de Alencar, de um ano e dez meses, havia sido achada junto com o pai no estado do Amapá, o reencontro entre mãe e filha só acontecerá por volta das 12h25, quando o voo da criança chegará ao Recife. A criança e os policiais já estão estão em Brasília, onde o voo fez conexão.

Júlia e o pai, o engenheiro Janderson Rodrigo Salgado Alencar, 29, estavam na cidade de Santana quando foram localizados pela polícia amapaense. Desde que deixou Pernambuco, no dia 10, levando a menina e descumprindo a decisão judicial de devolvê-la à mãe às 18h, Janderson percorreu mais de 3,5 mil km e se hospedou com a filha no Rio Grande Norte, Ceará, Maranhão e Pará até chegar ao Amapá, de onde pretendia cruzar a fronteira e fugir para a Guiana Francesa – a 470 km de onde foram apanhados.

PAI PRESO

Segundo a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), pai e filha foram localizados em um imóvel alugado pelo engenheiro. Desde o início da semana passada, policiais da 9ª Delegacia de Homicídios de Olinda foram designados pelo chefe da PCPE, Antônio Barros, para localizar a criança. A equipe chefiada pela delegada Gleide Ângelo está com Júlia desde a manhã de ontem. Participaram da investigação a delegada Fabiana Ferreira Leandro e o chefe de investigação Raldney Júnior. “A delegada Gleide disse que só voltaria com a minha filha e ela vai cumprir o prometido. Já a delegada Fabiana falou que levaria brinquedos do filho dela para Júlia brincar quando estivessem retornando. Graças a Deus minha filha vai voltar para casa”, declarou Cláudia.

Com aparência abatida, a mãe de Júlia contou que não conseguiu dormir do sábado para o domingo após saber do paradeiro da menina. Nos 14 dias em que esteve sem notícias da única filha, precisou tomar remédios para descansar. “Minha vontade foi de pegar o primeiro avião e ir ao encontro dela. Estava vivendo à base de medicamentos para dormir e ter forças para resolver as coisas no dia seguinte. Não conseguia me alimentar direito e obtive licença do trabalho”, contou a servidora pública, que perdeu três quilos depois do desaparecimento da filha.

Júlia e o pai, o engenheiro Janderson Rodrigo Salgado Alencar, 29, estavam na cidade de Santana quando foram localizados. Foto: Cortesia
Júlia e o pai, o engenheiro Janderson Rodrigo Salgado Alencar, 29, estavam na cidade de Santana quando foram localizados. Foto: Cortesia

Janderson está preso por força de um mandado de prisão. Ele estava descumprindo a decisão judicial de entregar a menina à mãe e ainda havia um mandado de busca e apreensão itinerante da Justiça para que a criança fosse recolhida e entregue a uma unidade do conselho tutelar quando encontrada. Durante toda a manhã de ontem, Cláudia enviou a documentação para que a delegada pudesse pegar a criança no abrigo e providenciasse a viagem de volta ao Recife. “Ela está com um pouco de tosse e secreção, mas a delegada me tranquilizou e disse que Júlia estava bem. Estou feliz porque ela vai voltar. Só penso em abraçar minha filha”, ressaltou.

Antes de fugir com a filha, segundo a polícia, Janderson realizou um saque bancário no valor de R$ 400 mil, o que ajudou no deslocamento entre várias cidades. Para evitar ser encontrado por policiais federais ou rodoviários federais, o engenheiro costumava fretar táxis para se locomover. Na quarta-feira, policiais do Maranhão chegaram a encontrar vários pertences dele e de Júlia em um hotel em São Luís, mas eles haviam deixado o local momentos antes da abordagem. Uma corrente foi formada nas redes sociais para auxiliar na localização da criança e do seu pai.

Entrevista//Cláudia Cavalcanti

Onde você estava quando recebeu a informação de que sua filha havia sido encontrada?
Eu tinha acabado de voltar do centro espírita e estava na casa da minha mãe. Estávamos eu, ela, minha prima e uma amiga, todas ajoelhadas e fazendo uma prece para que Deus trouxesse minha filha para casa. Foi quando meu celular começou a tocar. Era a delegada Gleide Ângelo para dar a notícia.

Qual foi a sua primeira reação ao saber que Júlia estava bem?
A primeira coisa que eu pensei foi em pegar um avião e ir encontrar com ela. Eu tremi toda. Me tremi da cabeça aos pés. Cheguei a pedir a meu irmão para reservar uma passagem para ir ao Amapá, mas a delegada disse que traria minha filha. Meu medo era de que ele (Janderson) saísse do Brasil e eu não visse mais minha filha.

Você passou alguma orientação para as delegadas sobre os cuidados com Júlia e a alimentação?
Eu informei que ela toma leite pela manhã e gosta de lanchar frutas. Minha filha costuma almoçar direito. Ela come muito bem e gosta de comer de tudo. Só fiquei um pouco preocupada por ela estar tossindo, mas deve ser devido ao clima da região e às muitas horas de viagens que ela fez.

O que você pretende fazer assim que reencontrar sua filha?
O que eu quero agora é abraçar muito ela e dar muito aconchego. Graças a Deus, esse pesadelo acabou. Cheguei a pensar que não iria mais ver minha filha. Meu irmão passou uma semana sem ir trabalhar e minha família e meus amigos me ajudaram muito. Quero passar uns dias distante daqui, junto com meus parentes, para curtir a volta de Júlia

Você perdoaria Janderson por ele ter levado a filha de vocês para longe?
Eu gostaria que ele se arrependesse do que fez para um dia minha filha ter orgulho dele. Porque todo mundo erra. Quem não erra na vida? É uma coisa muito grave o que ele fez. Até a vida dela ele arriscou. Mas a gente precisa perdoar as pessoas. O perdão é divino e nos liberta.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=YPlXgyXsYN8
Créditos: DIÁRIO DE PERNAMBUCO