Polícia Federal – A Lei É Para Todos, é o título do filme sobre a Operação Lava Jato. Desde que foi anunciada a data da estreia nacional, ando me perguntando: Por que exatamente no 7 de setembro, o feriado da Independência?
Para mim, a escolha remete a um episódio de ufanismo de um tempo muito ruim. 7 de setembro de 1972. Estávamos no ano do sesquicentenário da Independência. Vivíamos no governo Médici, o período mais obscuro da ditadura militar iniciada em 1964. Naquele feriado, os cinemas de todo o país começaram a exibir Independência ou Morte, que tinha Tarcísio Meira no papel de Dom Pedro II. Enxergo de longe que o filme em si não era tão ruim quanto o momento histórico ao qual estava vinculado. Mas ficou em nossa memória como um dos símbolos do Brasil ufanista do “ame-o ou deixe-o”.
Inevitável que a estreia de Polícia Federal – A Lei É Para Todos no 7 de setembro de 2017 me traga a lembrança da estreia de Independência ou Morte no remoto 7 de setembro de 1972.
Filmes diferentes, tempos distintos, é bem verdade. Mas o fato é que esse lançamento, em muito do que o cerca, contém algo que não combina com o modelo estável de democracia que desejamos. Como Independência ou Morte também continha.
O que será?
Prefiro lembrar de um outro filme que vi num feriado da Independência.
No 7 de setembro de 1984, ano de grandes esperanças, do Brasil que testemunhava os estertores da ditadura, fui ao velho Cine Municipal ver Memórias do Cárcere. Era Graciliano Ramos segundo Nelson Pereira dos Santos.
Créditos: Sílvio Osias