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RACISMO ALGORÍTIMO: após teste, influenciadora denuncia rede social

Influenciadora de vida saudável, poses de yoga, casa na praia, filhos e milhares de likes. Se diante desta descrição, você imaginou uma mulher branca, não é porque faltam blogueiras de outras etnias que se encaixem no perfil. A produtora de conteúdo Sá Ollebar, mulher negra, é um desses exemplos. Na semana anterior, ela denunciou o aumento de seu alcance em 6000% após publicar fotos de pessoas brancas em seu perfil no Instagram.

Influenciadora de vida saudável, poses de yoga, casa na praia, filhos e milhares de likes. Se diante desta descrição, você imaginou uma mulher branca, não é porque faltam blogueiras de outras etnias que se encaixem no perfil. A produtora de conteúdo Sá Ollebar, mulher negra, é um desses exemplos. Na semana anterior, ela denunciou o aumento de seu alcance em 6000% após publicar fotos de pessoas brancas em seu perfil no Instagram.

“Antes eu pensava que meus posts não apareciam porque eu não tinha a casa perfeita, a floresta perfeita e não morava na praia”, desabafou a criadora de conteúdo em sua rede social. “Hoje eu moro na praia, construí́ uma casa de quase 400m2, tenho mais de 600 plantas e adivinha? Não adianta!”

Para quem desconhece o termo “racismo algorítmico”, o desabafo da influenciadora pode parecer exagerado. No entanto, não é o que aponta Tarcizio Silva, autor da obra “Comunidades, Algoritmos e Ativismos Digitais: olhares afrodiaspóricos”. Para o pesquisador digital, o caso é um exemplo de como funciona a assimetria entre plataformas e usuários.

“Diariamente, centenas de milhões de pessoas produzem conteúdo e valor gratuitamente ou de modo precarizado para plataformas como Facebook, YouTube e Instagram – e não recebem informações minimamente aceitáveis sobre o funcionamento dos mecanismos de recomendação de conteúdo e ordenação de visibilidade’, aponta Tarcizio Silva, que também é doutorando em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC.

Em seu projeto, Silva levanta casos que demonstram os impactos da desigualdade racial nas plataformas digitais.Os exemplos vão de aplicativos de beleza que embranquecem as fotos dos usuários a buscas no Google pelo termo “mulher negra dando aula” que resultam em pornografia. No caso do Instagram, a plataforma utiliza do aprendizado de máquina para compreender as preferências do usuário e entregar conteúdo.