Embora esteja prestes a completar 21 anos, Apollo Costa passou muito tempo ouvindo “não” em testes até conseguir se tornar um dos protagonistas de Z4, série infantojuvenil que o SBT lança neste mês. A reprovação vinha sempre com os mesmos motivos: o sotaque paraibano e os traços indígenas. “Sempre que eu abria a boca para falar, empacava”, diz.
Apollo deixou João Pessoa (PB) aos 12 anos e se mudou com os pais para o Rio de Janeiro com o objetivo de apostar em suas habilidades como ator e como cantor. Em sua cidade natal, ele havia participado de diversas peças de teatro e chegou a trabalhar em um programa de TV local, mas só quando chegou na Cidade Maravilhosa é que se deu conta da dificuldade que teria para conseguir trabalho.
“A chegada no Rio foi muito difícil por conta do meu sotaque. Eu tinha ido fazer um teste para um longa, o De Pernas pro Ar (2010), só que era impossível. Era para ser o filho da Ingrid Guimarães. Imagine eu, com um sotaque daquele, e eu precisava perder de qualquer maneira. E todos os testes que eu fazia me diziam a mesma coisa. Tinha que mudar o meu sotaque”, lembra.
Na escola, o bullying foi inevitável. “Eu era muito baixinho, nordestino, tinha ‘cara de índio’ e era nerd”, conta. Mas, antes mesmo de se mudarem para o Rio, seus pais já haviam antecipado sobre as dificuldades que enfrentariam.
“Na época, a minha cabeça não estava pensando tanto na rejeição porque meus pais sempre me preparavam. O eixo de TV e cinema é muito Rio e São Paulo. Para o que eu estava procurando a gente precisava ir para o Rio, mas a gente sabia que isso ia, querendo ou não, ter algum impasse por conta do meu sotaque”, comenta.
Apollo não buscou ajuda de fonoaudiólogos para perder o sotaque. A convivência com os novos amigos feitos no Rio e os pequenos trabalhos que realizou até chegar na TV o fizeram a aprender o “carioquês”.
“Eu fazia peças de teatro, mesmo que pequenas, mas eu trabalhava, não ficava fazendo testes durante meses sem passar em nada e sem trabalhar. Acho que seria a pior coisa eu ficar sem trabalhar”, lembra.
A questão do sotaque foi superada quando conquistou um papel fixo na novela teen Gaby Estrella, que teve três temporadas no Gloob, interpretando o caipira Marco.
“Antes disso eu havia feito um musical no teatro por dois anos, chamado A Arca dos Bichos. E nele eu tinha muito texto falado. E como a maioria das peças que fiz no Rio eram musicais, essa questão do sotaque foi esmaecendo aos poucos. E quando eu consegui o papel em Gaby Estrella, meu sotaque estava mais aceitável. Não estava tão carioca, mas também não tão nordestino”, diz.
Protagonista
Para conseguir o papel do jovem Enzo em Z4, Apollo enfrentou uma bateria de testes e o processo, como suas antigas tentativas de conquistar um trabalho na TV, foi bastante dramático.
“Eu havia acabado de assinar um contrato com a Disney para ser o apresentador do Show do Mickey Mouse, que ficou um mês em cartaz em Porto Alegre, quando enviei meu material para a seleção de Z4. E os testes começaram na mesma semana em que estreei o show no Sul. As apresentações eram de terça a domingo e eu tinha apenas as segundas-feiras livres. Foi tudo muito maluco”, diz.
O ator conta que viajava todas as semanas para São Paulo e, quando não conseguia comparecer, enviava seus testes em vídeo por WhatsApp.
“Me pediram um vídeo tocando violão, e eu não tinha violão lá em Porto Alegre e não conhecia ninguém que tivesse. Aí entramos numa loja de instrumentos, eu e uma amiga, na cara de pau, inventamos uma história maluca, falando que minha mãe queria que eu comprasse um violão e que eu precisava gravar um vídeo para ela assistir no Rio de Janeiro. Toquei, cantei, dei uma desculpa e fui embora”, lembra, aos risos.
Aprovado para o papel de Enzo, ele contracenará com a veterana Patrícia de Sabrit, que será sua mãe na novela. “O principal drama dele é em relação à família, que quer que ele invista em música clássica, mas ele é apaixonado por música pop”, comenta.
Z4 é uma coprodução entre o SBT, a Disney e a Formata Produções e tem estreia prevista para 25 de julho, no SBT.
Fonte: UOL
Créditos: UOL