O futebol proporciona muitas alegrias para os torcedores, ganhar aquela taça tão cobiçada, vencer o grande rival de goleada ou de virada são algumas delas. E o jornalista Eduardo Galeano, já dizia, “durante a vida um homem pode trocar de esposa, de partidos políticos, de religião, mas nunca de time de futebol”. E quando o amor ao clube vira fanatismo? E quando o fanatismo vira agressões, violência? É o que temos visto atualmente com torcidas organizadas.
Devemos de início deixar claro que atos de vandalismo, ataques, e até atos criminosos são atitudes de alguns integrantes de algumas torcidas organizadas num país, não de todo um grupo.
E o foco do assunto hoje é o contexto social que envolve essa questão de violência no futebol e briga entre torcedores. Para trazer alguns detalhes sobre esse contexto o sociólogo Maurício Murad, doutor em sociologia do desporto, diz que o cenário geral de violência no Brasil é grande e isso reflete no futebol:
“Há várias explicações conjugadas para que a gente possa entender esse horror que é a violência no futebol. A primeira delas é uma razão macrossociológica o Brasil é um país muito violento, as práticas de violência no brasil são muito intensas, recentemente a ONU publicou uma pesquisa em mais de 150 países que indicou o ambiente da escola brasileira como o ambiente mais violento do mundo em escolas. Nós temos um índice de homicídio altíssimo, são quase 60 mil por ano, nós temos o trânsito que hoje é o segundo ou o terceiro mais violento do mundo, somos os campeões mundiais de mortes por conflitos de torcidas organizadas, então veja que o cenário geral da violência no Brasil é muito grande, e isso se manifesta em vários campos específicos, como a violência doméstica, a pedofília, violência contra gays e também a violência no futebol.”
Já o promotor de justiça em São Paulo, Paulo Castilho, lembra da criação das torcidas organizadas no Brasil, o promotor afirma que eles vem se desvirtuando de suas funções ao se envolverem em confrontos violentos:
” Tenho me dedicado ao tema há mais de dez anos, tenho tido um contato direto e estreito com as torcidas de São Paulo e do Brasil. É importante frisar que a torcida organizada foi criada a 40 anos atrás com o propósito romântico de apoiar, torcer, fazer festa na arquibancada para o seu time, mas infelizmente nesses últimos anos elas desvirtuaram da sua função precípua, de maneira em que eles estão totalmente voltados para o confronto e a violência. Falo isso porque os símbolos que eles usam são de violência, quando eles têm oportunidade no trajeto que eles param, eles saqueiam esses locais, eles confrontam as torcidas adversárias, eles brigam, matam, e no trajeto eles depredam o patrimônio alheio.”
Créditos: Polêmica Paraíba com Rádio Justiça