Em pleno século 21, o orgasmo feminino ainda é tabu, e muitas mulheres não se permitem ou não conseguem chegar a atingi-lo com o parceiro. Mas, como saber se eu tive um orgasmo? O ponto G existe? É normal fazer xixi durante o sexo?
Abaixo, confira a resposta para algumas perguntas sobre o orgasmo feminino:
- O estímulo anal pode ser prazeroso para a mulher?
- Existe uma maneira correta de se masturbar – ou, no caso da relação sexual, de estimular a mulher – para atingir o orgasmo?
- A gravidez intensifica os orgasmos?
- Anticoncepcional hormonal afeta a capacidade de ter orgasmo?
- Orgasmos múltiplos: o que são?
- Anorgasmia: o que é?
- É normal fazer xixi ao ter um orgasmo?
- Mulher tem ejaculação?
- Ponto G: existe de verdade ou é mito?
- Orgasmo vaginal existe?
- O orgasmo da mulher é mais intenso que o dos homens?
- Como eu sei se eu atingi o orgasmo?
- Orgasmo pode dar dor de cabeça?
- Quais os benefícios para a saúde?
- O que é um orgasmo?
Veja abaixo as respostas:
1) O que é o orgasmo?
Um orgasmo é o pico da excitação sexual – quando todos os músculos que foram contraídos durante a excitação sexual relaxam, conforme explica a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da USP e fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC-FMUSP).
“O orgasmo é uma fase do ciclo de resposta sexual onde acontece uma descarga de tensão – e um prazer muito característico acompanha essa descarga de tensão”, explica a psiquiatra Carmita Abdo.
Além do relaxamento, o orgasmo promove a liberação de substâncias como as endorfinas e a dopamina.
“As endorfinas dão uma sensação de mais energia, de mais conforto, enquanto que a dopamina dá uma sensação de recompensa – você percebe que valeu a pena aquela atividade”, explica Abdo.
2) Quais os benefícios para a saúde?
“É um momento em que a tensão que foi acumulada ao longo do ato sexual se desfaz – e esse relaxamento oferece uma sensação de bem-estar e uma oxigenação dos tecidos do corpo. Não só da parte genital, mas de todo o organismo, porque, uma vez relaxada, a pessoa acaba se sentindo mais confortável para respirar, para a circulação fluir de forma mais homogênea e mais intensa”, explica Carmita Abdo.
Um orgasmo é o pico da excitação sexual – quando todos os músculos que foram contraídos durante a excitação sexual relaxam, conforme explica a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da USP e fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC-FMUSP).
“O orgasmo é uma fase do ciclo de resposta sexual onde acontece uma descarga de tensão – e um prazer muito característico acompanha essa descarga de tensão”, explica a psiquiatra Carmita Abdo.
Além do relaxamento, o orgasmo promove a liberação de substâncias como as endorfinas e a dopamina.
“As endorfinas dão uma sensação de mais energia, de mais conforto, enquanto que a dopamina dá uma sensação de recompensa – você percebe que valeu a pena aquela atividade”, explica Abdo.
2) Quais os benefícios para a saúde?
“É um momento em que a tensão que foi acumulada ao longo do ato sexual se desfaz – e esse relaxamento oferece uma sensação de bem-estar e uma oxigenação dos tecidos do corpo. Não só da parte genital, mas de todo o organismo, porque, uma vez relaxada, a pessoa acaba se sentindo mais confortável para respirar, para a circulação fluir de forma mais homogênea e mais intensa”, explica Carmita Abdo.
3) Orgasmo pode dar dor de cabeça?
É possível, diz a psiquiatra.
“É uma sensação que tem a ver, provavelmente, com mudanças que o organismo passa durante essa fase”, explica Abdo.
“Muitas pessoas referem que o orgasmo dá essa sensação e pode ser, inclusive, uma sensação que é bem passível de ser avaliada e tratada. Não é algo tão comum – não é uma sensação regular, frequente, habitual, mas que pode acontecer em alguns casos. Não se tem ainda uma causa definida para essa sensação, mas ela pode ser contornada através de acompanhamento – que pode ser desde um acompanhamento psicoterápico ou às vezes a pessoa vai precisar mesmo de uma medicação”, afirma.
4) Como eu sei se eu atingi o orgasmo?
A terapeuta sexual e doula de parto Juliana Thaísa explica que a dúvida sobre já ter tido ou não um orgasmo alguma vez é muito comum entre as mulheres que atende. Um dos atendimentos que ela faz é a terapia corporal – com o objetivo de que as mulheres descubram várias coisas sobre o seu próprio corpo, inclusive seu potencial de ter um orgasmo.
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Ela descreve a sensação:
“A musculatura vaginal começa a contrair e pulsar – a vagina fica ainda mais lubrificada. O abdômen tende a tensionar, contrair, [você] sente uma coisa quente subindo no corpo. Os batimentos ficam mais acelerados, a respiração fica mais acelerada”, diz.
“Aí parece que vem vindo tudo junto: aquela tensão, a respiração e os batimentos cardíacos vão aumentando, e aí quando você chega no momento da descarga libidinal, é como se fosse soltando – solta a respiração, vai soltando a contração do abdômen, relaxando as pernas – é como se chegasse num nível de esforço e depois relaxasse. É basicamente essas percepções físicas que a gente consegue identificar”, completa Juliana Thaísa.
Mas ela faz algumas ressalvas:
“Quando a gente fala da sensação do orgasmo, é muito complexo, porque a gente tem uma referência de que o prazer é muito genitalizado – e falocêntrico. E o prazer gira em torno da penetração quando a gente fala de relações héteros. Vindo da referência da pornografia, a gente vai aprendendo que sentir prazer é aquilo ali”, pontua.
“Tem muito a coisa da penetração, mas a gente esquece que o nosso playground, das pessoas com vulva, é o clitóris, não é o canal vaginal – embora muitas mulheres sintam o orgasmo com o estímulo vaginal, o nosso maior ponto de sensibilidade é o clitóris”, lembra a terapeuta.
Em entrevista ao podcast “Prazer, Renata”, a médica ginecologista e ex-BBB Marcela McGowan descreve o momento, do ponto de vista fisiológico, de forma semelhante ao da terapeuta sexual:
“Você vai sentindo um acúmulo de tensão ali no corpo seguido de uma sensação de relaxamento. Isso é marcante em todo mundo. Você sente que vai acumulando uma tensão, uma excitação, e depois chega num pico e sente uma sensação de relaxamento no corpo todo. Em geral é isso o que marca a percepção do orgasmo para as mulheres”, diz.
Ela comenta, ainda, que o orgasmo não precisa ser algo “surreal”:
“Acho que o mais marcante é você sentir que sobe uma sensação e depois ela alivia, ela descansa. Nem todos são super intensos, nem todos têm um ápice muito grande, mas você percebe essa diferença. E aí cada pessoa sente uma coisa. Tem gente que sente contração no pé da barriga, tem gente que sente escorrer algum tipo de líquido, mas aí é muito, muito pessoal. Eu diria que essa sensação de estar acumulando e relaxando é a mais marcante”, afirma Marcela.
Para a psiquiatra Carmita Abdo, uma dica que pode ajudar a entender se o orgasmo foi atingido ou não é prestar atenção em se há necessidade de continuar o ato sexual:
“Como o orgasmo dá uma satisfação bastante plena, a necessidade de dar sequência ao ato sexual se esvai. A mulher sente que já chegou ao final daquele ato. Essa é uma possibilidade de se avaliar se o orgasmo foi atingido ou não – porque, uma vez atingido o orgasmo, há necessidade de um descanso, de um relaxamento, até a possibilidade de uma nova estimulação, um novo início de ato sexual”, comenta.
5) O orgasmo da mulher é mais intenso que o dos homens?
Não necessariamente.
“O orgasmo pode ser intenso, menos intenso, variar de intensidade, de homem pra homem, de mulher pra mulher, depende. Até de relação pra relação. Às vezes, em um determinado relacionamento, em uma determinada ocasião, o orgasmo é muito intenso, porque a pessoa está mais concentrada, mais estimulada, e em outra situação pode não haver orgasmo tão intenso – na mesma parceria, por exemplo”, diz Abdo.
Juliana Thaísa, terapeuta sexual, lembra, entretanto, que as mulheres têm o dobro de terminações nervosas no clitóris do que os homens têm na cabeça do pênis (a glande):
“A glande do clitóris tem em torno 8 mil terminações nervosas. A do pênis tem a metade: 4 mil. Quando a gente fala de sensibilidade nesses dois lugares, que são os lugares mais sensíveis, as mulheres são muito mais sensíveis. Se receberem o devido estímulo, aquele orgasmo pode ser muito mais intenso”, explica.
6) Orgasmo vaginal existe?
Há divergências.
Em entrevista ao podcast, Marcela explica que é muito difícil uma mulher ter um orgasmo apenas com o movimento de penetração, por causa da anatomia da vulva – a parte externa do órgão sexual feminino.
“Até se estuda que é muito possível que elas [as mulheres que têm orgasmo com penetração] tenham as enervações do clitóris mais próximo da entrada da vagina, então seja mais fácil para elas estimular durante a penetração – a própria fricção da penetração estimularia essas terminações. Mas é muito importante as mulheres saberem tirar esse peso, porque é um peso social também: “nossa, preciso gozar na penetração'”, lembra.
Por outro lado, Juliana Thaísa afirma que é possível – por causa do chamado “ponto G” (veja detalhes na pergunta 7).
“Se você está estimulando o ponto G, ele fica bem na entrada do canal vaginal. Então eu posso falar ‘eu tive um orgasmo com um estímulo no ponto G’, ou ‘eu tive um orgasmo com um estímulo vaginal’. E, aí, lá dentro do canal vaginal, quase chegando bem perto do colo do útero, tem um lugarzinho chamado ponto A, e que explica também como que às vezes algumas mulheres sentem muito prazer na penetração”, explica. “Para definir um orgasmo, tem muitas coisas que precisam ser analisadas”, diz.
Já Carmita Abdo defende que não existem “categorias” de orgasmos – e sim apenas um orgasmo, provocado por tipos diferentes de estímulo.
“A gente não fala em orgasmo vaginal, orgasmo clitoridiano. O mais correto é você dizer orgasmo com estímulo intravaginal, orgasmo com estímulo clitoridiano. O orgasmo é um só – apenas o que varia é o local em que a estimulação se dá”, afirma.
7) Ponto G: existe de verdade ou é mito?
Cientificamente falando, não há consenso, explica Carmita Abdo.
“Não é algo já comprovado, que já tem uma definição. Os especialistas se dividem quanto a essa questão. Até hoje, é um assunto controverso. Muitos acreditam que ele existe, outros negam a sua existência. Na verdade, ele corresponderia a uma confluência de enervação da parte interna [da vagina] que refletiria exatamente naquele ponto que fica na parte anterior, no ponto mais externo”, explica.
Juliana Thaísa defende que essa parte do corpo existe e a descreve como uma região muito sensível que fica na entrada do canal vaginal.
“Para achar o ponto G, você tem que introduzir no máximo só a metade do dedo, e ficar bem ali na parte de cima da entrada do canal vaginal. É como se você fosse fazer o sinal de ‘vem cá’ com o dedo, tipo chamando alguém com o dedinho. Esse é meio que o movimento que ajuda a estimular essa região e encontrar”, explica.
Mas, atenção: o ponto G “não é um interruptor de lâmpada, que se aperta para ligar ou desligar”, explica Edson Ferreira, ginecologista do Hospital das Clínicas da USP e professor da pós-graduação em ginecologia endócrina do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
“O prazer oriundo da relação sexual não depende exclusivamente dele, mas sim de um contexto em que haja conexão, confiança, multiplicidade de estímulos – sonoros, táteis, olfativos. Cobranças por performance e buscas incessantes pelo ponto G podem reduzir a espontaneidade do encontro sexual, que é base para a obtenção do prazer”, enfatiza.
8) Mulher tem ejaculação?
A ciência ainda não chegou a uma conclusão, explicam os especialistas ouvidos pelo g1.
Isso porque, quando a mulher tem um orgasmo, ela pode liberar um líquido das chamadas glândulas de Skeene, que ficam ao lado da uretra.
“Há uma suposição de que essa glândula seria capaz de liberar um líquido esbranquiçado ou até transparente, que estaria representando uma ejaculação feminina. Mas por que algumas mulheres têm e outras não têm essa ejaculação, já que todas têm essa glândula?”, questiona Carmita Abdo.
Já o ginecologista Edson Ferreira avalia que as mulheres podem, sim, ejacular – apesar de reconhecer que a resposta para essa pergunta é “controversa” na literatura médica.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba