Em todas as fases da música popular brasileira, todas as manifestações culturais foram representadas e se legitimam
por retratar a nossa cultura na sua essência mais pura.
Desde que os europeus aqui chegaram, os verdadeiros donos da nossa terra já produziam música que erroneamente chamaram de primitiva. A evolução dos sons tribais trazidos da África miscigenado com nosso índio nativo.
Após a colonização, por volta de 1860 e 1970, foi a vez do movimento antropofágico onde a música tupiniquim se descobria como movimento nacional sem interferência europeias. Surgia nessa época, a erudição de Carlos Gomes e Villa Lobos, passando rapidamente da música primitiva, entrando no movimento popular diretamente para o movimento clássico. Na evolução da nossa musicalidade, surgia no início do século XX, o nosso frevo, chorinho e as marchinhas de carnaval na voz dos inesquecíveis Cartola e Chiquinha Gonzaga.
Na linha do tempo da nossa história musical, segue-se a Bossa Nova na década de 60 com influência do jazz americano. O tropicalismo nascia logo no início da década de 70, onde crescia também o movimento armorial do Mestre Ariano Suassuna. Na década de 80 considerada a era de ouro do rock nacional, a música de protesto sempre atual de grandes nomes como Legião Urbana, Paralamas do sucesso mostrava os sinais de uma época pos ditadura militar, sempre refletindo nosso povo e cultura. Renato Russo descreveu divinamente essa geração coca-cola, e eis que na década de 90 bebemos da fonte do punk rock e New Wave, e o Rock In Rio impulsionou de vez o rock nacional, crescia também nesse período o movimento sertanejo e o rap nacional.
O tempo passou e a geração Coca-cola deu lugar á geração fast-food, onde tudo deveria ser de rápida digestão e pouco questionamento, o movimento funk cresceu nessa época junto com o axé e agora vivemos em tempos de sociedade em rede que leva ao estrelato imediato artistas que não tem sequer as noções mínimas do que seria fazer música, independente do ritmo.
Não quero com esses pensamentos parecer esnobe, daqueles tipos que odeiam tipos de música com termos como forró de plástico ou coisas assim, pois acredito que todo e qualquer ritmo musical representa uma cultura e como tal dever ser valorizada. Sou fã declarada de cantores que vão de Leo Magalhães à Caetano Veloso, Amado Batista à Nando Reis, Anitta e Zaz. A questão aqui é toda a avalanche de lixo que nos chegam e as consumimos sem pensar que esse lixo nos representa.
Me lembro da minha infância e quais músicas as crianças ouviam, (Clara Nunes, Eliz regina e Caetanos estavam sempre no toca discos da minha casa) fui criada ouvindo todo tipo de música, pois como filha de radialista, isso era normal pra mim, mas as crianças que conheci ouviam, músicas de criança e as rádios tocavam música de qualidade.
Hoje não digo que chegamos ao fundo do poço, pois sempre existem pessoas que conseguem cava mais um pouco, não quero com isso dizer que nossa música não produz grandes nomes rodos os dias, mas o que friso aqui é como a grande mídia os trata. Nosso exemplo maior está na conterrânea Lucy Alvez e Luan estilizado, e a forma deprimente em que foram descartados pela emissora voraz na audiência e pouco afeita a alavancar carreiras tão regionais.
Termino aqui o desabafo deixando-os com a pérola da Mc Mayara, paranaense que com o pretexto de debochar dos preconceitos, ilustra maravilhosamente a que ponto chegamos, e infelizmente vai piorar:
Veja o vídeo clipe e tire as crianças da sala, o show de horrores vai começar.
https://www.youtube.com/watch?t=219&v=3FcoUHVDRqY
Alana Beltrão